sábado, agosto 30, 2003

O JORNAL FAVORITO DO VERANEANTE: Chego à praia sem toalha. Felizmente, alguém tinha comprado o Expresso.
FMS
- Era mais um Jameson se faz favor, Sr. Albino...

Com tantos e tantas jornalistas a escreverem blogues, o ponto de encontro da blosgosfera vai deixar de ser a fnac do Chiado e passar a encontrar-se à mesa do Snob.

DBH

quinta-feira, agosto 28, 2003

O RELEITOR FORÇADO

Percebi agora porque razão o FN afirma ser"forçado a ler e reler O quinto dos impérios": à primeira não acerta com quem assina os posts.

Segundo o nosso confuso aprendiz, por cá vamos "fazendo e refazendo a história recente de Portugal com inegável imaginação". Agradecemos reconhecidos.

De certeza que o FN reconhecerá que se trata de um esforço criativo consideravelmente maior do que o usado no País Relativo. De facto, refazer a História é sempre mais complicado do que apagá-la, fingindo que nunca aconteceu.

Ainda assim, tranquilizo-o. Não temos imaginação suficiente para infligir à História de Portugal um entorse parecido com o protagonizado pela esquerda folclórica do pós 25 de Abril.

De comum com o Carlos Pinto Coelho - lamento desiludir o esforçado e recorrente (re)leitor - apenas tenho o gosto pela língua portuguesa. Estufada ou de fricassé.

JV

quarta-feira, agosto 27, 2003

NUNCA MAIS DIGO MAL DO GUTERRES: As coisas que um gajo faz quando tem que estudar. Ontem a minha pobre existência conheceu um dia histórico. Recuperei o vinil do Nowhere dos Ride, um exemplar da primeira edição comprada em Portobello Road, que se encontrava alojado atrás de um móvel da sala da Barra desde o Verão de 1997. Durante seis anos fui adiando os trabalhos de remoção do disco, preso pelas grilhetas da preguiça e do laxismo. Não me queixo. Foram seis anos de doce languidez e letargia, imprimindo pouca inovação à rotina cama-praia-banho-jantar-noite de que tanto gosto. Seis aninhos de dolce fare niente. Viva o PS!
FMS
A MADRINHA: Para além de extremamente simpática, a Maria José Oliveira revelou um irrepreensível bom-gosto ao transcrever um excerto de um post aqui do escriba na Gazeta dos Blogues do Público de ontem. Isto depois do especial de há umas semanas atrás, de sua autoria, em que o "No Quinto dos Impérios" surgia em destaque. Cara Maria José, se um dia destes receber um ramo de flores de origem desconhecida aí na redação, já pode imaginar quem foi.
CARO FILIPE NUNES:

1. Obrigado pela amável referência ao "No Quinto dos Impérios", um blog que, "quando um dia se fizer a história da blogosfera", "será muito mais que uma nota de rodapé".

2. Se gosta assim tanto do nosso estaminé, por que razão (ou por quem) se vê "forçado a ler e reler"-nos?

3. Quem regressou de «um gostoso exílio da infoexclusão pátria» foi o JV. Eu mantive-me moderadamente agarrado à máquina.

4. Tem razão quando diz que a governção da primeira AD não foi assim tão calma. Mas os seus argumentos não refutam o nervo da minha tese. Já então o PS tinha revelado uma especial obsessão pelo segundo partido no poder, quando o seu papel - pelo menos aquele que os seus militantes esperavam - era o de fazer uma oposição fundamentada e alicerçada em propostas alternativas ao Governo como um todo. O que, como é óbvio, implica a interpelação directa do Primeiro-Ministro, seu responsável cimeiro. Ou seja: é certo que os dias da primeira AD não chegaram ao fim quando era suposto chegarem, mas isso ficou a dever-se a tudo menos ao PS, sempre em delírio com teorias de conspirações e perseguições engendradas por tenebrosos fascistas. A não ser que o PS de então contasse com bombistas nas suas fileiras. Não é de crer, pois não?

5. A propósito da última investida do Dr. Ferro (e já que o Filipe me está a ler) , aproveito para lhe pedir que me ilucide sobre a seguinte questão: como é que se pode ser "neoliberal" e "neofascista" ao mesmo tempo? Se me conseguir explicar, dou-lhe um rebuçado.

6. Continue a ler-nos. Um abraço.

FMS

segunda-feira, agosto 25, 2003

ESTRATÉGIAS À GOMES DE LÁ

Hermínio Santos explica porque é que o espevitamento socialista não cola.

JV

TULIUS DETRITUS

Excelente análise de João Cândido da Silva à actuação de um zaragateiro conhecido.

JV

domingo, agosto 24, 2003

OLHE, PAI SOARES, SEI OU NÃO SEI SER COMO O LOUÇÃ?

Já no ano passado, o Dr. Ferro Rodrigues tinha caído na armadilha, ao apontar as baterias do maior partido da oposição - o seu, por sinal - contra o mais pequeno partido da coligação governamental. Foi um erro estratégico colossal que tinha sido já cometido contra a AD de 1980 e que, então como agora, resultou numa governação em mar calmo, pouco ou nada incomodada por uma oposição acintosa, ressabiada e mais preocupada em atacar o carácter dos ministros do que em propôr um programa alternativo.

Em Agosto de 2002, o PS vivia ainda na ilusão de fazer desaparecer o Dr. Portas pela porta do caso Moderna, escândalo que, como se viu, revelou mais o modo histérico e senil com que a tralha socialista faz política do que uma qualquer inaptidão do Ministro da Defesa para as funções que exerce.

Falhada a invectiva, este ano havia que lançar ataque mais cerrado. Foi isso que o Dr. Ferro fez ontem em Portimão, com o sangue a fervilhar-lhe nas veias e de espuma raivosa alojada nos cantos da boca. Basta ler as mais recentes diatribes dos nossos amigos relativos para percebermos que a esquerda não ataca a substância das políticas nem a forma de as levar à prática, preferindo sempre disparar na direcção do carácter tenebroso e dos tiques antidemocráticos da direita. Ontem, o Dr Ferro repetiu a dose, de forma tão grotesca e ordinária que até fez corar o Dr. Louçã. Referindo-se às fotografias que mostraram o Dr. Portas a comungar e a rezar, ajoelhado, na homenagem de Estado a Maggiolo Gouveia, e delas se servindo para ilustrar o seu delírio, o nosso Eduardo alertou a Cristandade para o perigo da direita "nacionalista", "neofascista" e "serôdia" que nos governa.

Ou seja: não tendo nada de alternativo para oferecer aos portugueses (alternativo, no líder do PS, só mesmo os estilos de vida que gosta de apregoar), nem uma proposta para retirar Portugal do atoleiro em que se encontra, prefere o Dr. Ferro o caminho do insulto soez e profundamente ignorante, zombando da mais profunda fé que só à consciência de cada um diz respeito. O Dr. Portas, para além de membro do Governo, é um conhecido católico. Logo, encontrando-se em plena celebração da sua religião, decidiu nela participar com todos os rituais a que se habituou. Não é decerto culpa dele que os habituais abutres de máquina fotográfica em punho resolvessem procurar a imagem perfeita, como que de uma espécie rara se tratasse, para a zombaria nacional.

Para além de uma facada nas costas dos muitos socialistas católicos que em si votaram (e eu conheço pessoalmente alguns milhares) e de recentes dirigentes e ministros do PS (será assim tão difícil lembrar Guterres ou Oliveira Martins?), as palavras do Dr. Ferro senti-as igualmente de forma individual. Por carregar uma cruz ao peito, por falar com Deus e por pedir à minha avó, a pessoa de quem mais gostei a seguir a pais e irmã, desaparecida em 1998, que interceda por mim lá em cima, sou irremediavelmente um serôdio.

Já aqui aconselhei o Pai Soares a criar un blogue, sítio ideal para rajadas deste tipo. Ferro Rodrigues devia fazer o mesmo. Em que outra instância ou local poderia eu dizer que o Eduardo, do alto da sua ética republicana e do seu moralismo bacoco, é um jacobino ressabiado, um fascizóide controlador da consciência alheia, um covardolas que pontapeia os testículos do adversário e, pelo menos enquanto não conseguir conjugar gravata-cinto-calças-sapatos, a última pessoa a poder falar dos serôdios?

Deus o perdoe. Como nós temos perdoado a quem nos tem ofendido. E, se não for pedir muito, que o guarde à frente do PS.

FMS
OBRIGADINHO, PÁ!

Tendo voltado ontem do gostoso exílio da infoexclusão pátria agradeço, penhoradamente, ao amigo, companheiro, camarada, FA pela denodada defesa deste nosso reduto, tão desguarnecido durante a época estival. Obrigadinho, pá!

Da primeira vista de olhos por este nosso quintal, deu para perceber que os relativos do costume tinham a (dita) descolonização acondicionada num bauzinho e a queriam muda e queda, pelo menos até ao fenecimento de alguns dos mais destacados responsáveis pelo memorável evento.

Sem ter lido as suas alegações, é, no entanto, claro que chamar baú a uma caixa de Pandora da dimensão desse episódio histórico (que a todos honra) é um tragicómico eufemismo. Bem na linha - obviamente clara e seguramente definida - a que o socialismo democrático tem habituado as lusas gentes.

Mudando de assunto, ao ver algumas intervenções socialistas durante o Verão, assaltou-me uma dúvida. Para quando um líder que consiga dizer a palavra "socialista"?

É que o Dr. Ferro Rodrigues insiste em trocar o "o" pelo "e", dando à coisa um sinistro som sissiante. A culpa não é sua, claro está. Mas é estranho, ainda assim...

É bem verdade que Jean Chrétien tem um defeito na fala e chegou a PM do Canadá mas, no caso em apreço, a piedade do eleitorado português não parece ser de molde a fazer capitalizar favoravelmente as dificuldades de expressão do líder do PS.

Melhor que elas só mesmo os ditos e as gravatas de Bernardino Soares e as crónicas do camarada Manoel de Lencastre.

Tudo preciosidades em vias de extinção.

JV

sexta-feira, agosto 22, 2003

BOAS VINDAS: Dizia o Wilde que a única maneira de nos vermos livres de uma tentação é ceder-lhe. Obrigado ao João Pedro Henriques, ao Nuno Simas, à Ana Sá Lopes e à Maria José Oliveira ( uma simpatia - pelo menos ao telefone ) por não terem resistido a este mundo de glória fácil.
FMS

quinta-feira, agosto 21, 2003

Polémica “inesperada” O PM “não esperava ter de regressar ao baú da descolonização”. Talvez por isso mesmo tenha entitulado o seu post original como “O baú de certa direita portuguesa I”. Não porque esperasse um II ou III mas talvez porque o I se referisse à direita portuguesa e não ao baú. Assim sendo, como eu perfiro ser da “direita portuguesa V” (why not?), não me vou considerar destinatário do post original nem enfiar nenhuma carapuça como pretendia o PM.

Antes de mais um obrigado ao PM por esclarecer que “quintal colonial” não foi uma indirecta aqui ao Quinto. Ufff! You really got us worried there! Quanto à expropriação do nosso “reduto imperial” (gosto da expressão!), desde que nos paguem a compensação devida (utilidade pública ou não - a doutrina diverge quanto a isto) a malta vende. Esta coisa de manter um Império (mesmo virtual) tem os seus custos e, com os acordos da OMC, isto de explorar novos mundos já viu melhores dias. Vendemos o Quinto, compramos uma quinta e vamos dedicar-nos ao latifúndio – essa arte em vias de extinção.

Quanto à “Revolução de Abril” e à influência da guerra colonial na sua génese, eu bem sei que o PM não lê pela “cartilha patrioteira” (nem nós diga-se de passagem) mas, querer dissociar as duas coisas é que é o mais acabado e perfeito exemplo de mistificação e distorção histórica. Assim de repente lembro-me de 4 ou 5 livros que falam quase exclusivamente dessa conexão absolutamente inquestionável.

Quero frisar que não está aqui em causa o valor dos militares nem sequer o apoio popular ao 25 de Abril – dou isso tudo como provado. O que importa salientar é que a direita não precisa de fazer nada “pela calada” ou de “forma manhosa” para entreligar a guerra colonial, a revolução em 1974 e a descolonização. Mais, não precisamos de pedir licença à esquerda, aos capitães de Abril, ao Dr. Soares ou a quem quer que seja para dizer seja o que for da maneira que entendermos sobre o modo como a descolonização foi (mal) conduzida.

A esquerda portuguesa (mais concretamente o PS) é que sempre pretendeu evitar que se criticasse a forma atabalhoada e irresponsável como a descolonização ocorreu sob a sua égide ao associar as críticas a esse processo à “Reacção” ao 25 de Abril. Eu, pela minha parte, recuso-me a ficar refém desse pressuposto históricamente errado, políticamente fraudolento e intelectualmente desonesto.

Só para acabar, e para que não venha o PM com o argumento da “Reacção” ao 25 de Abril, esclareço que, como conservador que sou, qualquer revolução me causa ansiedade e preocupação. Seja o 25 de Abril, o 28 de Maio, o 5 de Outubro ou até o 24 de Agosto de 1820. Claro que o 25 de Abril é, entre todas essas, a revolução que menos transtorno intelectual me causa. Sei bem e aceito, sem complexos, que não fora essa revolução teríamos de esperar mais um bom par de anos até que o País atingisse a Democracia. Agora, tal facto não pode servir nunca, como pretende o PM, para limitar a discussão sobre esse mesmo acontecimento histórico ou sobre outros por esse causados, propiciados ou relacionados. Era só este o ponto que eu queria frisar. Opiniões? Como dizia a Rute Remédios: "quem quer dá-las, dá-las"!

FA

quarta-feira, agosto 20, 2003

SE O ARREPENDIMENTO MATASSE: Quanto mais leio e ouço a canhota dominante, adepta fervorosa dos mais caros prazeres da vida, verberar a McDonald's e instituições afins, como Francisco Louçã ontem no DN, mais me convenço que o real objectivo destes senhores não é a implantação de uma universal e eterna sociedade sem classes, mas sim a sua destruição. O proletariado, como se sabe, triunfou irremediavelmente já lá vão algumas décadas, trazendo para o mainstream os seus hábitos e valores, os seus programas de televisão e os seus centros comerciais, o seu jornalismo tablóide e o seu entretenimento primitivo. Perante tal espectáculo de mau gosto generalizado e permanente abaixamento do nível, os camaradas de todo o mundo, a fineza em forma de ser humano, não poderiam ficar de braços cruzados. No fundo, a Esquerda chegou, viu, venceu, viu de novo e não gostou mesmo nada do que viu. Agora, anda a ver se destrói o monstro que criou.
FMS
BATE E FOGE: Um camião armadilhado por fanáticos explode em Bagdad, tirando a vida a um dos mais brilhantes diplomatas dos quadros da ONU e a mais uns quantos inocentes cujas existências foram dedicadas a tornar o ar mais respirável nos sítios menos suportáveis do mundo e a televisão corre logo para Évora, onde Mário Soares poderia rosnar em directo contra os "anglo-americanos" e a sua mania de combater o terrorismo de forma "unilateral". Quando o afoito jornalista lhe pergunta qual a alternativa, o paterfamillias da Nação responde que já não é Chefe de Estado e que já não tem a obrigação dar resposta a essas questões. Que o Pai Soares goste de ser o fedelho que toca à campainha e logo arranca em fuga, o puto que chuta a bola para o pinhal e manda o irmão mais novo buscá-la, o lunático no Speaker's Corner, isso é lá com ele. Agora, se não tem nada de novo para dizer para além da verborreia e dos lugares-comuns anti-americanos habituais, escusa de editar livros a uma velocidade chomskiana, extorquindo o dinheiro dos ingénuos que julgam neles encontrar a solução para todos os problemas da Humanidade. Se é só para bater e fugir, mais vale criar um blogue.
FMS
O VÓMITO DE UMA CRÓNICA

Durante dois dias hesitei em escrever sobre isto, porque será uma questão morta, porque a má publicidade não tem preço, por nojo simplesmente. Mas os blogs são também assim, pessoais, por vezes ninho de estimações, por outras Terreiros do Paço em pleno Auto-de-Fé.

Assim, prefiro escrever. Com nomes feios e tudo:

Saiu, recentemente, numa revista "cujo nome não me quero relembrar" uma crónica insinuante e insidiosa sobre a vida particular do ministro Bagão Félix. O "Manel" Serrão (eu avisei que ia escrever nomes feios), com a subtileza que lhe é reconhecida, escreve que o Ministro, casado, está apaixonado pela assessora, também casada. Ao jeito alegre de quem dá boas festas aos noivos, Serrão ataca duas famílias. Não esquecendo de acrescentar que se tratam de dois "fervorosos católicos".

A malvadez nem sequer é requintada, o ataque irónico aos "fervorosos católicos" é até requentado, e, o autor é desproporcionado, pois não ataca ou atiça com "gossip" quem faz da fama fácil e da foto rápida o modo de vida... Antes ataca quem se dedica à Coisa e à Causa Pública.

Engraçado é o próprio editor dessa revista que, respondendo à pena de CF Alves, escreve:
" A sr.a Alves tem o direito de não gostar, de não usar e de criticar, se alguma vez consumiu, mas não tem o direito de escrever de forma imediata, leviana, arrogante, pretensiosa, mal-educada e, sobretudo, muito mal fundamentada, como fez no sábado passado"

O nome deste editorial, totalmente aplicável à sua própria revista, é "Crónica de um vómito". O editor, Carlos Pissarra, não tem desculpa como não tem vergonha: fez chamada de capa à dita crónica de Serrão.
O nome da revista é Lux e foi um nojo.
DBH

terça-feira, agosto 19, 2003

Im(pro)pério Relativo

Refiro-me ao post “O baú de certa direita portuguesa I” de Pedro Machado no País Relativo. Atento o conteúdo do baú I, temo o que possa estar dentro do baú II...

Bom, passemos aos factos. Em primeiro lugar acho que é nítida a provocação a este blog. Senão vejamos: “quintal colonial?” Isto aqui não é o quintal é o quinto (não confundir com 1/5)! E depois não é colonial, é imperial (não confudir com 33cl de cerveja). Aqui os meus amigos bifes é que tiveram colónias como deve ser nós sempre fomos demasiado sonhadores para tais habilidades.

Para além disto vejo-me obrigado a advertir que “a ideia de império” em Portugal não foi uma invenção da ditadura (já agora qual?) nem sequer da “certa direita portuguesa” “ressabiada” na qual tenho a leve impressão de que o Pedro Machado me incluí. Senão basta ler aqui o template do Quinto e a mensagem (subliminal?) do PAV. Como dizia o outro: impérios ha muitos!

Uma outra coisa que me incomoda "numa certa esquerda portuguesa" é não poder analisar a descolonização Portuguesa livremente sem justamente ser-se rotulado de saudosista, reaccionário ou, pior, “ressabiado”! Mais uma vez me refiro aqui aos bifes e ao enorme à vontade com que se fala do “Império Britânico” da sua ruína ou continuidade, dos protagonistas, vilões e heróis (consoante as perspectivas). É que quando se é crescido pode-se falar de coisas de gente crescida sem medo ou preconceitos.

Só para finalizar (e quando “não vale a pena perder mais tempo” com certa retórica não é de bom tom escrever mais dois parágrafos inteiros) gostava de perguntar a que recandidatura de qual Soares é que o Pedro Machado se refere: à do Soares Pai ao Parlamento Europeu? A do Soares Filho à Câmara de Lisboa? Ou será a da Soares Mãe à Cruz Vermelha?

FA
UM HOMEM DE ESQUERDA ÀS DIREITAS: Miguel Sousa Tavares concede entrevista estival à Visão, na qual diz que o amor é o verdadeiro motor do mundo e que Marx falhou redondamente ao negar ou ao ignorar este factor. Eu já suspeitava que MST era de direita. Todo aquele pessimismo, o ar sisudo de enfado, a presunção, o individualismo militante e o apego aos pequenos prazeres da vida faziam do MST que vive na minha cabeça um conservador de todo indiferente aos cânticos hipnóticos sobre o caminho de salvação da espécie. Com a referida entrevista confirmei a suspeita. Para MST, o mundo não se move a ideologia, mas a amor, logo o mais imprevisível dos imponderáveis que fazem do ser humano um permanente turista acidental. Aparece não se sabe de onde, quando ou porquê. Por ele o Homem cria para, no dia seguinte, destruír. E não há materialismo dialéctico que lhe resista.
FMS
GATUNOS! LADRÕES! No jogo inaugural da Super(!?)liga, a direcção da Académica quis obter uma briosa receita à custa dos incautos adeptos com ausência de amor próprio suficiente para vomitar 60 Euros 60 para assistir ao desafio com o Sporting atrás das balizas de um estádio situado num lugarejo qualquer chamado Taveiro. A turba que se macaqueia na bancada bem pode dar folga aos árbitros e dirigir as alarvidades e os vitupérios da praxe para a tribuna VIP. Ao pé deste esquema organizado de extorsão colectiva, o homem do apito é um pobre delinquente bagatelar.
FMS
QUEM DESDENHA QUER COMPRAR (ou DÁ DEUS NOZES A QUEM NÃO TEM DENTES):

Caro FA: Eu, em Londres, só precisava de uma janelinha.

Waterloo Sunset

Dirty old river, must you keep rolling
Flowing into the night
People so busy, makes me feel dizzy
Taxi light shines so bright
But I don't need no friends
As long as I gaze on Waterloo sunset
I am in paradise


Every day I look at the world from my window
But chilly, chilly is the evening time
Waterloo sunset's fine


Terry meets Julie, Waterloo Station
Every Friday night
But I am so lazy, don't want to wander
I stay at home at night
But I don't feel afraid
As long as I gaze on Waterloo sunset
I am in paradise


Every day I look at the world from my window
But chilly, chilly is the evening time
Waterloo sunset's fine


Millions of people swarming like flies 'round Waterloo underground
But Terry and Julie cross over the river
Where they feel safe and sound
And the don't need no friends
As long as they gaze on Waterloo sunset
They are in paradise

Waterloo sunset's fine


The Kinks

FMS
HONEY, I´M HOOOOME!! E, já agora, o que é que esse vírus informático está a fazer na nossa cama?!
FMS

segunda-feira, agosto 18, 2003

A pobreza do primeiro mundo
Comprar uma casa é um passo importante na vida de um homem. “An Englishman’s home is his castle” dizem por aqui como que a corroborar a tese de que quem não tem casa própria não tem “castelo” sendo logo remetido para a segunda divisão dos cidadãos.
Um apartamento (bafiento e encafuado) de 50 metros quadrados no centro de Londres chega à vontade (nas mais das vezes excede por larga margem) aos 355,000 Euros (71 mil Contos). Se a isto acrescentarmos impostos e custas com advogado e registos a conta final são uns absoluta e estupidamente elevados 75 mil Contos.
Por esse dinheiro em Lisboa (que é uma cidade cara a nível do Imobiliário) compra-se facilmente um T3 por estrear com mais de 120 m2.
No Recife, mesmo em frente à praia maravilhosa de Boa Viagem, por esses montantes... bem, por esses montantes há pouca coisa à venda mas, na pior das hipóteses, dá para comprar uma penthouse com piscina e uma àrea para cima de 300m2 com vista sobre o Atlântico até à costa de Angola!
Vem isto a propósito das prospecções do mercado imobiliário que tenho feito por aqui por Londres e duma conversa telefónica com um amigo meu do Recife que comprou uma casa em Boa Viagem há pouco tempo.
Descobri afinal que aquilo que se paga em Londres é o custo de se estar perto de museus riquíssimos, espectáculos constantes, restaurantes célebres, monumentos históricos e uma segurança relativa. Só não percebo porque é que não se compensa isso com a poluição doentia, o clima atroz e o tráfico insuportável. Devem ser os custos da civilização pelos quais é suposto estarmos gratos.
O meu amigo Stelo, que desdenha a Europa com conhecimento de causa, bem me diz para comprar uma casa lá, arranjar emprego e mudar-me de malas e bagagens.
Com o Inverno de Londres a bater aí à porta, já faltou mais...
FA

quinta-feira, agosto 14, 2003

One flew…

Já não bastava ser reaccionário, facho, quadrado e antiquado! Parece que está provado cientificamente que os conservadores padecem todos de múltiplas neuroses dos mais variados graus. Será sem dúvida apenas mais uma daquelas notícias que começam “estudo levado a cabo por cientistas americanos revela que...” nas quais já se sabe que a seguir vem disparate!

Pelo sim pelo não podemos começar a pensar mudar os nomes de alguns blogs na “blogosfera nacional reaccionária”. O Quinto dos Impérios vai passar a ser a Quinta dos Lunáticos. O Abrupto passa inevitavelmente a O Maníaco-Depressivo. O Voz do Deserto transforma-se em Vozes na Minha Cabeça e o Dicionário do Diabo em Doido comó Diabo. O Valete passa a Valium à Farta. O Flor de Obsessão pode ficar como está.

Bom, lá tenho que ir tirar o colete de forças do armário...

FA

quarta-feira, agosto 13, 2003

Valise de Carton Quando leio artigos destes começo seriamente a duvidar da minha sanidade mental.
FA
Soldadinhos de Chumbo 2 A propósito do meu post sobre a carta aberta de um oficial do Exército no Público interessante e divergente a opinião expressa aqui.
FA
Licence to kill (esclarecimento)
Caro FA, quem não te conhece poderia pensar que a tua "aparência estrangeira" indicaria a origem portuguesa. Nada mais falso. O FA usa uma claríssima aparência loura, do mais puro sangue celta (leia-se salteador napoleónico ou capitão inglês do Duque de Vitória). O estranho, mesmo, é encontar pessoa tão loura no centro de Londres.

Aproveito para te avisar que, depois do teu último post, já não te irei visitar a Londres. Tu ainda te podes livrar da roupa volumosamente suspeita, mas como é que eu me livro de ser suspeitosamente volumoso?
DBH

terça-feira, agosto 12, 2003

Licence to kill
Os simpáticos “bobbys” londrinos têm agora instruções para atirar a matar indivíduos suspeitos de estarem em vias de perpetrar um atentado suicida “a la Tel Aviv”. Tudo bem, sei que pareço mais Sueco ou Finlandês do que Tunisino ou Argelino mas estes tipos são muito desconfiados e, pelo sim pelo não, este Inverno o sobretudo e a gabardine ficam em casa. Faça neve ou chuva, frio ou intempérie não hei de vestir roupa volumosamente suspeita não vá um “happy trigger bobby” desconfiar da minha aparência estrangeira e zás... lá ia eu para o paraíso dos mouros.
FA
Home Alone 3 and 1/2 É oficial! Desde 4 de Agosto estou sozinho a assegurar a fé e o império. Enquanto os meus amigos co-imperialistas andam a banhos os caros leitores terão de me aturar. Coisas da vida...
FA

segunda-feira, agosto 11, 2003

Soldadinhos de Chumbo Li com ansiedade a carta aberta de um “oficial superior (major)” “devidamente identificado” ao ministro Paulo Portas publicada no Público de hoje. Iria finalmente perceber a razão do mau estar entre o Ministério da Defesa e o Exército. Pura ilusão. Em mais de uma vintena de parágrafos nem uma explicação concreta de porque é que este ministro não serve.

Fiquei a saber que, de acordo com este oficial superior (major), “os militares sentem um desprezo visceral pelo ministro da tutela”. Mais, “não lhe reconhecem carácter ou qualidades para os liderar e que vêem com preocupação o instável rumo da sua governação”. As razões para tal desconfiança e evidente desagrado prendem-se, segundo consta, com “motivos de ordem ética” e, mais genericamente, “a forma como temos vindo a ser liderados pelo poder politico”.

Com o respeito que me merece qualquer militar, antes de mais pela diginidade que a função em si encerra e depois por ter na família alguma tradição castrense, continuo sem vislumbrar as verdadeiras razões, sem entender as explicações.

Sob pena de apregoar aos quatro ventos que toda esta celeuma não passa de uma cabala (já agora que está na berra) quero exemplos concretos, quero divergências fundamentais e, já agora, fundamentadas.

Há de convir o Sr. oficial superior (major) que “dezprezo visceral” é uma opinião demasiado forte para se subscrever com um mero “é verdade”. Há de aceitar igualmente que acusações de falta de carácter são demasiado graves para se não dar uma justificação coerente.

Já agora quando diz “os militares conhecem” “os militares sentem” ou “os militares pensam” estará o Sr. oficial superior (major) a falar em nome de todos os militares? De todos os ramos das Forças Armadas? Salvo o erro a polémica que tem vindo a lume tem sido apenas com o Exército. Qual a razão para o descontentamento neste ramo em concreto? Se calhar é por aqui que devíamos começar as nossas indagações.

Para não ser acusado da mesma “falta de concretização” (até parece um termo futebolístico) avanço uma teoria (de conspiração): alguns militares do Exército estão preocupados com o papel (reduzido) que o Exército tem no conceito estratégico de Defesa para Portugal. Estão descontentes com o facto da Marinha e a Força Aérea gradualmente conquistarem espaços (e fundos!!) tradicionalmente reservados ao Exército no quadro das Forças Armadas. Estão, afinal, incomodados porque o poder político finalmente faz aquilo que lhe compete que é adequar as Forças Armadas às necessidades do País em vez de modelar as decisões políticas à medida das ambições pessoais ou interesses corporativos de alguns.

FA
Pommes frites Também eu queria deixar uma reflexão sobre o encerramento da Livraria Francesa em Lisboa: ainda bem que o Hergé (aka Georges Rémi) é belga.

FA
Cockney Rhyme

“If you hold back anything, I’ll kill you.
If you bend the truth, or I think you’re bending the truth, I’ll kill you.
If you forget anything, I’ll kill you.
In fact, you’ll have to work very hard to stay alive.
Now, do you understand everything I said? Because if you don’t, I’ll kill you.
Now, Mr. Bubble and Squeak… you may enlighten me!”

in Lock, Stock and Two Smoking Barrels

FA

sexta-feira, agosto 08, 2003

Música de fim de semana

Und alles nur, weil ich dich liebe,
und ich nicht weiss wie ich 's beweisen soll!
Komm ich zeig dir wir gross meine Liebe ist,
Und bringe mich für dich um.

Die Töten Hösen

FA

quarta-feira, agosto 06, 2003

Bagão Relativo É difícil dizer bem de quem não se gosta ou despreza tanto ou mais do que dizer mal de quem se gosta ou admira. A subjectividade humana é mesmo assim e não há nada a fazer.

Pessoalmente não gosto nem deixo de gostar de Bagão Félix. Não o conheço pessoalmente. Não sinto “na pele” os efeitos da sua actuação política. Sou um observador atento da figura em causa mas não tenho ne deixo de ter particular apreço pelo homem. Gosto da política, não conheço a vida do político. Falo da primeira, não me interessa a segunda.

Custa-me portanto aceitar a perseguição política e, mais grave, pessoal, que lhe é movida por alguns sectores da opinião publicada (ainda que perceba os seus motivos últimos). Não posso deixar de expressar aqui o meu profundo desagrado pela falta de cordialidade, honestidade e humanidade das críticas que lhe são movidas... se é que se pode qualificar como crítica artigos (ou posts se quiserem) em que se mistura Depeche Mode, Alexandra Solnado e um Ministro do Trabalho, Auschwitz com Opus Dei, tédio urbano com autoflagelação.

É pena mas não consegui extrair (tirando talvez a conjectura, ainda assim pouco original diga-se, de que um conservador como BF pertence ao ancien-regime) uma ideia de jeito, um comentário inteligente ou uma opinião sustentada não de um nem dois mas sim de três posts (longos por sinal) que mais não fizeram que tecer considerações mesquinhas sobre as convicções religiosas, os hábitos de vida e o percurso político e profissional de um cidadão num país supostamente livre e democrático (ainda que “relativo”).

Que não se goste do novo Código de Trabalho. Que se diga mal da perspectiva que o Ministro tem para a segurança social. Que se critique até a sua atitude para com os sindicatos ou os nossos interesses próprios. Tudo isto é válido. Tudo isto faz parte das regras do jogo político. It all comes with the territory.

O que extravaza o fair play é a crítica pessoal, o remoque deselegante, a insinuação maldosa. Além de inútil, por não inovar sequer no insulto, tal ardil não ofende sequer o visado, felizmente superior a tão baixo intento.

FA

segunda-feira, agosto 04, 2003

Fim de Semana Fui passar o fim de semana a Portugal. Faço agora o balanço.

Gostei: do sol da Costa da Caparica, da salada de polvo no Borda de Àgua, da trovoada de Sexta à noite, da vitória do Sporting, do casamento da Teresa e do Miguel, de Amarante, da revista do Expresso, de ver a família.

Não Gostei: dos incêndios, do pronunciamento militar da Vela Latina, da derrota do Sporting, da menina do check-in da TAP no Porto, do Expresso, do Independente, do trânsito na A1, da humidade em Lisboa, de Marco de Canaveses.
FA

sexta-feira, agosto 01, 2003

CARVALHOS DA SILVA DE FARDA: As anedotas que se dizem chefes militares cá da paróquia reuniram-se à mesa para uma sessão de má-língua. Dizem que se o Ministro Portas não arranja dinheiro, então que faça as malas. Não sei o que é mais ridículo: se o facto de um General se demitir por perder a confiança num membro do Governo (manifestação de um total desrespeito pelo regime democrático, de indomáveis ilusões de grandeza e do tédio habitual da tropa em tempo de paz), se esta nova atitude sindicalista que as Forças Armadas Portuguesas têm vindo a desenvolver nos últimos tempos. Os dias são de uma dificuldade extrema para as finanças públicas. Exigem empenho, sacrifício e respeito por quem dá o melhor dde si para tornar a situação menos insustentável. Os chefes militares, que deviam, a este respeito, ser um exemplo, resolveram mandar o conceito de hierarqia e o espírito de sacrifício às urtigas e lutar em outras guerras que não são suas. Optaram por se negar a si próprios. Se uma guerra a sério chegar, aposto que sobem para a fragata e rumam ao Brasil. Não importa: temos cá as milícias de Francelos e o povo de Felgueiras. Exército único europeu já!
FMS
ALGARVE 2003 - PRIMEIRAS IMPRESSÕES ( ou: daqui para a frente vou armar-me em Charlotte):

1. O mirone que no ano passado vagueava pelo aldeamento vizinho a horas pouco católicas, na esperança de vislumbrar uma ou outra inglesa incauta e desnuda, continua as suas incursões nocturnas, mesmo sabendo que, do lado de cá, todos conhecem esse seu hábito estival. Um voyeur que também gosta de ser observado. Estranha patologia.

2. A velha alcoviteira da casa em frente continua intrometida como sempre. Este ano, porém, dão-se desenvolvimentos estranhos, tendo sido a mera bisbilhotice substituída pela intriga e pela perseguição. Há muito que se sabe que a senhora de Mangualde (emigrada em França) alimenta o sonho de se tornar dona absoluta do condomínio. Este ano resolveu avançar com artilharia pesada. Fala com um, conspira com outro, tenta averiguar o preço pelo qual os vizinhos estariam dispostos a vender as suas casas, escuta às portas, senta-se à beira da piscina com olhar escrutinador a fim de perceber os hábitos dos outros. E, claro, faz campanha para ser, um dia, administradora. Todos sabemos que alguns dos mais sanguinários ditadores conhecidos pela humanidade se fizeram ao bife por via democrática. Esta quer fazer o mesmo. Se depender de mim, não passará. Este é o meu encontro com a História.

3. Já encontrei um casal de Portugueses. Somos uma diáspora impressionante. Estamos mesmo em todo o lado.

FMS