TAIZE
Em 1940, numa Europa em guerra, um frade de nome Roger começou uma comunidade numa pequena aldeia perto de Lyon. Taize.
Hoje, juntamente com irmãos católicos, protestantes e ortodoxos continua a receber quem quiser descansar, pensar ou simplesmente cantar.
Uma vez por ano, numa vigília de ano novo pela paz, organizam uma peregrinação na Europa. Em 1991 participei no encontro em Praga, num Leste recém aberto, e aproveitei para visitar uma Jugoslávia que deixaria de existir semanas depois. Nessa passagem de ano, nesse encontro, voltei para a Igreja.
Este ano o Encontro é aqui, em Lisboa. Peço a Deus que o abençoe, que façam uma boa viagem e esta noite lá estarei com eles.
Na sua carta para este encontro, o Irmão Roger escreveu estas palavras, que transcrevo:
Se há quem, tomado pela inquietação face a um tempo incerto, se quede ainda imobilizado, há também, por todo o mundo, jovens cheios de vigor e de criatividade.
Esses jovens não se deixam arrastar por uma espiral de melancolia. Sabem que Deus não nos criou para sermos passivos e que a vida não está submetida aos acasos da fatalidade. Estão conscientes disto: o que pode paralisar o ser humano é o cepticismo ou o desânimo.
Por isso, procuram, com toda a sua alma, preparar um futuro de paz e não de infelicidade. Mais até do que supõem, eles conseguem já fazer de suas vidas uma luz que ilumina tudo à sua volta.
(Oração ne Igreja de S. Nicolau)
DBH
«... depois dos três impérios dos Assírios, Persas e Gregos, que já passaram, e depois do quarto, que ainda hoje dura, que é o romano, há-de haver um novo e melhor império que há-de ser o quinto e último» Padre António Vieira oquintodosimperios@gmail.com
terça-feira, dezembro 28, 2004
sexta-feira, dezembro 24, 2004
quarta-feira, dezembro 22, 2004
E o óscar vai para…
Tempo de balanço. De fechar as contas e os computadores. Sair da blogosfera e regressar ao mundo real. Mas não sem antes fazer algumas menções (des)onrosas da exclusiva responsabilidade do abaixo assinado.
Blog do Ano: Acidental (we few, we happy few)
Bloguiador do Ano: Alexandre Soares Silva (mas de longe!)
Prémio fazer render o peixe: Barnabé (edições Oficina do Livro)
Melhor espaço de debate: Blasfémias (incluindo o CAA. Natal é Natal!)
Prémio estou aqui mas agora vou para ali: maradona (aqui, aqui e, finalmente, aqui)
Porrada, pêro e batatada: Mr Meatloaf (raposas - quem diria?)
Prémio não é preciso ir lá para saber o que lá está escrito: Arte(?) de opinar (reciprocidade é reciprocidade!)
Prémio last but never the least: Os Sócios (vamos ser campeões)
Leitor atento do ano: o Sr. Engenheiro
FA
Tempo de balanço. De fechar as contas e os computadores. Sair da blogosfera e regressar ao mundo real. Mas não sem antes fazer algumas menções (des)onrosas da exclusiva responsabilidade do abaixo assinado.
Blog do Ano: Acidental (we few, we happy few)
Bloguiador do Ano: Alexandre Soares Silva (mas de longe!)
Prémio fazer render o peixe: Barnabé (edições Oficina do Livro)
Melhor espaço de debate: Blasfémias (incluindo o CAA. Natal é Natal!)
Prémio estou aqui mas agora vou para ali: maradona (aqui, aqui e, finalmente, aqui)
Porrada, pêro e batatada: Mr Meatloaf (raposas - quem diria?)
Prémio não é preciso ir lá para saber o que lá está escrito: Arte(?) de opinar (reciprocidade é reciprocidade!)
Prémio last but never the least: Os Sócios (vamos ser campeões)
Leitor atento do ano: o Sr. Engenheiro
FA
terça-feira, dezembro 21, 2004
CENAS DA INTEGRAÇÃO EUROPEIA - 3
RELATÓRIO DAUL
sobre a proposta de directiva do Conselho que altera a Directiva 87/328/CEE relativa ao armazenamento de sémen de bovinos destinado ao comércio intracomunitário
(Relatório aprovado na última sessão plenária de Estrasburgo)
JV
RELATÓRIO DAUL
sobre a proposta de directiva do Conselho que altera a Directiva 87/328/CEE relativa ao armazenamento de sémen de bovinos destinado ao comércio intracomunitário
(Relatório aprovado na última sessão plenária de Estrasburgo)
JV
CENAS DA INTEGRAÇÃO EUROPEIA - 2
Numa lavandaria belga:
"- Eu não pedi isto, mas, afinal, quanto é?
- Não é nada.
- Nada? Assim vai ficar prejudicado.
- Eu? Eu, não. Quem vai ficar é quem executou o trabalho sem que o senhor o tenha pedido.
- De facto, não pedi. Mas isso é aborrecido.
- Ele é flamengo, quero que se lixe!"
Numa lavandaria belga:
"- Eu não pedi isto, mas, afinal, quanto é?
- Não é nada.
- Nada? Assim vai ficar prejudicado.
- Eu? Eu, não. Quem vai ficar é quem executou o trabalho sem que o senhor o tenha pedido.
- De facto, não pedi. Mas isso é aborrecido.
- Ele é flamengo, quero que se lixe!"
JV
CENAS DA INTEGRAÇÃO EUROPEIA - 1
Fila no aeroporto de Bruxelas, embarque para Lisboa:
"- Estes gajos agora andam muito preocupados com o tempo de transporte dos animais, pá. Está tudo maluco!
- Porquê?
- Porquê?! Quer dizer, um gajo trabalha que nem uma besta e o sacana do porco é que tem de descansar de 8 em 8 horas! Tu sais do trabalho e apanhas o metro (onde é entrar até poder!) mas o porco, esse não, tem de ter espaço para se espreguiçar! Estou farto destes gajos, pá!
- Realmente..."
JV
A tradição ainda é o que era
Pelo menos em Inglaterra, onde, como o Francisco Amaro lembrou ontem ao jantar no East India Club em St. James’ Square, "don’t ask why but since when".
FA
Pelo menos em Inglaterra, onde, como o Francisco Amaro lembrou ontem ao jantar no East India Club em St. James’ Square, "don’t ask why but since when".
FA
segunda-feira, dezembro 20, 2004
Balls (or lack thereof)
A propósito das manifestações da comunidade Sikh contra uma peça de teatro em cartaz na cidade de Birmingham fiquei com a sensação que a liberdade de expressão afinal só serve para entrar em polémica com a Igreja Católica ou com maiorias (mais ou menos) instaladas.
É de facto cada vez mais patética a incapacidade de lidar com naturalidade quer com a religiosidade da maioria quer com a multiculturalidade das diversas minorias. Este facto é aliás evidenciado pelo quase desaparecimento das tradicionais “nativity plays” das escolas de Londres dado que meninos vestidos de anjinho e recriações do presépio merecem aparentemente o mesmo tratamento desconfiado que reuniões secretas do BNP ou, nos dias que correm, da Countryside Alliance.
Depois, temos o paradoxo das bandas “radicais” de heavy, death, nu e demais metals, especialistas em letras “anti-Cristo” e demais parafernália diabólica (não raras vezes a coisa corre para o torto e lá morre um fã mais influenciável) que, apesar de tão demoníacos, não ousam escrever um verso que seja sobre o Islão sob pena de lhes acontecer o mesmo que ao Theo Van Gogh. Chocar sim, mas devagar, e só a quem ofereça a outra face.
Muito mais que uma questão de gostos, tendências ou tolerância, parece que afinal é tudo uma questão de coragem e convicção.
FA
A propósito das manifestações da comunidade Sikh contra uma peça de teatro em cartaz na cidade de Birmingham fiquei com a sensação que a liberdade de expressão afinal só serve para entrar em polémica com a Igreja Católica ou com maiorias (mais ou menos) instaladas.
É de facto cada vez mais patética a incapacidade de lidar com naturalidade quer com a religiosidade da maioria quer com a multiculturalidade das diversas minorias. Este facto é aliás evidenciado pelo quase desaparecimento das tradicionais “nativity plays” das escolas de Londres dado que meninos vestidos de anjinho e recriações do presépio merecem aparentemente o mesmo tratamento desconfiado que reuniões secretas do BNP ou, nos dias que correm, da Countryside Alliance.
Depois, temos o paradoxo das bandas “radicais” de heavy, death, nu e demais metals, especialistas em letras “anti-Cristo” e demais parafernália diabólica (não raras vezes a coisa corre para o torto e lá morre um fã mais influenciável) que, apesar de tão demoníacos, não ousam escrever um verso que seja sobre o Islão sob pena de lhes acontecer o mesmo que ao Theo Van Gogh. Chocar sim, mas devagar, e só a quem ofereça a outra face.
Muito mais que uma questão de gostos, tendências ou tolerância, parece que afinal é tudo uma questão de coragem e convicção.
FA
sexta-feira, dezembro 17, 2004
Vacatio Legis
Concordando em pleno com o blasfemo João Miranda que se há coisa que o país não precisa são mais comissões de trabalho, planos de acção, gabinetes de estudo, departamentos de investigação, e quejandos, eu propunha uma outra coisa. Que tal os partidos do “arco da governabilidade” (termo politicamente correcto para descrever os partidos democráticos do nosso sistema político – não, não inclui nem o BE nem o PCP!) assumirem o compromisso de não fazer passar nenhuma lei durante um mês. Um mesito só. Sem Diários da República (verdes, azuis ou brancos, da I, II ou III séries). Sem extensões de zonas de caça associativa. Sem nomeações para a função pública ou alterações a PDMs. Um mesinho de férias legiferantes. Para respirar. O país não só não parava como até poderia começar a andar.
FA
Concordando em pleno com o blasfemo João Miranda que se há coisa que o país não precisa são mais comissões de trabalho, planos de acção, gabinetes de estudo, departamentos de investigação, e quejandos, eu propunha uma outra coisa. Que tal os partidos do “arco da governabilidade” (termo politicamente correcto para descrever os partidos democráticos do nosso sistema político – não, não inclui nem o BE nem o PCP!) assumirem o compromisso de não fazer passar nenhuma lei durante um mês. Um mesito só. Sem Diários da República (verdes, azuis ou brancos, da I, II ou III séries). Sem extensões de zonas de caça associativa. Sem nomeações para a função pública ou alterações a PDMs. Um mesinho de férias legiferantes. Para respirar. O país não só não parava como até poderia começar a andar.
FA
quinta-feira, dezembro 16, 2004
The Right Hon. ASS, Esq.
Faz este mês dois anos que o Chevalier de Béri-Béri escreve na blogosfera. Eu não o leio desde essa altura mas li tudo o que escreveu desde lá, desde Pisuerga.
No seu primeiro relato, escreve sobre "os aristocratas da inexistência, e os labregos que existem mesmo. Eis porquê não podemos ir a festas de gente que não existe: não nos deixam entrar". Por isso nunca pude ir a Pisuerga, nem à que de facto existe (apesar dele) aqui ao lado, nos Picos da Europa...
Não pude ficar à porta, negada a entrada na Corte, imaginando Soares Silva a dissertar sobre Mencken e os ensaios perdidos de Lord Chesterfield para o seu filho ilegítimo, gritando com veemência - "Não admito que me tratem por meu irmão, nem Henry St. John o faria no Brothers Club... E o Bolingbroke tinha sentido de humor!"
Foi a melhor descoberta que fiz em 2004, quem adivinharia um "esnob" anglófilo no meio dos francesismos tropicais?
Resta-me pois deixar os meus votos de parabéns e desejar que, como antes por cá se dizia, Deus guarde V. Senhoria.
DBH
Faz este mês dois anos que o Chevalier de Béri-Béri escreve na blogosfera. Eu não o leio desde essa altura mas li tudo o que escreveu desde lá, desde Pisuerga.
No seu primeiro relato, escreve sobre "os aristocratas da inexistência, e os labregos que existem mesmo. Eis porquê não podemos ir a festas de gente que não existe: não nos deixam entrar". Por isso nunca pude ir a Pisuerga, nem à que de facto existe (apesar dele) aqui ao lado, nos Picos da Europa...
Não pude ficar à porta, negada a entrada na Corte, imaginando Soares Silva a dissertar sobre Mencken e os ensaios perdidos de Lord Chesterfield para o seu filho ilegítimo, gritando com veemência - "Não admito que me tratem por meu irmão, nem Henry St. John o faria no Brothers Club... E o Bolingbroke tinha sentido de humor!"
Foi a melhor descoberta que fiz em 2004, quem adivinharia um "esnob" anglófilo no meio dos francesismos tropicais?
Resta-me pois deixar os meus votos de parabéns e desejar que, como antes por cá se dizia, Deus guarde V. Senhoria.
DBH
EU NÃO SEI SE TU SABES SE EU SEI QUE TU SABES
Quatro velhos rapazes, com gin tónicos e laphroaig nas mãos, discutiam as vantagens terrenas e as desvantagens morais de escrever em blogs. Em minha casa, há duas semanas. Falavam de um blog desaparecido e lamentavam o fim de textos bem escritos. Todos eles, descobre-se agora, sabiam da existência secreta de um novo blog. Todos o lêem. Nenhum falou.
- Sound men, the lot o'them.
DBH
Quatro velhos rapazes, com gin tónicos e laphroaig nas mãos, discutiam as vantagens terrenas e as desvantagens morais de escrever em blogs. Em minha casa, há duas semanas. Falavam de um blog desaparecido e lamentavam o fim de textos bem escritos. Todos eles, descobre-se agora, sabiam da existência secreta de um novo blog. Todos o lêem. Nenhum falou.
- Sound men, the lot o'them.
DBH
COMPREENSÃO LENTA
Portugal anda entusiasmante para constitucionalistas e civilistas, assim cheio de novidades doutrinárias. Por um lado, o Presidente justifica a dissolução do Parlamento com base nas teses do "vocês sabem do que eu estou a falar" da Escola de Palmela. Por outro, comentando aquela espécie mutante de entendimento entre CDS e PSD, o comentador Teixeira tem defendido, com utilidade prática desconhecida (mas, enfim, estamos a falar da ciência do Direito), que não se trata de um acordo mas apenas - repito: apenas - de duas declarações emitidas em sentido convergente. Confesso que me começa a ser difícil acompanhar o estado da arte.
FMS
Portugal anda entusiasmante para constitucionalistas e civilistas, assim cheio de novidades doutrinárias. Por um lado, o Presidente justifica a dissolução do Parlamento com base nas teses do "vocês sabem do que eu estou a falar" da Escola de Palmela. Por outro, comentando aquela espécie mutante de entendimento entre CDS e PSD, o comentador Teixeira tem defendido, com utilidade prática desconhecida (mas, enfim, estamos a falar da ciência do Direito), que não se trata de um acordo mas apenas - repito: apenas - de duas declarações emitidas em sentido convergente. Confesso que me começa a ser difícil acompanhar o estado da arte.
FMS
The sun shone, having no alternative, on the nothing new.
Girls' faces formed the forward path
From phony jealousy
To memorizing politics
Of ancient history
Flung down by corpse evangelists
Unthought of, though, somehow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.
DBH (post tipo Eduardo, com fotografia tipo Pedro)
Girls' faces formed the forward path
From phony jealousy
To memorizing politics
Of ancient history
Flung down by corpse evangelists
Unthought of, though, somehow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.
DBH (post tipo Eduardo, com fotografia tipo Pedro)
The importance of being George
Será que a demissão de David Blunkett por entre acusações de corrupção e nepotismo dará azo à destituição do Governo de Blair ou, ainda melhor, à dissolução da Câmara dos Comuns. Claro que não. Por enquanto a Isabel ainda não se chama Jorge. Ou será ao contrário?
FA
Será que a demissão de David Blunkett por entre acusações de corrupção e nepotismo dará azo à destituição do Governo de Blair ou, ainda melhor, à dissolução da Câmara dos Comuns. Claro que não. Por enquanto a Isabel ainda não se chama Jorge. Ou será ao contrário?
FA
quarta-feira, dezembro 15, 2004
E não permitir que outros usassem a nossa "casa" para o insulto gratuito era sinal de pouca abertura ao diálogo.
Finalmente perceberam.
É nestas alturas que se entendem melhor algumas das virtudes do pensamento conservador.
Finalmente perceberam.
É nestas alturas que se entendem melhor algumas das virtudes do pensamento conservador.
Ainda há esperança.
JV
JV
terça-feira, dezembro 14, 2004
FALAR CLARO
Um mau político reconhece-se facilmente pelo tom de voz macio e pelo abuso barroco e vazio da forma passiva. Um dia, Churchill instou um determinado general americano que lhe escrevia discursos a imaginá-lo, naquele timbre sonolento e monocórdico de António Filipe, a dizer "Hostilidades serão desencadeadas contra os nossos adversários um pouco por todo o perímetro costal" em vez de "Lutaremos nas praias". Quem conseguiria o velho bulldog que pegasse em armas com estes expedientes retóricos e linguísticos tão actuais? Pelo que se percebe andando por aí, ninguém.
FMS
Um mau político reconhece-se facilmente pelo tom de voz macio e pelo abuso barroco e vazio da forma passiva. Um dia, Churchill instou um determinado general americano que lhe escrevia discursos a imaginá-lo, naquele timbre sonolento e monocórdico de António Filipe, a dizer "Hostilidades serão desencadeadas contra os nossos adversários um pouco por todo o perímetro costal" em vez de "Lutaremos nas praias". Quem conseguiria o velho bulldog que pegasse em armas com estes expedientes retóricos e linguísticos tão actuais? Pelo que se percebe andando por aí, ninguém.
FMS
AFINAL, AINDA HÁ QUEM TENHA SENTIDO DE HUMOR
Hoje, no site da Lusa, a este texto:
20041214-LISBOA: O Primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes e o Secretário geral do PS, José Socrates, durante uma audiência na residência oficial em São Bento.
correspondia esta fotografia:
JV
P.S.: Entretanto, lembraram-se de a mudar.
Hoje, no site da Lusa, a este texto:
20041214-LISBOA: O Primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes e o Secretário geral do PS, José Socrates, durante uma audiência na residência oficial em São Bento.
correspondia esta fotografia:
JV
P.S.: Entretanto, lembraram-se de a mudar.
segunda-feira, dezembro 13, 2004
PARA OS QUE AINDA TÊM DÚVIDAS
(...)
Durante muchos anos el estado totalitario en Cuba ha descargado de manera desproporcionada todos sus recursos técnicos y un verdadero ejercito de agentes para vigilar, hostigar y reprimir a mi familia, como lo ha hecho con otras. La seguridad del estado interviene sistemáticamente para intimidar a mis amigos, a padres de amigos de mis hijos, a médicos que atienden a mis hijos, a compañeros de trabajo y de la comunidad cristiana. Tiene un sistema de vigilancia permanente desplegado alrededor de mi casa y nos persiguen constantemente a mi y a mis compañeros.
Si han penetrado en la intimidad del hogar, poniendo una escucha junto a la cama donde dormimos mi esposa y yo, conocerán que nuestra felicidad es fruto de nuestra fe y nuestro amor. Sabemos que esta es una práctica, que aplican a iglesias, otras instituciones y personas, quizás hasta para vigilarse entre ellos mismos. Y a estas horas deben estar apresurados desmontando muchas de estas cajitas de la mentira. Es responsabilidad del estado cubano y de todos los funcionarios de ETECSA, así como de todas las empresas extranjeras vinculadas a esta, por esta gravísima violación de la ley y de esta violación contra mi familia.
El hecho de colocar escuchas dentro de mi hogar es sobre todo un ultraje y un abuso contra una familia indefensa. No nos asusta, no nos paraliza y vamos a continuar la lucha pacifica sabiendo los sacrificios que implica. No nos puede quitar la paz interior, y a todos, incluyendo, los autores intelectuales y físicos, y los cómplices de esta agresión, les deseamos a ellos y a sus familias, una feliz Navidad.
(...)
Durante muchos anos el estado totalitario en Cuba ha descargado de manera desproporcionada todos sus recursos técnicos y un verdadero ejercito de agentes para vigilar, hostigar y reprimir a mi familia, como lo ha hecho con otras. La seguridad del estado interviene sistemáticamente para intimidar a mis amigos, a padres de amigos de mis hijos, a médicos que atienden a mis hijos, a compañeros de trabajo y de la comunidad cristiana. Tiene un sistema de vigilancia permanente desplegado alrededor de mi casa y nos persiguen constantemente a mi y a mis compañeros.
Si han penetrado en la intimidad del hogar, poniendo una escucha junto a la cama donde dormimos mi esposa y yo, conocerán que nuestra felicidad es fruto de nuestra fe y nuestro amor. Sabemos que esta es una práctica, que aplican a iglesias, otras instituciones y personas, quizás hasta para vigilarse entre ellos mismos. Y a estas horas deben estar apresurados desmontando muchas de estas cajitas de la mentira. Es responsabilidad del estado cubano y de todos los funcionarios de ETECSA, así como de todas las empresas extranjeras vinculadas a esta, por esta gravísima violación de la ley y de esta violación contra mi familia.
El hecho de colocar escuchas dentro de mi hogar es sobre todo un ultraje y un abuso contra una familia indefensa. No nos asusta, no nos paraliza y vamos a continuar la lucha pacifica sabiendo los sacrificios que implica. No nos puede quitar la paz interior, y a todos, incluyendo, los autores intelectuales y físicos, y los cómplices de esta agresión, les deseamos a ellos y a sus familias, una feliz Navidad.
Oswaldo Payá
JV
Podes não saber cantar...
Não tive o prazer de ouvir a comunicação do Supremo Magistrado à Nação. Estive agora a ler essa peça aqui. Mas que pobreza senhores! Quem é que escreveu esta linda obra? Não se arranja melhor que isto? Num dos momentos mais críticos e determinantes do seu mandato em que se esperava um discurso de levantar praça ao jeito do “West Wing”, o discurso de Jorge Sampaio é o “ultimate buzz kill”.
A primeira falha é a patética tentativa de justificar o incompreensível hiato entre a tomada da decisão política e a sua comunicação ao País. O “respeito pelas formas e o rigor dos processos” não chega. É pouco . Muito pouco. Onde estava esse respeito há 4 meses atrás? Onde estava o rigor quando se esquece de comunicar a decisão ao Presidente da AR?
Depois, a seguir à descrição genérica do tipo de situações que servem de base à decisão política, quando se esperava o elencar castigador dos disparates com que o Governo nos brindou (que os houve) vem a inacreditável afirmação “dispenso-me de os mencionar um a um, pois são do conhecimento do País”. São? Quais? O caso Marcelo entra nos factores? E o “barco do aborto”? Se não fosse pedir muito gostava de saber. Acho que mais Portugueses também. É que se se vai demitir um Governo eleito por um Parlamento com uma maioria absoluta talvez não fosse mal pensado dar um exemplo concreto dos “suceesivos incidentes”.
À confusão de argumentos segue-se a confusão constitucional. Se havia perigo para as instituições por causa da actuação do Governo o que o PR devia ter feito era demitir o Governo respaldado na Constituição. Ou então dizia que os argumentos eram outros. Para quem diz gostar tanto da forma e do rigor dos processos convenhamos que a lógica não é propriamente brilhante.
Já agora aqui entre nós, como é que o PR sabe que a maioria parlamentar tinha esgotado a capacidade para gerar novos governos? Mas se o Presidente da AR nem sequer foi informado da decisão!?
Isto para não falar do recurso à “consciência colectiva” (leia-se os artigos do Sousa Tavares no Público) a à “preocupação generalizada” (as opiniões do Professor Cavaco). Se a moda pega...
É de facto verdade, como o Senhor Presidente afirma, que “não há situações sem saída”. E, se é certo que as eleições são um momento natural em Democracia, as crises também o são. A Democracia é por inerência um sistema assente na tensão entre forças divergentes. O papel do Chefe de Estado deve ser aliviar a tensão quando esta faça perigar a subsistência do sistema. Manifestamente não era o caso. Confundir uma crise governativa com uma crise constitucional não augura nada de bom para o semi-presidencialismo.
Quanto aos apelos à serenidade (sinceramente!) o mínimo que se pode dizer é que começam a ser contraproducentes.
FA
Não tive o prazer de ouvir a comunicação do Supremo Magistrado à Nação. Estive agora a ler essa peça aqui. Mas que pobreza senhores! Quem é que escreveu esta linda obra? Não se arranja melhor que isto? Num dos momentos mais críticos e determinantes do seu mandato em que se esperava um discurso de levantar praça ao jeito do “West Wing”, o discurso de Jorge Sampaio é o “ultimate buzz kill”.
A primeira falha é a patética tentativa de justificar o incompreensível hiato entre a tomada da decisão política e a sua comunicação ao País. O “respeito pelas formas e o rigor dos processos” não chega. É pouco . Muito pouco. Onde estava esse respeito há 4 meses atrás? Onde estava o rigor quando se esquece de comunicar a decisão ao Presidente da AR?
Depois, a seguir à descrição genérica do tipo de situações que servem de base à decisão política, quando se esperava o elencar castigador dos disparates com que o Governo nos brindou (que os houve) vem a inacreditável afirmação “dispenso-me de os mencionar um a um, pois são do conhecimento do País”. São? Quais? O caso Marcelo entra nos factores? E o “barco do aborto”? Se não fosse pedir muito gostava de saber. Acho que mais Portugueses também. É que se se vai demitir um Governo eleito por um Parlamento com uma maioria absoluta talvez não fosse mal pensado dar um exemplo concreto dos “suceesivos incidentes”.
À confusão de argumentos segue-se a confusão constitucional. Se havia perigo para as instituições por causa da actuação do Governo o que o PR devia ter feito era demitir o Governo respaldado na Constituição. Ou então dizia que os argumentos eram outros. Para quem diz gostar tanto da forma e do rigor dos processos convenhamos que a lógica não é propriamente brilhante.
Já agora aqui entre nós, como é que o PR sabe que a maioria parlamentar tinha esgotado a capacidade para gerar novos governos? Mas se o Presidente da AR nem sequer foi informado da decisão!?
Isto para não falar do recurso à “consciência colectiva” (leia-se os artigos do Sousa Tavares no Público) a à “preocupação generalizada” (as opiniões do Professor Cavaco). Se a moda pega...
É de facto verdade, como o Senhor Presidente afirma, que “não há situações sem saída”. E, se é certo que as eleições são um momento natural em Democracia, as crises também o são. A Democracia é por inerência um sistema assente na tensão entre forças divergentes. O papel do Chefe de Estado deve ser aliviar a tensão quando esta faça perigar a subsistência do sistema. Manifestamente não era o caso. Confundir uma crise governativa com uma crise constitucional não augura nada de bom para o semi-presidencialismo.
Quanto aos apelos à serenidade (sinceramente!) o mínimo que se pode dizer é que começam a ser contraproducentes.
FA
sexta-feira, dezembro 10, 2004
O PORTÁTIL ABUSADO
O sempre actual Público, com o declarativo título de "Homens Abuso" (versão on-line), afirma que o "Abuso de portátil pode reduzir fertilidade".
Isto parece-me evidente já que deve, pelo menos, magoar mas, lendo o resto do artigo podemos aprender que "Os investigadores mediram das temperaturas das bolsas escrotais de 29 voluntários, com idades entre os 21 e os 35 anos".
-The horror, the horror!-
Pior ainda, "Este modo de utilização (do portátil) aumenta a temperatura do escroto 2,6 graus à esquerda e 2,8 graus à direita, em média". Sem querer fazer leituras políticas sobre esta questão de saúde pública, resta-me profetizar que esta ainda poderá ser a notícia de abertura do Jornal da Noite da TVI. Se o PR não chorar...
DBH
O sempre actual Público, com o declarativo título de "Homens Abuso" (versão on-line), afirma que o "Abuso de portátil pode reduzir fertilidade".
Isto parece-me evidente já que deve, pelo menos, magoar mas, lendo o resto do artigo podemos aprender que "Os investigadores mediram das temperaturas das bolsas escrotais de 29 voluntários, com idades entre os 21 e os 35 anos".
-The horror, the horror!-
Pior ainda, "Este modo de utilização (do portátil) aumenta a temperatura do escroto 2,6 graus à esquerda e 2,8 graus à direita, em média". Sem querer fazer leituras políticas sobre esta questão de saúde pública, resta-me profetizar que esta ainda poderá ser a notícia de abertura do Jornal da Noite da TVI. Se o PR não chorar...
DBH
Neeext!
Aceitando por mero dever de patrocínio que o Governo era o pior Governo desde a fundação da nacionalidade. Que nunca o país havia visto pior governante que este PM desde os tempos imemoriais em que Viriato apascentava cabras nos Montes Hermínios. Que o País se encontrava à beira do precipício como nunca desde a entrada em vigor da CRP ’76. Que o desfazamento entre os cidadãos e os políticos era insuportável e a tensão crescia nas ruas a olhos vistos. Que a degradação da situação política era insustentável e transbordava nas páginas dos jornais em polémicas engalfinhadas. Ainda assim nada apaga o facto de que a decisão do Senhor Presidente foi baseada na sua apreciação pessoal da prestação política do Governo. A consequência disto é que este sistema constitucional já deu o que tinha a dar. Já é tempo de o mudar.
FA
Aceitando por mero dever de patrocínio que o Governo era o pior Governo desde a fundação da nacionalidade. Que nunca o país havia visto pior governante que este PM desde os tempos imemoriais em que Viriato apascentava cabras nos Montes Hermínios. Que o País se encontrava à beira do precipício como nunca desde a entrada em vigor da CRP ’76. Que o desfazamento entre os cidadãos e os políticos era insuportável e a tensão crescia nas ruas a olhos vistos. Que a degradação da situação política era insustentável e transbordava nas páginas dos jornais em polémicas engalfinhadas. Ainda assim nada apaga o facto de que a decisão do Senhor Presidente foi baseada na sua apreciação pessoal da prestação política do Governo. A consequência disto é que este sistema constitucional já deu o que tinha a dar. Já é tempo de o mudar.
FA
UMA CAMPANHA ALEGRE?
O Miguel Cabrita entreteve-se a parodiar o símbolo do CDS para enunciar uma teoria galhofeira acerca da reacção deste partido à audiência presidencial.
Agora que acabei de rir (foram os 0, 0001 segundos mais longos da minha vida), e sem me perder pelos mesmos atalhos (até porque a relação esquizofrénica entre punho e rosa merece a atenção de especialistas), sugiro-lhe que disserte antes sobre este facto:
O Miguel Cabrita entreteve-se a parodiar o símbolo do CDS para enunciar uma teoria galhofeira acerca da reacção deste partido à audiência presidencial.
Agora que acabei de rir (foram os 0, 0001 segundos mais longos da minha vida), e sem me perder pelos mesmos atalhos (até porque a relação esquizofrénica entre punho e rosa merece a atenção de especialistas), sugiro-lhe que disserte antes sobre este facto:
JV
quinta-feira, dezembro 09, 2004
A PROPÓSITO
Quando se diz que Soares "representa" o que quer que seja "para a esquerda", estamos a falar de que esquerda? Da que lhe fez uma espera na Marinha Grande? Da que lhe chamava aliado dos reaccionários? Da que se assustou com a Fonte Luminosa? Da que se enlevou com o eanismo? Da que ainda hoje chora pelo Conselho da Revolução? Da que conspirou contra ele no sótão? Da que não lhe perdoa a arrumação da gaveta? Da que engoliu o sapo e lhe tapou a cara em 86? Da dos amigos do MPLA? Da que encenou recentemente a sua coreografia coreana? Da que não suporta o seu bom relacionamento com a Igreja? Da que não respeita o seu laicismo? Da das águas profundas? Da que se contorce em melíflua conversão? Da do choque tecnológico?
O facto é que ele ganhou. E isso, para a esquerda que sobra, caidos os muros e as utopias, é a única referência de préstimo que ainda resta.
JV
Tens referências para a troca?
O João Pedro “as-minhas-referências-são-melhores-que-as-tuas” Henriques do Glória Fácil acha que o ressentimento da Direita em relação a Soares se deve ao simples facto de a Direita não ter nenhuma referência que represente para sí aquilo que Soares representa para a Esquerda. Trata-se, no fundo, de uma simples questão de inveja referencial.
Não concordo. Dando de barato que a Direita não tem “uma figura como Soares” (o que quer que isso seja), o facto é que é por causa de Soares que muitas pessoas querem ser e são de Direita. In a twisted kind of way, Soares é uma figura da Direita. É o nosso pet hate. E nós gostamos dele assim. Até lhe damos os parabéns.
Já agora é importante dizer que não há nenhuma inveja. A inveja é, essencialmente, um sentimento de Esquerda. A Direita tem por hábito respeitar profundamente e aceitar com enorme naturalidade aquilo que é de cada um. Sem ressentimentos.
FA
O João Pedro “as-minhas-referências-são-melhores-que-as-tuas” Henriques do Glória Fácil acha que o ressentimento da Direita em relação a Soares se deve ao simples facto de a Direita não ter nenhuma referência que represente para sí aquilo que Soares representa para a Esquerda. Trata-se, no fundo, de uma simples questão de inveja referencial.
Não concordo. Dando de barato que a Direita não tem “uma figura como Soares” (o que quer que isso seja), o facto é que é por causa de Soares que muitas pessoas querem ser e são de Direita. In a twisted kind of way, Soares é uma figura da Direita. É o nosso pet hate. E nós gostamos dele assim. Até lhe damos os parabéns.
Já agora é importante dizer que não há nenhuma inveja. A inveja é, essencialmente, um sentimento de Esquerda. A Direita tem por hábito respeitar profundamente e aceitar com enorme naturalidade aquilo que é de cada um. Sem ressentimentos.
FA
A NECESSIDADE E O ENGENHO
«The best seller is written for women, usually by women. And it is by a masculine intelligence that the masterpieces of prose literature have been produced... Art is the fine raiment in which the civilized man arrays himself before a woman. And it is, perhaps, because women have need of no such artifice that their contributions to the museum of the world's art have been so casual and imponderable»
Alec Waugh, in "Myself When Young", apud Alexander Waugh, "Fathers and Sons" - The Autobiography of a Family".
[Para o Alexandre Soares Silva]
FMS
«The best seller is written for women, usually by women. And it is by a masculine intelligence that the masterpieces of prose literature have been produced... Art is the fine raiment in which the civilized man arrays himself before a woman. And it is, perhaps, because women have need of no such artifice that their contributions to the museum of the world's art have been so casual and imponderable»
Alec Waugh, in "Myself When Young", apud Alexander Waugh, "Fathers and Sons" - The Autobiography of a Family".
[Para o Alexandre Soares Silva]
FMS
LEALDADE ORGÂNICA
Poderá alguém ser antropologicamente de direita e sentir-se confortável de cartão partidário na carteira? Haverá alguma possibilidade de um individualista irredutível, um guardião obsessivo da sua reserva íntima, aceitar a partilha de meios e de fins?
Contra a sensibilidade generalizada de quem não sabe do que fala, desconfio bem que sim. Que o hábito de se organizar em grupo ou de aderir a uma organização já estabelecida pode muito bem ser o resultado dessa tendência de eremita de que padece todo o conservador. Há, de facto, qualquer coisa de conforto e alívio na relação de pertença e militância partidária, que acredito vir directamente do reconhecimento de que nenhum de nós é mais do que um mero estranho num mundo de estranhos. E, portanto, que o melhor que podemos e devemos desejar é aquela relação de mútua ajuda com pessoas verdadeiramente desligadas entre si.
Para além de que, da perspectiva individualista, o amor às pessoas colectivas ou artificiais tem grandes vantagens em relação ao amor pelas suas congéneres singulares ou naturais. Não lhes podemos dedicar, é certo, nenhum sentimento que requeira uma existência carnal, como o desejo sexual. Não lhes podemos tocar ou beijar. Mas, em contrapartida, não há nunca o embaraço da sua presença física. Podemos amá-las de uma posição de castidade, de uma distância inviolável. E até lhes podemos dizer o que pensamos, da forma e no tempo que nos apetecer.
Bem vistas as coisas, a "lealdade orgânica" que todos temem não passa de uma versão ténue da outra lealdade, sendo manifestamente inócua para quem algum dia sofreu ou sonhou com as consequências da violação desta.
Mas aqui, felizmente, não sei do que falo.
FMS
Poderá alguém ser antropologicamente de direita e sentir-se confortável de cartão partidário na carteira? Haverá alguma possibilidade de um individualista irredutível, um guardião obsessivo da sua reserva íntima, aceitar a partilha de meios e de fins?
Contra a sensibilidade generalizada de quem não sabe do que fala, desconfio bem que sim. Que o hábito de se organizar em grupo ou de aderir a uma organização já estabelecida pode muito bem ser o resultado dessa tendência de eremita de que padece todo o conservador. Há, de facto, qualquer coisa de conforto e alívio na relação de pertença e militância partidária, que acredito vir directamente do reconhecimento de que nenhum de nós é mais do que um mero estranho num mundo de estranhos. E, portanto, que o melhor que podemos e devemos desejar é aquela relação de mútua ajuda com pessoas verdadeiramente desligadas entre si.
Para além de que, da perspectiva individualista, o amor às pessoas colectivas ou artificiais tem grandes vantagens em relação ao amor pelas suas congéneres singulares ou naturais. Não lhes podemos dedicar, é certo, nenhum sentimento que requeira uma existência carnal, como o desejo sexual. Não lhes podemos tocar ou beijar. Mas, em contrapartida, não há nunca o embaraço da sua presença física. Podemos amá-las de uma posição de castidade, de uma distância inviolável. E até lhes podemos dizer o que pensamos, da forma e no tempo que nos apetecer.
Bem vistas as coisas, a "lealdade orgânica" que todos temem não passa de uma versão ténue da outra lealdade, sendo manifestamente inócua para quem algum dia sofreu ou sonhou com as consequências da violação desta.
Mas aqui, felizmente, não sei do que falo.
FMS
Deve ser porque é Natal
Não é todos os dias que dou por mim a concordar com o CAA mas, desta feita, foi na "mouche" caro Carlos.
O leviatão burocrático em que a ONU se tornou pode e deve ser reformado. É possível fazê-lo. É urgente fazê-lo.
Do ponto de vista da credibilização (questão eminentemente política e diplomática) aí o caso é mais complicado. Eu sugeria, para começar, que só tivessem direito de voto nas diversas comissões e assembleias da ONU aqueles países que também reconheçam aos seus cidadãos o direito de votar em eleições livres e democráticas. Era giro não era?
FA
Não é todos os dias que dou por mim a concordar com o CAA mas, desta feita, foi na "mouche" caro Carlos.
O leviatão burocrático em que a ONU se tornou pode e deve ser reformado. É possível fazê-lo. É urgente fazê-lo.
Do ponto de vista da credibilização (questão eminentemente política e diplomática) aí o caso é mais complicado. Eu sugeria, para começar, que só tivessem direito de voto nas diversas comissões e assembleias da ONU aqueles países que também reconheçam aos seus cidadãos o direito de votar em eleições livres e democráticas. Era giro não era?
FA
quarta-feira, dezembro 08, 2004
Memória (falta de)
A propósito do que escrevi aqui ontem sobre discursos sensacionalistas e catastrofistas, confiram aqui um exemplo acabado disso mesmo, pela pena do inefável contador de histórias Fernando Rosas.
Já agora, quem se lembra do que foi dito o Verão passado sobre Jorge Sampaio por aqueles que agora se regozijam com a decisão inédita de dissolver um parlamento por força da “apreciação política global que o Presidente faz do país”?
Que o cronista anacrónico confunda dissolução do parlamento com demissão do governo desculpa-se pela falta de hábitos democráticos e pela desconfortável relação com conceitos como “lei” e “legitimidade”. Que dê como certa a derrota da direita nas próximas eleições não é de estranhar de quem se arroga o papel de receptáculo infalível da vontade popular.
O que é inaceitável é que queira fazer os (e)leitores de parvos, acusando outros de hipocrisia e populismo mas recorrendo para isso, com inegável arte mas sem ponta de vergonha, ao fingimento mais rasteiro e ao populismo mais barato.
FA
A propósito do que escrevi aqui ontem sobre discursos sensacionalistas e catastrofistas, confiram aqui um exemplo acabado disso mesmo, pela pena do inefável contador de histórias Fernando Rosas.
Já agora, quem se lembra do que foi dito o Verão passado sobre Jorge Sampaio por aqueles que agora se regozijam com a decisão inédita de dissolver um parlamento por força da “apreciação política global que o Presidente faz do país”?
Que o cronista anacrónico confunda dissolução do parlamento com demissão do governo desculpa-se pela falta de hábitos democráticos e pela desconfortável relação com conceitos como “lei” e “legitimidade”. Que dê como certa a derrota da direita nas próximas eleições não é de estranhar de quem se arroga o papel de receptáculo infalível da vontade popular.
O que é inaceitável é que queira fazer os (e)leitores de parvos, acusando outros de hipocrisia e populismo mas recorrendo para isso, com inegável arte mas sem ponta de vergonha, ao fingimento mais rasteiro e ao populismo mais barato.
FA
terça-feira, dezembro 07, 2004
Precipícios
Ainda que o presidente Sampaio ache que o país não merece uma explicação para os seus actos (justificados e reflectidos ou talvez não), a verdade é que a queda deste Governo, para além das desastradas (mais do que desastrosas) prestações dos homens próximos do PM, se fica essencialmente a dever a um tipo de discurso que não deveria vingar na opinião pública e muito menos convencer o PR. Falo, obviamente, do discurso do cataclismo, da iminência do colapso, da inevitabilidade do pântano. É o mesmo tipo de crítica que faço, para não dizerem que sou faccioso, ao discurso de certos elementos do partido Conservador Inglês em relação à governação de Tony Blair.
Não há precipícios numa democracia ocidental do século XXI. Haverá ladeiras que sobem e descem consoante a paisagem. Concerteza que há encruzilhadas marcantes e caminhos mais largos ou mais estreitos que percorremos de acordo com as escolhas de cada momento. Direi mesmo que poderá existir uma lógica de evolução num sentido mais estatizante ou reformador consoante as cores que ocupam as cadeiras do poder e os ventos económicos que sopram de além-mar.
Abismos, calamidade e perdição são pobres argumentos. Próprios de quem não ousa um discurso mais evoluído.
FA
Ainda que o presidente Sampaio ache que o país não merece uma explicação para os seus actos (justificados e reflectidos ou talvez não), a verdade é que a queda deste Governo, para além das desastradas (mais do que desastrosas) prestações dos homens próximos do PM, se fica essencialmente a dever a um tipo de discurso que não deveria vingar na opinião pública e muito menos convencer o PR. Falo, obviamente, do discurso do cataclismo, da iminência do colapso, da inevitabilidade do pântano. É o mesmo tipo de crítica que faço, para não dizerem que sou faccioso, ao discurso de certos elementos do partido Conservador Inglês em relação à governação de Tony Blair.
Não há precipícios numa democracia ocidental do século XXI. Haverá ladeiras que sobem e descem consoante a paisagem. Concerteza que há encruzilhadas marcantes e caminhos mais largos ou mais estreitos que percorremos de acordo com as escolhas de cada momento. Direi mesmo que poderá existir uma lógica de evolução num sentido mais estatizante ou reformador consoante as cores que ocupam as cadeiras do poder e os ventos económicos que sopram de além-mar.
Abismos, calamidade e perdição são pobres argumentos. Próprios de quem não ousa um discurso mais evoluído.
FA
segunda-feira, dezembro 06, 2004
Os maus políticos e o sol de Inverno no Ribatejo
O VPV conclui na sua prelecção dominical o que qualquer empresário estrangeiro que quer fazer negócios em Portugal percebe ao fim de cinco minutos de passar a alfândega do Aeroporto da Portela. Portugal pode ser um atraso de vida mas tem um clima porreiro.
Lembro-me a este propósito de uma conversa com um empresário Inglês cliente do escritório onde fiz o estágio. Eu tinha ido à sede da fábrica pela décima quinta vez numa semana recolher a vigésima sexta assinatura no décimo triplicado das contas da sociedade por causa de uma escritura que estava marcada pela nona vez no Notário da terra que nunca mais se decidia sobre os documentos necessários para a dita. “Desta vez é que ia ser”, prometia eu no meu entusiasmo voluntarioso próprio dos imberbes. O cliente, já com dez anos de actividade empresarial em Portugal, encolhia os ombros num estilo nada Inglês e olhava lânguidamente para a paisagem Ribatejana que se estendia verdejante pela janela fora debaixo de um ameno sol de Inverno. “Isto tinha de ter alguma contrapartida” pensava ele em voz alta.
FA
O VPV conclui na sua prelecção dominical o que qualquer empresário estrangeiro que quer fazer negócios em Portugal percebe ao fim de cinco minutos de passar a alfândega do Aeroporto da Portela. Portugal pode ser um atraso de vida mas tem um clima porreiro.
Lembro-me a este propósito de uma conversa com um empresário Inglês cliente do escritório onde fiz o estágio. Eu tinha ido à sede da fábrica pela décima quinta vez numa semana recolher a vigésima sexta assinatura no décimo triplicado das contas da sociedade por causa de uma escritura que estava marcada pela nona vez no Notário da terra que nunca mais se decidia sobre os documentos necessários para a dita. “Desta vez é que ia ser”, prometia eu no meu entusiasmo voluntarioso próprio dos imberbes. O cliente, já com dez anos de actividade empresarial em Portugal, encolhia os ombros num estilo nada Inglês e olhava lânguidamente para a paisagem Ribatejana que se estendia verdejante pela janela fora debaixo de um ameno sol de Inverno. “Isto tinha de ter alguma contrapartida” pensava ele em voz alta.
FA
quinta-feira, dezembro 02, 2004
MANEL ACÁCIO A PRESIDENTE
A História, aquela contada pelo povo e não a outra, relatada pelos historiadores, tende a lembrar os políticos, não pelos seus feitos ou defeitos, mas por palavras ou frases que, em determinado momento, resumem a sua actuação, a sua visão, os seus propósitos. Churchill teve a "Cortina de Ferro", Kennedy teve o "Eu sou um Berlinense", Reagan o "Império do Mal", Bush o "Eixo do Mal". Na paróquia, e para tocar apenas nos exemplos mais recentes, tivemos o Cavaco do "Deixem-nos Trabalhar" e o Guterres do "Pântano". Pelo entendimento que demonstrou ter da função governativa, Sampaio arrisca-se a ficar para a posteridade como o Presidente "Bom Dia ao Fórum".
FMS
A História, aquela contada pelo povo e não a outra, relatada pelos historiadores, tende a lembrar os políticos, não pelos seus feitos ou defeitos, mas por palavras ou frases que, em determinado momento, resumem a sua actuação, a sua visão, os seus propósitos. Churchill teve a "Cortina de Ferro", Kennedy teve o "Eu sou um Berlinense", Reagan o "Império do Mal", Bush o "Eixo do Mal". Na paróquia, e para tocar apenas nos exemplos mais recentes, tivemos o Cavaco do "Deixem-nos Trabalhar" e o Guterres do "Pântano". Pelo entendimento que demonstrou ter da função governativa, Sampaio arrisca-se a ficar para a posteridade como o Presidente "Bom Dia ao Fórum".
FMS
quarta-feira, dezembro 01, 2004
E agora?
Agora que a poeira começa a assentar. Que a excitação juvenil própria do recreio do liceu dá lugar à ponderação fria dos corredores do poder. Que os jogadores tomam os seus lugares e nós, espectantes, aguardamos nas alas que o nosso futuro seja decidido. Agora cada um tem que fazer pela vida. Santana tem que garantir que em Fevereiro ainda é ele que manda (alguma vez mandou?) no PSD. Sócrates tem que antecipar a agenda dos Estados Gerais (ou lá como é que isso se chama nos dias que correm) enquanto dá ares de grande estadista. Portas irá desfazer qualquer réstia de hipótese de coligação pré-eleitoral que isto de ser exemplo de estabilidade também cansa e não dá assim tantos votos. O BE e PCP estão sempre prontos para a confusão, objectivo mediato da sua actuação política.
Pela minha parte vou daqui a pouco ver o Sporting e comer um bitoque no café Português ali ao fim da rua. Esta coisa dos golpes palacianos dá-me fome.
FA
Agora que a poeira começa a assentar. Que a excitação juvenil própria do recreio do liceu dá lugar à ponderação fria dos corredores do poder. Que os jogadores tomam os seus lugares e nós, espectantes, aguardamos nas alas que o nosso futuro seja decidido. Agora cada um tem que fazer pela vida. Santana tem que garantir que em Fevereiro ainda é ele que manda (alguma vez mandou?) no PSD. Sócrates tem que antecipar a agenda dos Estados Gerais (ou lá como é que isso se chama nos dias que correm) enquanto dá ares de grande estadista. Portas irá desfazer qualquer réstia de hipótese de coligação pré-eleitoral que isto de ser exemplo de estabilidade também cansa e não dá assim tantos votos. O BE e PCP estão sempre prontos para a confusão, objectivo mediato da sua actuação política.
Pela minha parte vou daqui a pouco ver o Sporting e comer um bitoque no café Português ali ao fim da rua. Esta coisa dos golpes palacianos dá-me fome.
FA
A teoria da gota
A fonte de instabilidade afinal é o próprio PR. Demite-se o Primeiro-Ministro e ele não dissolve o Parlamento. Demitem-se ministros, dão-se reformas chorudas a outros, o Professor Marcelo tem um dos seus ataques, os computadores do Ministério da Educação dão o berro, no Congresso do PSD o que está a dar é o ataque ao parceiro de coligação, mas nada disto justifica a dissolução do Parlamento. Não. Nem sequer a demissão de um Ministro quatro dias depois de tomar posse. A razão apontada para justificar esta tomada de posição é "a apreciação política global que o Presidente faz do país". A semana passada estava tudo bem, esta semana convocam-se eleições porque a análise política do "nosso" PR se alterou. Deve ser isto o semi-presidencialismo. Uns dias o PR é amigo e garante da estabilidade, quando tem os azeites tudo pode acontecer. Convenhamos que enquanto sistema político não deve muito à clareza e objectividade. Os meus colegas e amigos Ingleses não há meio de perceberem. Eu também não. Mas lá que é divertido...
FA
A fonte de instabilidade afinal é o próprio PR. Demite-se o Primeiro-Ministro e ele não dissolve o Parlamento. Demitem-se ministros, dão-se reformas chorudas a outros, o Professor Marcelo tem um dos seus ataques, os computadores do Ministério da Educação dão o berro, no Congresso do PSD o que está a dar é o ataque ao parceiro de coligação, mas nada disto justifica a dissolução do Parlamento. Não. Nem sequer a demissão de um Ministro quatro dias depois de tomar posse. A razão apontada para justificar esta tomada de posição é "a apreciação política global que o Presidente faz do país". A semana passada estava tudo bem, esta semana convocam-se eleições porque a análise política do "nosso" PR se alterou. Deve ser isto o semi-presidencialismo. Uns dias o PR é amigo e garante da estabilidade, quando tem os azeites tudo pode acontecer. Convenhamos que enquanto sistema político não deve muito à clareza e objectividade. Os meus colegas e amigos Ingleses não há meio de perceberem. Eu também não. Mas lá que é divertido...
FA