segunda-feira, janeiro 31, 2005

UMA REDUNDÂNCIA

Estado Fiscal.

FMS
Um cidadão, um voto, um dever cumprido



Sem querer entrar na onda de exaltação e emoção que estas ocasiões costumam gerar, convém não menosprezar o exemplo de cidadania corajosa que os cidadãos Iraquianos nos deram ontem. Por entre ameaças e intimidação, atentados e desinformação, filas de espera e desorganização, lá foram, disciplinada e democraticamente, exercer o seu direito, enquanto cidadãos livres, de escolher livremente o Governo do seu país. Simples. Faremos nós outro tanto no dia 20 de Fevereiro?

FA
É PARA ISTO QUE QUEREM UMA POLÍTICA EXTERNA E DE SEGURANÇA COMUM?



MOVIMIENTO CRISTIANO LIBERACIÓN

MENSAJE A LA UNIÓN EUROPEA.


El pasado 6 de Diciembre redactamos unas recomendaciones sobre la política hacia Cuba de la Unión Europea. Estas recomendaciones fueron entregadas en Europa y en Cuba a representantes de los estados miembros y a la Comisión de la Unión Europea.
Lo que pedimos en nuestra propuesta entregada a la Unión Europea fue y sigue siendo: Que la decisión de reiniciar el diálogo, vaya unida a la decisión, ahora, de solo continuarlo, si de aquí a junio liberan incondicionalmente a los 75 Prisioneros de la Primavera de Cuba; si se produce, en ese plazo, un claro compromiso del gobierno de completar la liberación, en este año, de todos los prisioneros políticos y si cesa la persecución de los disidentes y otros ciudadanos que piensan diferente al gobierno y en todos los campos en la que esta persecución existe ahora.
Algo muy diferente a nuestra petición son las recomendaciones del Comité de Política y Seguridad de la Unión Europea de suspender temporalmente las medidas adoptadas en Junio del 2003, reiniciar el diálogo y simplemente reexaminarlas en Julio del 2005.
Estas recomendaciones parecen olvidar que esa conducta de la Unión Europea era la que tenía, reexaminándola, de plazo en plazo, durante años, antes de marzo del 2003. Mientras tanto, en Cuba se mantenían, como ahora, cientos de prisioneros políticos, sin perspectivas de liberación y una intensa persecución. Fue sólo cuando detuvieron y condenaron injustamente a los Prisioneros de la Primavera de Cuba que la Unión Europea tomó esas medidas.
¿Vamos a reiniciar un nuevo ciclo hasta las nuevas detenciones masivas? ¿Qué podemos esperar para julio del 2005 de los gobiernos europeos que impulsaron la suspensión de las medidas y que desde hace tiempo marcaron un claro distanciamiento de la oposición interna? ¿Acaso la propuesta de otra espera mientras nuestros hermanos presos son lentamente aniquilados?
Nosotros creemos en la buena voluntad de todos los miembros de la Unión Europea, pero llamamos a que escuchen nuestras voces en este momento, en que sus pasos pueden contribuir positivamente al bien del pueblo cubano, que sabemos también desean.

Oswaldo José Paya Sardiñas - Minervo Lázaro Chil Siret

Antonio Rodríguez Vázquez - Juan Felipe Medina Díaz

Ernesto Martini Fonseca - Flavio Labrador Freige

A nombre del Consejo Coordinador del Movimiento Cristiano Liberación
La Habana, 29 de enero de 2005

JV
TRADUTORE TRADITORE

O texto de Vaclav Havel intitulado:

- El indecente homenaje a Fidel Castro, em espanhol;
- L'indécent hommage à Fidel Castro, em francês,

aparece no PÚBLICO de ontem sob este título:


Pergunto-me se o tradutor se daria a semelhante trabalho inventivo caso o facínora fosse outro (Pinochet, por exemplo).

JV


sexta-feira, janeiro 28, 2005

POST ABSOLUTAMENTE ESPONTÂNEO

Depois de "És um gajo indecente, já falei de ti e do teu blog e tu nem uma palavrinha!..." aqui fica um LINK para um GRANDE BLOG, de um GRANDE AMIGO, que VALE A PENA CONHECER.

JV


P.S.: Vale mesmo. Eis a prova.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

PS promete «revolução» na Administração Pública

Viva Zapata, Zapatero y Socratero!

JV
Jerónimo de Sousa quer seduzir ala esquerda do PS

Isto significa que vamos ter que o ver dançar outra vez?

JV
Justificação de Falta

Estive por fora estes últimos dias mas prometo, em época de campanha, dar uma ajudinha na medida que o tempo me permita e a consciência me dite.

Este fim de semana passa-se alguma coisa?

FA

PS - Já agora, alguém me explique como é que São Paulo cresceu tanto. Não parou de chover desde que cheguei. Não há praia. Faz frio. O trânsito é insuportável. Anda tudo com cara de poucos amigos, portas trancadas e por trás de vidros fumados. Agora o Rio...
VISÃO

Apetecia-me comentar o "contributo cívico" de Freitas do Amaral para as legislativas, mas não vale a pena. Ainda estamos longe das presidenciais.

JV

PRESTAR ATENÇÃO



22. Todavia é um povo saqueado e despojado, todos foram acorrentados nos cárceres, fizeram-nos desaparecer nas prisões; são expostos à pilhagem sem que ninguém os livre, despojam-nos, e ninguém lhes faz restituir.

23. Quem dentre vós prestará atenção a essas coisas? Quem as ouvirá pensando no futuro?"


Isaías 42:10-25

DBH

O VERME

Lembro ainda o tempo em que achava o flip flopping de Freitas do Amaral uma coisa natural e até aceitável. Tempos aziagos do curso de Direito em Coimbra, em que contactava diariamente (ok, não tão diariamente), directa ou indirectamente, com Rawls, Dworkin e exemplos quejandos do pensamento politicamente correcto que aquele citava como influências (Marcello Caetano aparecia em agradecimentos esparsos, não fosse alguém insinuar um ou outro plágio).

Tudo normal, portanto. Freitas tomava posições políticas públicas conforme ditava a sua consciência, mais susceptível que era a determinadas ideias. Apenas suspeitei da verdadeira natureza da personagem quando as posições públicas passaram a ser tendencialmente partidárias (aderindo sempre a quem estivesse em posição mais favorável) e, noutros casos, destinadas a limpar o passado que carrega às costas (aquelas peças semi-infantis). Depois do apelo à maioria absoluta do PSD nas últimas legislativas, o artigo de hoje na Visão é mais um nojo que deveria ser ensinado nas escolas primárias como exemplo a não seguir.

Tenho sincera pena do que sucessivamente o recebem como seu. E, já agora, de entre todos os Diogos meus amigos, daqueles que receberam dos pais, por homenagem e junto com todo o amor do mundo, o nome deste verme.

FMS
NUNCA MAIS



JV


quarta-feira, janeiro 26, 2005

POSTAL DOS CORREIOS



Querida mãe, querido pai. Então que tal ?
Nós andamos do jeito que Deus quer,
Entre os dias que passam menos mal,
Lá vem um que nos dá mais que fazer.

Mas falemos de coisas bem melhores,
A Laurinda faz vestidos por medida,
O rapaz estuda nos computadores,
Dizem que é um emprego com saída.

Cá chegou direitinha a encomenda,
Pelo "expresso" que parou na Piedade;
Pão de trigo e linguiça p’ra merenda,
Sempre dá para enganar a saudade.

Espero que não demorem a mandar
Novidades na volta do correio,
A ribeira corre bem ou vai secar?
Como estão as oliveiras de "candeio"?

Já não tenho mais assunto p’ra escrever,
Cumprimentos ao nosso pessoal;
Um abraço deste que tanto vos quer,
Sou capaz de ir aí pelo Natal,
Um abraço deste que tanto vos quer,
Sou capaz de ir aí pelo Natal.

JV
O PCP NO SEU DEVIDO LUGAR

No rescaldo da entrevista de Paulo Portas à SIC-Notícias da qual Jerónimo de Sousa foi um espectador privilegiado, Martim Avillez Figueiredo notou uma importante evolução no léxico dos comunistas portugueses. Obrigados a contrariar a bondade aparente das políticas sociais do Dr. Bagão, que os desarmou de grande parte dos seus temas eleitorais, abandonaram as referências aos "mais ricos", substituindo aquela expressão por uma outra: "os grandes contribuintes".

De todas as evoluções que o partido de Jerónimo vem sofrendo (quase nenhuma, diga-se), não há outra que tenha acertado tanto no sentido correcto. Não sendo um partido aristocrata, também não é uma agremiação burguesa. E falar de "ricos", caracterizando o semelhante com base nas suas posses, sempre me pareceu fora daquele contexto. Agora "contribuintes", isso sim, é coisa de colectivista oitocentista, é mais parecido com o "cidadão" jacobino, com a crença igualitarista, com o complexo de superioridade do Estado.

Que a mudança se tenha sentido ontem, é facto inesperado mas com sentido. No fundo, também é isto que se pede a Paulo Portas. Que ponha o PCP no seu devido lugar.

FMS
ISTO EXPLICA MUITA COISA



Não há ovos sem omeletes.

Luísa Mesquita, deputada do PCP
debate sobre Educação na RTP1


JV

segunda-feira, janeiro 24, 2005

VOTAI EM MIM

Prometo mais 150.001 empregos e menos 75.001 funcionários públicos. Retirarei 30.001 idosos da pobreza e comigo a economia crescerá 3,01% em cada ano da próxima legislatura. Apesar do esforço hercúleo que para tal será necessário, terei ainda tempo, engenho e coragem para construir mais duas travessias do Tejo e fazer chegar o TGV a Pontevedra, quer ele queira, quer não queira.

A escolha é fácil. Comparem o meu programa, os meus numeros e os meus prazos com os dos outros e depois, como se diz em política, é só fazer as contas.

FMS
A FIGURA DE PARVO COMO DEVER DE OFÍCIO

Não é coisa que me aconteça muito e suspeito que não será sentimento que o próprio deseje que os outros tenham por si. Mas tive pena do Daniel Oliveira enquanto assistia, no "Eixo do Mal", ao seu primeiro momento público de incapacidade argumentativa. Aquela pose desconfortável de quem defende o indefensável. Aqueles tiques inquisitórios, de fuga para a frente, abrindo conjecturas e pressupondo sentidos aceitáveis onde manifestamente eles não existem. No fundo, aquele olhar embaraçado de Luis Delgado. Louçã tinha-se enterrado dois dias antes e o Daniel andava ali à procura de um outro buraco providencial.

Uma coisa é certa: os companheiros de programa também não ajudaram. Fiéis ao tratamento de redoma com que o Daniel é normalmente tratado, escusaram-se a revelar a militância e o grau com que este a exerce no Bloco. É coisa que normalmente funciona a seu favor, permitindo-o parecer um cronista isento e imparcial, um livre-pensador da nova geração. Desta vez, não. Se a referência tivesse sido feita, a audiência saberia que todo o embaraço mais não era do que um dos ossos do ofício e, como eu, teria ficado pela pena. Apenas. Como, apesar da fama, são poucos os que conhecem a sua vida partidária, o Daniel passou por estúpido e ignorante. O que, de todas as coisas que sobre ele se podem dizer, até são das que estão mais abaixo na escala da verdade.

FMS
OS PRELIMINARES

Comprometi-me a escrever durante o fim-de-semana um post sobre o aborto. Mas a questão prévia ocupou-me mais tempo do que o previsto. Não me queixo.

FMS

domingo, janeiro 23, 2005

sexta-feira, janeiro 21, 2005

MINUDÊNCIA

Hoje, a Dra. Maria de Belém quis ter graça. Comparou o governo PSD/CDS a um tsunami. Não conseguiu.

JV
O BOMBEIRO BARNABÉ

Tinha passado só para dizer olá. Um aceno breve. Fugaz. Que estava vivo, mas de passagem. Em campanha, parecia. Com o credo na boca e o Bloco na alma. Mourejando, de terra em terra. Com pouco tempo para blogar. Havia que compreender. Despedia-se da assessoria para dar a cara ao manifesto. Que já voltava. A mãe e a blogosfera que não se preocupassem. A casa estava bem entregue. Arrumada. Chegaria quando chegasse. Se o quisessem. Pois, claro.
Mas, de repente, ainda a mensagem não arrefecera, ei-lo de novo. Decidido, irrompe sob as vestes de bombeiro Barnabé. Diligente, no afã salvador, justifica acrobaticamente comportamentos pedestres. Profissional, apaga fogos com gasolina. Trocista, invoca a Fé dos outros.
Que gosta da vida. Que sabe o que é a vida. Que sabe o que são crianças. Quando as vê. Que se indigna. Que não admite. Que se irrita. Que tem filhos. Que é pessoa. Que é pai. Mais um.
Adivinha-se (com tremor) o dia em que a demografia substituirá a arrogância, a demagogia e o populismo como táctica preferencial do BE.


JV

Adenda: Acabo de ver o bombeiro em acção no Eixo do Mal. Se por escrito já era mau, ao vivo e a cores tem mais graça.


O PARTIDO DO GERADOR

JV

LÓGICA BLOQUISTA

Se bem percebi, o BE é a favor do aborto porque o Dr. Louçã é capaz de gerar vida.

JV
INVEJÁVEL COORDENAÇÃO

Há que dar a mão à palmatória. Há coisas em que o BE é imbatível. A capacidade de utilização dos meios de comunicação a seu favor é uma delas. Nesse aspecto, o dia de ontem foi paradigmático: às 19h e 2m, o Daniel Oliveira deu "Prova de Vida" no Barnabé e, poucas horas mais tarde, no já célebre debate na Sic Notícias, Francisco Louçã fez exactamente o mesmo.

JV
CRITÉRIOS EDITORIAIS

Na reportagem que antecedeu o comentário que se seguiu ao debate Portas/Louçã, a Sic Notícias cortou (estrategicamente?) a comovente aparição da filha de Francisco Louçã no debate político. Foi pena.

JV


quinta-feira, janeiro 20, 2005

UMA BOA PIADA

Francisco Louçã acaba de proibir quem não tem filhos de ser contra o aborto.

JV
A teia de mentiras

A propósito da suposta ditadura insular Madeirense muito se tem escrito.

As pressões. O clientelismo. O peso do Governo. A promiscuidade entre o poder político e o poder judicial. A política e o futebol. Tudo coisas insulares. Produto genuíno Madeirense. Coisas que no continente nem vê-las. É o efeito tropical.

É verdade que o mesmo partido ganha todas as eleições regionais vai para 30 anos. Mas e então? O voto na Madeira não é secreto? Será que há uma votação paralela por braço no ar como em certas organizações políticas? Goste-se ou não se goste do líder e, pessoalmente, não tenho grande simpatia pelo senhor, ou se prova que há fraude eleitoral, que tudo não passa de um embuste, que o poder judicial está nas mãos dos políticos, que a corrupção grassa ou então se calhar a oposição é que tem de se esforçar mais para convencer os cidadãos de que as coisas vão de mal a pior.

Chamar o poder central para intervir porque, na opinião de alguns iluminados, “só assim é que se põe o Régulo na ordem” é que me cheira a autoritarismo.

Já o Ibarretxe...

FA

quarta-feira, janeiro 19, 2005

OLD BOYS & NEW BOYS

Sou um leitor lento. Também Montaigne, como o próprio revelou algures, o era, facto que gosto de alardear com o propósito da justificação (não é a primeira vez que aqui o faço). Em todo o caso, é um defeito por vezes útil. Quando, por exemplo, um nostálgico irremediável começa a sentir falta daquele preciso livro com que na circunstância se ocupa, pode sempre confortar-se com a perspectiva do tempo que aquela leitura lhe irá ainda tomar.

Já lá vão dez semanas desde que comecei a ler a obra-prima cuja capa abaixo reproduzo. E, apesar do empenho, o marcador repousa ainda na mesmíssima página em que repousa o do Ricardo. Uma curiosidade directamente catalogada no ficheiro das "Coisas do Caraças".



Se o leitor é lento, convém que seja igualmente indisciplinado. Os mais picuinhas lembrarão que a indisciplina apenas agudiza a lentidão. Evito dar-lhes de novo com o Montaigne. Até porque o que eu quero é que os mais picuinhas se entretenham em relações físicas endogâmicas e deixem os menos zelosos do pormenor na sua doce ignorância (calma, rapazes, vocês não!). A indisciplina é o complemento ideal da preguiça. É como o adultério para a fidelidade, sendo que o dono daquelas iniciais ali em baixo se declara praticante apenas do primeiro termo comparativo - da indisciplina, entenda-se, que é por ela que aqui estamos.

Anyway. O que quero dizer é que, não fora esta indisciplina inescapável, este pular da cerca de livro em livro, de estante em estante, de biblioteca em biblioteca, não leria metade dos livros que compro. O Sr. Alexander Waugh tem sido vítima lá em casa de diversos punhais espetados no dorso. O último tem capa reproduzida a seguir e não se trata de uma qualquer traição, muito menos de uma one night stand. Não é uma mera traição física, a troca de um livro por um outro. Não. É todo um desvio de orientação, toda uma experimentação sexual. Se com a família Waugh estamos na Inglaterra imperial e tradicional, com a gente de que o Sr. Rennison pretende ser guia estamos, pese embora a coincidência geográfica, num quadrante temporal e cultural completamente oposto: a Inglaterra pós-colonial, multicultural e interclassista dos Srs. Amis, Barnes, Rushdie, Banks, Welsh, McEwan et alia. É um guia muito recomendável sobre gente, muita dela igualmente recomendável.

É triste. Mas a vida não é só tweed, sherry e erres afectados.



FMS

MANIFESTA PARCIALIDADE


O Manuel, da Grande Loja, resolveu comentar desta forma o meu post acerca dos símbolos do totalitarismo:

manifesta infelicidade


No Quinto dos Impérios João Vacas escreve ...


O DN de hoje transcreve uma afirmação de Silvana Koch-Merin, deputada alemã ao Parlamento Europeu: «toda a Europa sofreu no passado em consequência dos crimes dos nazis. Por isso, seria lógico que os símbolos nazis fossem banidos de toda a Europa». E pronto.
Recorrendo ao mesmo critério, e admitindo que essa coisa do banimento de símbolos é factível (e não é contraproducente), lembro-me de mais qualquer coisa a juntar à lista de proscrições.
ao que justa dois selos como ilustração - uma com uma suástica e outro com uma foice e um martelo.
É uma declaração manifestamente infeliz e insensata. Goste-se ou não, o facto é que antes, e depois, da Revolução Russa, pesem os Estalines, e os Pol Pots deste mundo, sempre existiu uma componente ideológica mais ou menos abstracta, pacífica e "respeitável" do comunismo/marxismo/socialismo. Ora tal não se pode dizer, nem de perto nem de longe, do nazismo que, como doutrina, nunca foi dissociável da sua praxis. Só por isso o defendido pelo João Vacas é uma monumental disparate, um disparate que equivale não a demonizar o comunismo na pessoa da foice e do martelo mas sim a relativizar o nazismo. Esperava-se mais juízo.”

usa para este efeito um tom paternalista que nem enobrece o seu comentário, nem facilita a minha resposta. Talvez julgue que sei quem é. O que, manifestamente, não é o caso. Ou talvez creia que basta o ar de reprimenda para que me penitencie ou desdiga. Enganou-se duplamente.
No afã com que enunciou a tal "componente ideológica mais ou menos abstracta, pacífica e "respeitável" do comunismo/marxismo/socialismo", o Manuel esqueceu-se de ler o que escrevi.
Relembro: "Recorrendo ao mesmo critério, e admitindo que essa coisa do banimento de símbolos é factível (e não é contraproducente), lembro-me de mais qualquer coisa a juntar à lista de proscrições.".
Ora, o critério usado pela deputada alemã foi o de que «toda a Europa sofreu no passado em consequência dos crimes dos nazis.». Escapa-me - e é, decerto, defeito meu - em que medida o sofrimento invocado tem que ver com elaborações teóricas alegadamente benfazejas.
O Manuel omite a múltipla e milenar utilização da suástica, não esquecendo, curiosamente, o inegável vilipêndio que sobre ela hoje recai devido à sua identificação com uma das forças mais monstruosas que assolaram o século passado. No entanto, apesar de a foice e o martelo decorrerem directamente da revolução russa e de terem sido sempre utilizados no contexto igualmente monstruoso do sovietismo, optou por eximir o símbolo - relativamente recente, quando comparado com o anterior - do opróbrio que recai sobre o “socialismo real". Ainda que este sempre o tenha usado e seja para sempre com ele identificado. Prova bastante disso mesmo é a circunstância de os partidos pós-comunistas e eurocomunistas se terem visto livres dele, tal era o embaraço.
Entendamo-nos. Falava-se de crimes concretos e de símbolos com eles conotados. Não de teorias, tonalidades ou interpretações. Ainda que seja defensável a tese da natureza intrinsecamente perversa do marxismo. Já para não falar da constatação do fascínio leninista (teórico e prático) pela violência.
"Infelicidade e insensatez" é dizer que se leu o que não está escrito. Ainda assim, aconselharia o Manuel a apresentar as suas teses e avaliações convenientemente nuancées a homens como o polaco Wladyslaw Bartoszewski, que sofreu a prisão nazi em Auschwitz e a mesma sorte sob o jugo comunista. Ele lhe dirá, bem melhor que eu, o que pensa sobre as relativizações e a asséptica separação entre teoria e prática que preconiza.
Devolvendo-lhe a adjectivação, o desconhecimento da sua identidade impede-me de acalentar qualquer tipo de expectativas quanto ao seu juízo.

JV

segunda-feira, janeiro 17, 2005

A SIMBOLOGIA DO CRIME



O DN de hoje transcreve uma afirmação de Silvana Koch-Merin, deputada alemã ao Parlamento Europeu: «toda a Europa sofreu no passado em consequência dos crimes dos nazis. Por isso, seria lógico que os símbolos nazis fossem banidos de toda a Europa». E pronto.
Recorrendo ao mesmo critério, e admitindo que essa coisa do banimento de símbolos é factível (e não é contraproducente), lembro-me de mais qualquer coisa a juntar à lista de proscrições.

JV
SMS DO DIA

Um grupo de académicos concluiu, de forma irrefutável, que Cristóvão Colombo era socialista: partiu sem saber para onde ia, chegou sem saber onde estava, regressou sem saber de onde vinha. Tudo isto à custa do dinheiro dos outros.

JV

sábado, janeiro 15, 2005

I have speeded hither with the very extremest inch of
possibility


 I am as poor as Job, my lord, but not so patient

Caros JV e PPM,
Obrigado pela preocupação sobre a minha fraca presença nos dois blogues (este é o primeiro post do ano) mas nem todos podemos estar no centro das batalhas.

Abraços,

DBH

sexta-feira, janeiro 14, 2005

CAPAS À ANTIGA



É bom sentir menos 15 anos em cima.

FMS
Ninguém fez mais por Portugal



FA
ESTRATÉGIA EM COMPASSO BINÁRIO

Fontes bem colocadas junto da direcção de campanha do PS garantem ao NQdI que o processo socialista para fazer render o peixe nesta campanha se resume a este truque singular:

- num primeiro dia, diz-se ao Eng. Sócrates para repetir um sound-byte que inclua um conceito pomposo (tipo "limiar de pobreza"), sem que este saiba adiantar muito mais sobre ele;
- no dia seguinte, explica-se ao Eng. Sócrates o que o conceito significa, permitindo-lhe maravilhar os jornalistas que, na véspera, tinham desconfiado das suas evasivas.

Esta estratégia brilhante possibilita a duplicação das notícias sobre o assunto:

- primeiro, "Sócrates promete X, mas não sabe o que X é";
- e, depois, "Sócrates, afinal, sabe o que é X".

Bem visto.

JV
FLIP FLOPPER, MOI?



FMS

quinta-feira, janeiro 13, 2005

É A CULTURA, ESTÚPIDO!

Mais uma vez, na mesa da frente, que é o lugar dos groupies quando não há backstage. Como é deprimente ouvir "intelectuais" sobressaltados com a urgência de educar o homem da rua, de lhe transmitir os ambientes mentais dos clássicos para sua sabedoria e felicidade eterna ("uma redundância!" - gritaria um declamador de Ary dos Santos - "uma redundância!"). Era bom que os "intelectuais" pensassem na quantidade de livros que deixariam de ler enquanto se ocupavam em convencer os outros de que o O'Neill é melhor Alexandre que o Frota. Passava-lhes a ânsia e evitavam aos outros o incómodo.

FMS


José Sócrates não pretende repor os benefícios fiscais eliminados pelo Governo de coligação no orçamento de 2005. Quando o documento foi apresentado, o PS considerou que estes benefícios eram um ataque à classe média.

JV
Eternamente adiado



Portugal parece-me por vezes uma gigantesca obra de Santa Engrácia. Vai-se construindo, ao sabor das marés, pelos pedreiros que calharem estar de serviço, as mais das vezes com pedraria roubada da obra ali da esquina. Obra tosca e de utilidade duvidosa.

Andamos nisto há quase 900 anos mas ainda assim não aperfeiçoámos a técnica. Ou será que nos esquecemos como se faz? Afinal, cumprir um país não é a mesma coisa que andar de bicicleta.

FA
BE quer «choque» para criar emprego



JV


quarta-feira, janeiro 12, 2005

DO ALTO DO LIMIAR



Sócrates tentou explicar hoje por que formas um putativo governo socialista aumentaria o apoio aos idosos mais necessitados. Questionado sobre a fórmula do aumento, que teria como referência o "limiar de pobreza", respondeu: "[o limiar] É um termo técnico que está quantificado". Versão Clooney (ou clowny) do já célebre "é só fazer as contas".

JV
SIM, E QUAIS SÃO AS BOAS NOTÍCIAS?



Diz o PÚBLICO de hoje que António Guterres vai participar na campanha para as eleições legislativas em apoio de José Sócrates.

JV
Zero à Esquerda

Se em vez de Durão tivéssemos enviado o Engenheiro Sócrates para a Europa, o crescimento económico na zona euro seria 3% e não 0.3%.

FA

terça-feira, janeiro 11, 2005

MENDIGANDO MAIORIAS

Recorrendo bastas vezes a múltiplas e inventivas formas de dar lastro à teorização que vem expendendo acerca da premente necessidade de dar uma maioria absoluta ao PS, Vital Moreira resolveu assustar ontem os seus e-leitores com uma notícia d' A Capital na qual João Teixeira Lopes admite que o BE não teria problemas em propor uma moção de censura contra um governo minoritário do PS. Não é propriamente a visão do Apocalipse, mas é o que se arranja.
Segundo Vital Moreira, a bravata bloquista constitui "decisão histórica" susceptível de apavorar o povo da esquerda e de o mobilizar a embarcar de forma ordeira na salvífica solução socrática. Pois, está claro.
Omitindo qualquer explicação acerca dos méritos do PS para justificar semelhante confiança do tal "povo", termina desta forma notável: "Só é de estranhar que o PS ainda não tenha feito da sustentabilidade e da estabilidade governamental uma questão-chave das próximas eleições.". Seria de estranhar que o PS (já) tivesse lata para o fazer.
A questão que, manifestamente, escapou a Vital Moreira não é a de o PC e o BE serem ou não "forças de esquerda". É a de serem anti-democráticos. Mas isso, como dizia a outra, não interessa nada.

No que toca à mendicidade, prefiro a honesta:


JV
Perguntas para o Engenheiro dos 3% (a.k.a. Engenheiro “Dona Branca”)

Se for PM o que vai fazer ao Código de Trabalho? Vai, como propõe o BE, deixar cair essa reforma legislativa que aliás o PS votou contra?

Se for PM o que acontecerá ao Rendimento Mínimo? Será ressuscitado em toda a sua glória (e despesa) de outrora?

Se for PM como é que vai, simultaneamente, garantir a contenção do défice público dentro dos parâmetros PEC, não recorrer a receitas extraordinárias, pôr a economia a crescer de “forma sustentada”, diminuir o peso do Estado na economia e combater a burocracia, fomentar a “revolução tecnólogica”, tudo isto ao mesmo tempo que diminui o desemprego, evita o aumento de impostos e prossegue políticas socias irrealistas?

Faça favor de explicar. A malta aguarda. Sentadinhos, para não nos cansarmos.

FA




Não foi para isto que fizémos o 25 de Abril... pá!

Sabendo que Portugal é o país da UE com o indíce de sinistralidade mais elevado. Sabendo que não há em Portugal quem não tenha um familiar, amigo ou conhecido morto ou mutilado nas estradas do país. Sabendo da propensão dos Portugueses para o desrespeito das normas mais elementares de boa conduta rodoviária. Sabendo, para além disso, da divulgação nacional do desporto de evitar notificações postais e esperar por amnistias presidenciais. Sabendo tudo isto, é espantosa a reacção de determinadas agremiações (de benfeitores obviamente!) ao Novo Código da Estrada.

“Não houve estudo de impactos” – Associação dos Cidadãos Automobilizados

“O diploma está ferido de inconstitucionalidade” – Associação de Consumidores de Portugal

“A vida dos cidadãos fica mais complicada” – Bastonário da Ordem dos Advogados

Estes “civis da sociedade” (que não é o mesmo que Sociedade Civil) estão particularmente preocupados com o princípio de obrigar os infractores a pagar a coima no “momento do crime”. É esta a medida da sua preocupação. Estudos escusados. Arrazoados legalísticos. A incoveniência para os prevaricadores.

Não sei porquê mas parece-me que a última coisa que os preocupa é a segurança rodoviária. Até ao dia...

FA
UMA QUESTÃO DE AGENDA

No dia em que o Parlamento Europeu discute com gáudio, pompa e circunstância o Tratado Constitucional, que faz Sócrates? Promete dar prioridade ao referendo do Aborto e adiar este debate.
É impressão minha ou vislumbra-se já a reedição do modelo guterreiro de gestão de dossiers?

JV
EXPLICA LÁ OUTRA VEZ

Outrora

A proposta de lei do novo Código do Trabalho foi hoje aprovada na generalidade com os votos a favor do PSD e CDS//PP e os votos contra dos partidos da esquerda parlamentar.

Agora

Não devemos deitar fora tudo aquilo que foi feito apenas por objecções ideológicas

FMS
TROCA POR TROCA

Seria agradável que os nossos irmãos brazucas cumprissem os deveres de reciprocidade que nos unem. Se o Joãofoi, começa a ser tempo de enviarem o Alexandre. Mas desta vez não aceitamos enganos. Na última remessa veio o Alexandre errado.

FMS
QUERO LÁ SABER

Não sei o que é mais ridículo e entediante. Aliás, também não sei se é mais ridículo ou mais entediante: se as investidas diárias e programadas dos senhores jornalistas contra o Dr. Santana e respectiva entourage, aproveitando toda e qualquer minudência factual para fazer germinar uma migalha de polémica acerca das qualidades pessoais e políticas da trupe em causa (e, assim, cumprir o seu próprio programa político); se a preocupação obsessiva que o Primeiro Ministro e personagens afins demonstram em explicar factos políticos que alegam não o serem verdadeiramente. Não me sinto, de todo, confortável ao trazer para aqui outros pontos da minha agenda. Mas começa a ser tempo de os senhores do PSD perceberem que não é navegando ao sabor da onda que se luta "contra ventos e marés". Por vezes, quando o assunto não merece mais, um seco e desdenhoso "quero lá saber" é o suficiente.

FMS

segunda-feira, janeiro 10, 2005

11 (ou 10) de cada lado. Tudo é possível.



Por aqui este fim-de-semana foi de Taça e as equipas “grandes” tiveram de suar as estopinhas para levar de vencidos os chamados “minnows”. Um deles, o Exeter, empatou na casa do Man United forçando assim o jogo de desempate. Já o Scunthorpe, diz quem viu o jogo, merecia ter saído de Stamford Bridge com mais qualquer coisinha que uma derrota pesada por 3-1. O próprio Mourinho admitiu que o Chelsea teve sorte e disse mesmo que, se tivesse jogado fora, provavelmente teria perdido.

Li outro dia (já não me lembro onde) que, nos dias que correm, as equipas mais pequenas trabalham tanto os aspectos físicos como as equipas grandes e que é sobretudo por isso que o novo adágio do futebol, “já não há jogos fáceis”, tem muito de verdadeiro.

FA

PS – Já agora, no plano doméstico, "we are top of the league. Say: we are top of the league!" Os Sócios estão contentes. Vamos ser campeões!

sábado, janeiro 08, 2005

O MENINO DO PAPÁ



Ao colinho até S. Bento.

JV
APELO

Depois das últimas declarações do Presidente da República, só há uma coisa a fazer:


TODOS SOMOS POUCOS PARA AJUDAR O DR. JORGE SAMPAIO A ACABAR O SEU MANDATO COM (ALGUMA) DIGNIDADE

JV

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Nem é preciso, Fernando.

É que

JV
Eu não queria ser faccioso…

...mas já repararam que no mesmo dia em que certas juventudes partidárias aparecem nos media a fazer birrinhas por causa das listas de candidatos à AR uma outra publica num jornal nacional um dos melhores artigos de opinião que tenho lido ultimamente?

Ah, pois é. E até eu, que nem acredito em teorias abissais, dou por mim a elogiar o (nosso) Xico.

FA
TROCA DE GALHARDETES

Caro Paulo,
A honra é nossa.
Pela minha parte, aceito (e agradeço) o convite e retribuo, disponibilizando para esse efeito o meu canto do Quinto.

JV
RETIRO O QUE DISSE (e transcrevo)

A Vantagem do Abismo
Por FRANCISCO MENDES DA SILVA
Sexta-feira, 07 de Janeiro de 2005

A poucas semanas das eleições, começa a ser óbvio que a campanha será mais uma oportunidade desperdiçada, dificilmente se encontrando nela espaço para a discussão daquilo que é crucial e que, de entre todas as solicitações com que os eleitos se verão confrontados, deverá obter resposta mais urgente.
O Presidente da República, depois de meses dedicados a alertar o Governo e o povo incauto para a vida que existe para além do défice, veio, na sua mensagem de Ano Novo, reconhecer que sem o saneamento das contas públicas pouco se conseguirá fazer para melhorar esse vasto mundo em crise que outrora tanto o preocupou. E, certamente sem pretender ser original, propôs o que poderia ter já proposto há muito mais tempo: um pacto de regime em torno de uma série de medidas ameaçadoras para alguns reumatismos instalados na sociedade portuguesa.
É, porém, imperceptível a utilidade desse apelo aos consensos. Para além de enganadores e contrários aos hábitos e mecanismos da democracia, são também improváveis e, na ocorrência da sua ínfima possibilidade, largamente contraproducentes.
Por outro lado, o caminho a percorrer deixou de ser uma opção ideológica, sendo hoje uma questão de mera descida à terra e de adaptação anuente à realidade. Com o estado a que chegaram os cofres do Estado, com a modéstia dos nossos níveis de produtividade e com a crescente concorrência de países onde a expansão inelutável do capitalismo chegou recentemente para impor como incontestáveis as suas regras, é de senso comum que falamos.
Daí que, por muito que o português em apuros aprecie a figura salvífica do emigrante respeitado e preparado para a missão da sua vida, armado com regra e esquadro para desenhar a solução definitiva para os males da pátria, não é necessário o recurso a tal expediente.
O caminho que Portugal deve percorrer tem coordenadas definidas, apreensíveis e aplicáveis por quem goze de bom senso e competência. Por um lado, trata-se de diminuir drasticamente o peso do Estado e a sua actividade, abrindo espaços para que quem pode e deve criar riqueza e emprego efectivamente o faça, abolindo-se todos os entraves inúteis à livre iniciativa, assim como todos os impedimentos à liberdade das famílias e dos indivíduos na condução das suas vidas conforme escolhas próprias. Por outro, trata-se de dotar o Estado dos mecanismos necessários ao reforço da sua autoridade nas áreas em que é insubstituível.
É um esforço com um horizonte geracional que, em última análise, levará a uma profunda alteração do entendimento que temos da função do Estado, remetendo-o para um papel essencialmente subsidiário. É um esforço que passará por um reconhecimento generalizado do falhanço ruinoso da gestão pública nas áreas de monopólio estatal, como a saúde e a educação; pela dedicação do "welfare state" aos que realmente dele necessitam e na medida em que dele necessitem; pela redução progressiva, até ao limite das exigências de funcionamento dos serviços da Administração Pública, do número de pessoas que dependem do Orçamento sem produzirem riqueza; e, obviamente, por uma decisiva reforma da Constituição, sem a qual todo o projecto de liberalização da sociedade portuguesa continuará a ser uma bela efabulação contada em serões de académicos divididos entre a ânsia e a frustração.
Porém, repito, do que se percebe da pré-campanha eleitoral, continuaremos a ter de suportar os proverbiais discursos messiânicos e paternalistas de governos apoteóticos e oposições apocalípticas, com os seus discursos vazios e circulares, definindo "novas fronteiras" ou apelando à "coragem" das massas, com reiteradas e nauseantes declarações de amor e confiança nos portugueses.
É pena. Bem vistas as coisas, do que nós, portugueses, precisamos é de políticos que gostem um pouco menos de nós, deste nosso torpor assistencialista, corporativista e sebastianista. De políticos que nos digam, olhos nos olhos e sem artifícios, que a única forma de evitarmos definhar é assumirmos a condução das nossas vidas em liberdade e com responsabilidade. De políticos que construam um Estado alerta e resoluto, pronto a superar as nossas insuficiências, mas nunca caprichoso ou hiperactivo. Contra os estatistas de todos os tipos. Contra os colectivistas de todas as tendências. Contra os socialistas de todos os partidos. Por um Estado mínimo de rendimento máximo.
Nos dias azougados que correm, Portugal goza do alívio de, para se salvar, ter apenas um caminho como opção.
É essa a vantagem do abismo.


JV

quinta-feira, janeiro 06, 2005

NEM LÊ-LOS

Olha que não, Paulo, olha que não.
Desde o ano passado que o DBH e o FMS não dão a esta costa.
Bom ano!

JV

Copyleft



Será que se fizermos utilizações indevidas da imagem de Che poderemos incorrer numa violação de copyright?

FA




Niguém fez mais por Portugal



FA

quarta-feira, janeiro 05, 2005

UMA BOA PIADA

Graça, das boas, tem o editorial do mesmo jornal acerca do galardoado, assinado por Rogério Rodrigues. Para justificar a atribuição, o autor, alçado em juiz da História, escreveu pérolas destas:

- "Católico, mas adepto das teses do Concílio do Vaticano II do Papa João XXIII" (era escusado o uso da adversativa, os outros estão aqui);
- "tentou humanizar a África, portuguesmente mal colonizada" (portuguesmente mal escrito);
- "conseguiu o respeito, à excepção de Álvaro Cunhal, de todos os líderes e influentes da Democracia portuguesa, ele, que surgia de um sistema totalitário" (errado conceptual e factualmente: é Cunhal e não Adriano quem é fruto de um sistema totalitário);
- " E o professor compreendeu que podia viver, pensar e discordar num Portugal enxuto de mitos imperiais, reduzido às suas fronteiras, mas senhor da sua identidade e dignidade." (chega a comover);
- "E o professor foi merecedor desta prova dada." (mas que bem);
- "foi ele mesmo que se marginalizou e afastou de um partido de que foi líder e onde hoje não se reconhece" (esta é novidade);
- "Este Grande Prémio honra uma vida, não um pensamento político." (não vão os leitores fiéis d' A Capital enxofrar-se com a escolha).


JV
UMA BOA DESCULPA

A Capital resolveu atribuir a Adriano Moreira o seu Grande Prémio 2004, tributo simpático a uma carreira notável.
É uma boa desculpa, como qualquer outra, para lhe dar os parabéns.

JV
ESTÃO LOUCOS



Para confirmar o clima de sandice já demonstrado pelo FA, aqui ficam mais duas histórias acerca da Espanha de ZP:

- O Canal+ explicou aos seus espectadores como cozinhar um Cristo para duas pessoas...
«Se toma un Cristo macilento para dos personas... Se extraen las alcayatas y se le separa de la Cruz... Los estigmas pueden mecharse con tocino... Se desencostra con agua tibia y se seca cuidadosamente... En una fuente, y sobre lecho de cebollas, colocaremos al Cristo, al que untaremos con abundante mantequilla... Se deja en horno moderado durante tres días, al cabo de los cuales él solo sale...»;

- Uns rapazes que compõem uma coisa chamada Islam y Al-Andalus criticaram as celebrações do V centenário de Isabel, a Católica e as comemorações anuais da tomada de Granada e Almeria aos mouros, protagonizando um revionismo histórico bem ao gosto do Camarada Rosas e advogando que «los andaluces debemos reclamar de los partidos políticos democráticos y de nuestras instituciones, se tomen las medidas oportunas para que estas conmemoraciones no vuelvan a celebrarse en nuestra tierra; por respeto a nuestra historia, a nuestros antepasados, a nuestros valores y por encima de todo ello, para que nuestros hijos no vivan en una sociedad con muestras de intolerancia».
Está claro.
JV
A ler



É fundamental ler o editorial de hoje do ABC acerca da aprovação no Parlamento Basco a 30 de Dezembro de 2004 do Plano Ibarretxe de Outubro de 2003.

Que a soberania e unidade do Estado Espanhol caminham alegremente para o cadafalso já ninguém parece duvidar, resta saber se essa caminhada passa ou não por uma nova guerra civil.

FA
NÃO COLES, QUE ME PREJUDICAS

O argumento usado pelo Prof. Cavaco para não autorizar que a sua fotografia constasse dos cartazes é o de que esta utilização poderia prejudicar a sua "carreira académica". Pois.
Adivinham-se já novos desenvolvimentos:
- Pinto Balsemão vai reconsiderar e pedir que retirem a sua fotografia (porque pode prejudicar a imagem de independência do grupo económico a que preside);
- A família de Sá Carneiro fará o mesmo (com o argumento de que pode prejudicar a memória do militante n.º 1);
- Durão Barroso pedirá que se abstenham de colocar a sua (por respeito à natural imparcialidade que o exercício do seu cargo recomenda).
Não cola.
JV
Fui ontem à bola e lembrei-me do PSD



É verdade. Mas, pergunta decerto o estimado leitor, o que tem o Arsenal FC que ver com o PSD? Aparentemente nada. O Thierry Henry é infinitamente melhor avançado do que o Santana é político. No entanto houve uma coisa que me chamou a atenção até porque o jogo (tirando o espectacular golo do Shaun Wright-Phillips e a assistência primorosa do Henry para o golo de Ljungberg) estava aborrecido.

Num canto do estádio de Highbury (no topo Norte para os mais entendidos na matéria) quatro cartazes lembram vitórias de outras épocas. Não sei porquê mas onde estava a lembrança dos triunfos em White Heart Lane em 1971, Anfield em 89, Old Trafford em 2002 e de novo White Heart Lane em 2004, comecei a ver as caras de Sá Carneiro, Balsemão, Cavaco e Durão Barroso à laia de poster de campanha eleitoral.

É assim mesmo. Na ausência de orgulho no presente e com o adversário a ganhar vantagem a cada jornada o que resta mesmo é a invocação de glórias passadas. Por isso é que o Chelsea vai ser campeão e o PSD não.

FA

terça-feira, janeiro 04, 2005

CENAS DA INTEGRAÇÃO EUROPEIA - 4
ou a Esquerda sem máscara


Fotografias tiradas no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, durante a sessão plenária de Dezembro:






e o já clássico



Estes momentos de profunda reflexão sobre a natureza humana destinavam-se a apoiar a aprovação de um relatório (CATANIA) sobre a estratégia europeia em matéria de Droga. Aqui está a resolução final. Um primor.

JV
O ESQUIZOTROTSKY



O Prof. Cavaco obrigou o PSD a retirar a sua fotografia dos outdoors de pré-campanha.

JV
Homini Lupus

Até na desgraça mais cruel. Mesmo perante o sofrimento mais atroz. Ainda assim a ganância, o vício e a predação do homem pelo homem soma e segue.

Cuidado pois com pedidos e ofertas de ajuda falsos e, sobretudo, contas bancárias indevidamente identificadas ou não indicadas por fontes 100% fidedignas.

Aqui em Inglaterra o normal tem sido as contribuições serem encaminhadas através das próprias empresas ou serviços públicos. Foi o que eu e a minha mulher fizémos sendo que a empresa em causa igualou a nossa pequena dádiva contribuindo com o mesmo montante que nós demos. É mais seguro e eficaz. A salvo de oportunistas sem vergonha nem remorsos.

FA
O João Camilo tem um blog

Chama-se Blue Everest e é bom. Muito bom. Sobretudo quando não é de Direita nem de Esquerda mas apenas do João.

FA
O nosso quintal

Não consigo evitar um sentimento de culpa sempre que dou por mim a analisar a tragédia do maremoto que se abateu sobre o sudoeste asiático a partir da minha experiência pessoal daqueles lugares e do contacto mantido com aquelas gentes. Por mais que veja imagens de desolação no Sri-Lanka ou do sofrimento dos Indonésios, as notícias que mais me inquietam são sempre as da destruição na Tailândia, sobretudo das àreas que visitei em Março de 2004.

São tantas as desgraças que nos entram sala-de-jantar adentro todos os dias via telejornal que nos tornamos insensíveis à desgraça alheia a menos que esta se abata sobre o nosso próprio quintal, o nosso vizinho.

A este propósito relembro aqui as palavras do presidente Clinton (em resposta ao apelo do presidente George W. Bush) lembrando que devemos contribuir generosamente na medida das nossas capacidades para aliviar o sofrimento destas populações. Não para receber uma medalhinha pela boa-acção mas porque isso é um imperativo de decência humana. Sobretudo quando pertencemos aos 10% mais ricos do planeta. Sobretudo quando muitos dos afectados pertencem aos 10% mais pobres.

O nosso quintal afinal tanto passa por Bagdad como vai até Aceh.

FA