sexta-feira, novembro 28, 2003

CLASS REUNION

Pela primeira vez, desde o início deste blog, os seus cinco autores estarão juntos para debater o futuro da Nação (onde é que jantamos sábado à noite?). O local será em naquela terra que não vai ter Taça América, porque não temos Rei.
DBH
Record broken

Para esclarecimento: Nem o FMS nem eu temos nada que ver com o Algarve... Julgam que lá por serem estrangeirados isto aqui é tudo a mesma coisa?
DBH
For the Record

Para esclarecimento dos nossos leitores, vimos por este meio informar que este blog é tido e mantido por Martim Borges de Freitas e João Vacas (MBF e JV, correspondentes no Reino dos Belgas), Fernando Albino (FA, no Reino Unido), Francisco Mendes da Silva e Diogo Belford Henriques (FMS e DBH no Reino de Portugal e Algarves). Imperialismos, Impropérios e Imperiais para oquintodosimperios@hotmail.com

A Gerência

quinta-feira, novembro 27, 2003

FREAK SHOW: Quanto mais ouço o Fórum TSF, mais me convenço que o famoso slogan da estação merecia uma actualização. Qualquer coisa do tipo: "TODOS OS QUE SE PASSAM, PASSAM-SE NA TSF".
FMS
IT´S OFFICIAL!! Este é, de todos, o blog que mais água mete.
FMS
REVISÃO DA HISTÓRIA:

Vamos lá então ver se eu percebi: mais de trinta anos depois, Paul McCartney pegou nas velhinhas gravações do Let it Be, mandou a produção e os arranjos do Phil Spector às urtigas e ordenou que se editasse uma nova versão mais crua e fiel à realidade de estúdio.

Ou seja: Sir Paul é o Estaline da Pop.

Ou seja: Freitas do Amaral é o John Lennon da política portuguesa.

Não é?

FMS

quarta-feira, novembro 26, 2003

Se ao menos…

Eu bem sei que muito mar nos separa da Coreia. Acho até que em termos de vivência democrática temos pouco a aprender com os Coreanos quer a Sul quer, sobretudo, a Norte do paralelo 38, mas lá que há formas de protesto que se deviam seguir lá isso...

FA
RADIO GA GA

O entusiasmo e optimismo com que a TSF trata a nossa candidatura ao America's Cup, elevando assim as expectativas, só pode ser malvadez...
DBH

terça-feira, novembro 25, 2003

25

Se Abril é da Liberdade, Novembro é da Democracia.

JV
PROPOSTA DE TESTE: Ontem, o Jornal da TVI deambulou por um tema intemporal. Os castigos corporais em crianças. O açoite paternal. Bom ou mau? A peça, por uma vez, era imparcial. Mostrava as duas posições: um casal com 11 filhos lembrou as maravilhas de uma boa estampilha dada com força suficiente e no timing adequado; um psicólogo experimentado, por seu turno, alertou para os traumas que a pequenada carregará para sempre consigo. Eu confesso que, perante o assunto, o meu coração balança entre a ternura do olhar infantil e a eficácia de um pouco de pedagogia retributiva ("pedagogia retributiva": bela contradição nos termos), que nunca fez mal a ninguém. Por isso, proponho um teste. Pegue-se no actual Presidente da Associação Académica de Coimbra e analise-se a sua infância. Se a investigação revelar uma educação com reguadas e carolos, proibam-se constitucionalmente essas práticas. Se, porventura, se descobrir que o menino foi trazido à idade adulta sem que lhe chegassem a roupa ao pêlo com frequência, acorrente-se-o, então, à Porta Férrea e atire-se-lhe com um cadeado de 20 quilos pela cornadura abaixo. Pardon my French.
FMS
Piquete de greve

A luta dos trabalhadores da Carris por condições de trabalho condignas (leia-se salários mais altos) não conhece obstáculos. Não contentes com o terrorismo social que as suas greves provocam (ver este artigo a esse propósito) agora também recorrem à sabotagem ao melhor estilo do “Italian Job”.

Se a greve fosse do Metro sem dúvida que teriam alagado toda a rede que teimasse em servir o público (ao melhor estilo estação Baixa-Chiado).

Ai que saudades!

FA

segunda-feira, novembro 24, 2003

GENEROSIDADE E DESINFORMAÇÃO ou A RENOVAÇÃO SEGUNDO EDGAR

(...) Mas os comunistas estarão abertos a um novo partido?

Muitos militantes generosos da causa comunista, e que não têm responsabilidades nos problemas no PCP, fazem uma avaliação da realidade com a qual eu não concordo. Porque a fazem com base na informação que lhes foi disponibilizada internamente, que é muito pouco verdadeira.

O PCP engana os militantes?

Obviamente que sim. Um dos principais problemas que existe no partido é a circulação de informação, que é restrita e muitas vezes deturpada.

Mas não foi sempre assim no PCP?

Provavelmente foi. Mas hoje há alterações do ponto de vista político e organizacional que antes não se colocavam.


entrevista a Edgar Correia
In DN 24.XI.03

Ficámos a saber que tudo estaria bem, não fossem as "alteraçõe do ponto de vista político e organizacional" que agora se colocam ...

Edgar, consigo a renovação está garantida!

JV
Swing low, sweet chariot…

A Inglaterra ganhou o campeonato do mundo de Rugby. Ganhou bem. Será o fim do domínio do hemisfério Sul sobre a modalidade? Não estamos tão entusiasmados como estes senhores mas a vitória dos “poms” sobre os Wallabies pode pelo menos marcar uma nova fase de equilíbrio mundial e um aumento da competitividade entre as nações mais importantes. Quer o País de Gales quer a Irlanda e a França deram claramente a entender que, com mais um ou dois anos, terão alcançado os Ingleses, Australianos e Neo-Zelandeses ao nível físico (ao nível técnico sempre foram dos melhores executantes). A Escócia e a Itália têm urgentemente que atalhar caminho. Os Springboks, para mim a maior decepção do torneio, têm muito que fazer sobretudo, segundo consta, ao nível do rugby de clubes e das províncias para recuperar a glória de outros tempos. A seu tempo veremos!

Nunca mais chega o próximo campeonato do mundo?

FA

sexta-feira, novembro 21, 2003

NEGROS HÁBITOS

Atenção: O ilustre Presidente da AAC ameaça com o luto académico. Ui, que medo!

O que a burlesca personagem ainda não percebeu é que desde que preside à Académica é esse o estado natural lá do sítio.

Fechem-no, a ele, a cadeado e talvez o ambiente melhore.

Francisco, do que te safaste!

JV
ON THE OTHER HAND

Não podia concordar mais com o Eduardo no plano desportivo (só não prefiro o futebol).


Haka (Ka Mate)

Ka mate, Ka mate!
Ka ora, Ka ora!

Ka mate, Ka mate!
Ka ora, Ka ora!

Tenei te tangata puhuruhuru
Nana i tiki mai whakawhiti te ra!

A hupane, kaupane
A hupane, kaupane whiti te ra!

Hi!





JV
MEC'S BACK

Houve tempos em que comprava o Blitz com espírito militante. Eram os dias do Pedro Gonçalves (mais britânico) e do Miguel Francisco Cadete (mais americano). No último par de anos, o (outro) pasquim da Duque de Loulé aproximou-se em voo rasante de um jornalismo rasteiro, popularucho, a acompanhar o gosto duvidoso das criancinhas em idade liceal (Limp Bizkits e coisas assim). Isto para não falar das cíclicas investidas políticas - o tipo de coisas que me afastaram da Les Inrockuptibles.

Entretanto, o Pedro Gonçalves voltou, o design imitou o NME e, acima de tudo, continua por lá o Jorge Mourinha (o melhor crítico de cinema que temos).

Por estas e por outras, eu sabia que mais tarde ou mais cedo teria que retomar a assiduidade. Hoje, porém, levei um empurrão decisivo do Ricardo Peres, figura incontornável da noite de Coimbra e um velho utente deste blog:

Caro FMS,

Não sei se terás dado por isso - pelo menos, não vi nenhuma referência no
vosso blog - que a Blitz vai reeditar, 21 anos depois da edição original, o
Escrítica Pop, do Miguel Esteves Cardoso. O livro vai estar à venda com a
última edição de 2003 e com a primeira de 2004 desta revista, e,
posteriormente, será vendido com a chancela da Assírio & Alvim. Claro que
vou comprar, ainda que já o tenha, nem que seja para ver se o MEC resistiu à
tentação, tão moderna, de reescrever a história: será que ainda pensa que o
Ian Curtis não era o elemento mais importante dos Joy Division?

Um abraço

(Ricardo Peres)

FMS

CRITÉRIOS TURCOS

Talvez comovido pela barbárie de ontem, o Eduardo manifestou-se favorável à "rápida entrada da Turquia na UE", não lhe interessando se aquele país cumpre ou não aquilo que designa por"os critérios".

Os "critérios", caro Eduardo, são, de facto múltiplos, mas os fundamentais não são de carácter económico.

São os políticos e sociais, i.e., a existência de um verdadeiro Estado de Direito Democrático, o respeito pelas liberdades individuais (sobretudo pelas liberdades de associação e expressão), respeito pelas minorias étnicas, separação entre Estado e Forças Armadas, regular funcionamento do sistema judicial e adequação e proporcionalidade de penas, etc.

Também não quero uma Europa asséptica, e combato sempre que posso o défice democrático das suas instituições, mas o que não desejo é a entrada neste espaço de um Estado que, manifestamente, ainda não oferece garantias suficientes a este respeito.

A ideia de aumentar uma espécie de "clube dos leprosos" "sem índices, números, gráficos, estatísticas, indicadores e tabelas para ostentar" mas com histórias empolgantes e/ou grandiosas não só não é realista como joga a nosso desfavor.

Não estamos, nem estivemos, no mesmo patamar da Turquia no que respeita àqueles desdenhados "critérios".

Quanto à longa e rica história da Turquia, não a questiono.

Seria, no entanto, conveniente perceber-se que foi construída no confronto com os Estados europeus (ou com os outros Estados europeus, para os politicamente correctos).

A tal riquíssima história turca esteve por mais que uma vez prestes a galgar os muros de Viena e nós próprios já tivemos que lhes acalmar os ímpetos expansionistas.

É passado, dir-se-á. Concordo que sim. Mas é também História, a tal que parece nortear o Eduardo.

Sei que a religião do milénio é o multiculturalismo e o respeito pelas religiões dos outros (que, curiosamente, nem sempre respeitam a nossa cultura e a nossa religião), mas valerá a pena ter alguma prudência antes de semear ventos.


JV
Vi o Bush!

Ontem às oito da noite na Marylebone Road em frente ao Landmark Hotel ali perto de Baker Street no sentido Marylebone Flyover-Euston numa caravana de carros e motos, polícias e carrinhas com ar de secret services. Ia na primeira limusine do lado esquerdo. Apesar de passar muito depressa vi perfeitamente a cara do Presidente dos EUA e ele acenou e tudo. Deve-me ter reconhecido. Ao fim ao cabo andei na mesma escola da mãe dele (se bem que com mais de 60 anos de diferença). Se calhar acenou para a minha namorada.

Quis acenar de volta mas já não fui a tempo. Onde é que há uma manif de apoio ao Bush? Será que os profundamente democráticos Socialist Workers’ Party ou a totalmente imparcial e objectiva Stop the War Coalition me podem informar?

A propósito de manifs, acompanhei com interesse o debate entre o DO e o Mata-Mouros sobre os números de participantes. Este tipo de discussão faz-me sempre lembrar as discussões sobre as adesões às greves entre sindicatos e patrões. Para um retrato do que se passou ontem ver esta excelente reportagem do Times de hoje. Pela minha parte, e passei ontem por Parliament Square, a impressão que me deu é que havia mais polícias que manifestantes. O condutor de táxi que me levou era da mesma opinião.

Pouco antes das oito da noite em Edgware Road (antes portanto de ver o Bush) vi um senhor, visivelmente enebriado, envergando uma t-shirt com uma desenho da bandeira americana a arder e empunhando uma bandeira da Palestina. Na mão contrária, uma garrafa de cerveja. Ia acompanhado por uma senhora a empurrar um carrinho de bébé com uma miúda claramente grande de mais para esse meio de transporte a dormir tranquilamente com a cabeça encostada num poster que dizia qualquer coisa como “Bush, #1 terrorist”.

Adoro a liberdade de expressão. O Presidente dos EUA também. O Socialist Workers’ Party e o Stop the War Coalition não sei.

FA

quinta-feira, novembro 20, 2003

Brussels, this is Radio Free London

Enquanto uns se divertem a atacar o líder eleito da mais importante democracia ocidental, o dito líder profere um dos mais importantes discursos acerca da política externa Americana e Europeia dos últimos tempos.

A irracionalidade e desproporção do protesto (nem o Presidente Mugabe foi recebido com tamanha “dedicação”) são tanto mais confrangedoras quanto mais claro se torna que a sobrevivência da civilização ocidental por vezes requer o uso da força, implica em casos extremos conflitos armados, resulta lógica e naturalmente na identificação de inimigos e no seu combate. O resto são lirismos inconsequentes.

Em caso de dúvida convém não esquecer que em nenhum país do mundo Árabe (tirando a Turquia e sabemos bem o preço que os Turcos têm pago pela sua democracia e liberdade) uma manifestação livre destas dimensões seria possível.

Agora se me desculpam vou ao jantar anual da Anglo-Portuguese Society ouvir discursos e divertir-me que isto aqui ainda é um país livre. Graças aos EUA.

FA
HELLO, LONDON? BRUSSELS CALLING, OVER!

Aguardamos o contacto com o nosso correspondente em Londres que melhor poderá comentar o ajuntamento que hoje, no dia em que foram chacinados ingleses em Istambul, resolveu manifestar-se (surpresa das surpresas!) contra o Presidente dos Estados Unidos.

JV
OS COFRES DO PENTÁGONO NÃO VÃO AGUENTAR: Anda para aí um novo blog a escarnecer no Futebol Clube do Porto e a desdenhar os feitos do grande Académico de Viseu. Porém, como politicamente tem mostrado muitíssimo mais bom senso, aqui fica o link. Vão lá então ao novo brinquedo do Zé Pedro, mais um do lado certo da história.
FMS
CASTING PERFEITO

Ontem à noite, Francisco Louçã no "Perfeito Anormal".

A Sic Radical continua a mostrar um faro certeiro para os castings.

FMS

quarta-feira, novembro 19, 2003

To comment or not to comment

Andei a ponderar algum tempo antes de me pronunciar sobre este facto político. Hesitei não tanto por uma questão de parcialidade (não que houvesse algum mal nisso), não propriamente por genuína falta de conhecimento de todos os contornos do caso (não que isso alguma vez tenha impedido alguém de opinar) mas talvez mais pela proximidade geográfica do tema. Vou conhecer inevitavelmente a Maria Elisa aqui em Londres e vou poder avaliar em primeiríssima mão o seu trabalho na Embaixada. A seu tempo espero poder tecer aqui os elogios que por ora não posso.

A questão para mim é muito simples. Não se prende com a suspensão do mandato. Não se prende com a saúde da pessoa em causa. Não se prende sequer com a sua nomeação nas circunstâncias em que ocorreu. Prende-se tão só com o facto de uma Deputada da Nação abandonar o cargo para que foi eleita para vir desempenhar uma função menor (quando comparada com o cargo que ocupou) em que o custo mensal da sua presença excede o orçamento anual de que dispõe para prosseguir os seus objectivos. Isto, que ainda não vi comentado em lado nenhum, é que me parece grave. Tanto mais quanto haveria no MNE em Lisboa ou mesmo aqui na Embaixada em Londres pessoas capazes (e mais baratas) para desepenhar este cargo. A Embaixada, como aliás o Consulado, atravessam momentos financeiros muito difíceis. Malgrado o enorme esforço dos diplomatas e funcionários que por cá ainda andam, os emigrantes, ricos ou pobres, qualificados ou não, velhos ou novos, têm pouco ou nenhum apoio e vêm poucas ou nenhumas actividades culturais Portuguesas por estas bandas.

Estes problemas, que são os que me interessam (não a intriga politico-partidária para variar) não se resolvem com mais pessoas, mais custos fixos, mais despesa. Em primeira mão, ainda por cima em época de apertar o cinto, resolvem-se com racionalização dos recursos existentes. Tem sido esta aliás a lógica de reforma que este Governo tem implementado. Por isso custa dizer, e a muitos soará como demagogia, mas, aquilo que sinto é que se fosse para mandar um funcionário público para Londres, melhor seria se o MNE tivesse contratado mais dois ou três funcionários consulares pelo preço de uma conselheira cultural e um orçamento simbólico.

FA

terça-feira, novembro 18, 2003

ONDE É QUE EU JÁ OUVI ISTO?

Tenho acompanhado com prazer imoderado a polémica entre o Pedro Lomba e o pessoal do Barnabé sobre as várias esquerdas de que este último se alimenta. A esse propósito, permito-me o seguinte comentário:

Ao contrário do que dizem no Barnabé, para a malta a esquerda e a extrema-esquerda não é a mesma coisa. Por exemplo: o Pedro Oliveira é de esquerda, o Daniel Oliveira é de extrema-esquerda, o Rui Tavares e o Celso Martins gostam de conviver. Como podem ver, não somos injustos, sabemos identificar as nuances de um comuna.

FMS
O HUMPTY DUMPTY DO PC





"Humpty Dumpty sat on a wall:
Humpty Dumpty had a great fall.
All the King's horses and all the King's men
Couldn't put Humpty Dumpty in his place again."



Sem mais comentários, aqui ficam excertos de dois textos de antologia da autoria de Leandro Martins, novo autor de culto para este blog:

(…) Ou o 25.º aniversário do pontificado de João Paulo II, esse sobrevivente dos quatro «cavaleiros do Apocalipse» - Reagan, atingido por Alzeimer, já se esqueceu de tudo, Tatcher foi para a reforma mas tem a satisfação de ver a sua obra continuada por Tony Blair, Gorbatchov lá anda a vender as suas pizas americanas, só o Papa resiste sob a pressão de Parkinson.
Mas não me vou meter nisso. Ainda assim, colateralmente - porque o apocalipse do século XX foi marcado pelo tropel americano sobre as ruínas de um muro -, vou falar de muros.
Hoje, derrubado o muro que defendia o socialismo, os Estados Unidos levantam o muro mais expenso que os tempos modernos conhecem, para se «defenderem» da imigração mexicana. E Israel constrói o seu para confinar os palestinianos em ghettos. Que é feito da pregoada «globalização»?(…)



Já aqui escrevemos, no outro dia, sobre muros, a nova obsessão imperialista, que tem levado os mais agressivos estados a construí-los por extensos quilómetros e que mostram hoje não apenas a preocupação de defesa mas o objectivo de emparedar os que ousam lutar pela liberdade ou por um acesso a uma vida melhor.
Este duplo objectivo - defesa e opressão - está patente em cada uma das «obras públicas» de que falamos. Tanto nas terras exíguas da Palestina como nas larguezas da fronteira entre os Estados Unidos e do México. Não tem nada a ver com o célebre muro de Berlim que o imperialismo, bem ajudado pela traição, conseguiu furar e destroçar, ruindo simbolicamente aí as defesas de um sistema que lograra transformar o mundo e erguer um outro, mais justo e libertador(…).



Obrigado, Leandro, por seres quem és.

JV

segunda-feira, novembro 17, 2003

MAIS UM WHISKEY, SENHOR ALBINO

Há um lugar mítico, algures a meio do Século, que merece ser hoje lembrado porque cumpre mais um ano de (quase) ininterrupta existência ao serviço dos seus fiéis.

Em nome de todos os conversadores, conspiradores, coscuvilheiros, alcoviteiros e apreciadores de copos e bifes, em geral: Parabéns, Senhor Albino. Parabéns, Snob.

Que saudades.

JV

CONSERVADORISMO E VIDA PRIVADA:

Roger Scrutton tem por hábito ter razão. E por mania dizer as verdades simples. Na Spectator desta semana, expõe a única posição que um conservador pode tomar perante os rumores em torno da homossexualidade do Príncipe Carlos:

"There is a simple response to factitious scandals like the one that we have been living through, which is that it is none of your business. If the rumour is false, then you should not be interested. If it is true, then you should be interested even less. The wrongdoing, for proof of which you search the newspaper and the Google-box, is yours."

FMS
O LATINISTA INÚTIL: Dois meses de prática bastaram para confirmar a suspeita. O Latim, na advocacia, serve apenas para embelezar texto e enfeitiçar colegas, clientes e magistrados menos dados à erudição. Nada contra. Ou quase nada. Se é só pelas plumas, podiam ter avisado no liceu. Língua morta por língua morta, já tinha o Francês.
FMS
FRIENDS, ROMANS, COUNTRYMEN...

Comprem este livro... Cada blog tem direito a ter um guru.
DBH

domingo, novembro 16, 2003

O DRAGÃO DA VIZINHA



Pergunta: Numa palavra, como descreves este estádio?
Resposta: É melhor que o dos outros!

Inveja - o verdadeiro desporto nacional...

JV

sexta-feira, novembro 14, 2003

Dura veritas

Entrevista importante do Bastonário da Ordem dos Advogados aqui. Entrevista interessante para quem quer ler para lá do título sensacionalista da mesma.

Às vezes custa ouvir as verdades e nesta entevista há algumas que custam um pouco a aceitar como seja a falta de diálogo efectivo entre os operadores da Justiça incluindo o Ministério que devia actuar como motor político desse diálogo.

Recordo aqui no entanto as palavras que ouvi do próprio Bastonário há não muito tempo segundo as quais a verdadeira mudança só é possível se toda a Sociedade estiver disponível para aceitar uma Justiça que funcione.

Uma Justiça que funcione vai resultar no fim do estacionamento em cima do passeio, do fim da fuga à SISA e demais impostos, o fim das rendas congeladas, o fim das faltas injustificadas ao emprego, o fim de ficar a dever e não pagar, o fim dos subsídios sociais fraudulentos, o fim da Contribuição Autárquica a quinze tostões, o fim das obras sem recibos, o fim da protecção ao inquilino que não paga as rendas, o fim de não pagar multas à espera que venha o Papa... enfim, um sem fim de pequenos delitos que tornam a vida em Portugal tão prazenteira.

Parece-me que afinal quem falhou não foi a Ministra como diz o título da entrevista. Quem falhou, quem falha todos os dias é a sociedade Portuguesa habituada que está a não cumprir, a facilitar, a desresponsabilizar...

O que é duro não é a lei. É a verdade.

FA
O REGRESSO DO FILHO PRODI



Por falar em Sinistra, sinistro é o caso do Manifesto do Senhor Prodi.

Acometido de uma amnésia Fradesca, esqueceu-se (parcialmente) que é Presidente da Comissão Europeia e resolveu apelar à união dos balcanizados partidos da canhota italiana.

Confrontado com o coro de críticas, o nosso Comissário explicou que, afinal, o Manifesto é sobre a Europa e não sobre a Itália.

Ainda bem que é este homem imparcial e isento que orienta a intervenção política da Comissão defendendo intransigentemente os princípios de Separação de Poderes, da Independência e do Interesse Geral da Comunidade.

JV

quinta-feira, novembro 13, 2003

HOJE SOMOS TODOS TUDO!
(ou todos os dias somos qualquer coisa)


O Relativo PAS continua querer que sejamos todos qualquer coisa.
No fim de Outubro escrevia "Somos todos LGBT", agora exclama "Hoje somos todos italianos"...
No fim de contas, até entendemos: Os socialistas não se importam de ser o que quer que seja, desde que possam ser qualquer coisa que não o que estão a ser....
...Mesmo que implique serem da famosa Sinistra italiana!
DBH
ÊSSI AÍ, NÃO NOS LÊ NÃO...

Segundo a Lusa: "O historiador brasileiro Edgar Salvadori de Decca disse hoje, em Lisboa, que a cultura "mais requintada" brasileira é pouco conhecida em Portugal, sendo apenas intensas as manifestações artísticas de massa."

Ô Edgar, então e a blogosfera lusa? Cá na terrinha, pelo menos da UBL, não se faz outra coisa que não citar o Nelson, o Veríssimo e o Diogo.
DBH

quarta-feira, novembro 12, 2003

À ATENÇÃO DA COIMBRA EDITORA:

Hoje, ao abrir o manual de Direito da Sucessões do Prof. Oliveira Ascensão, deparo-me com a seguinte dedicatória:

"AO TENENTE-CORONEL MAGGIOLO GOUVÊA
- símbolo de tantos mortos recentes para os quais
temos esperado tempos de Verdade e de Justiça".


Quer-me parecer que já se justificava uma nova edição actualizada.

FMS

terça-feira, novembro 11, 2003

DEPOIS DAS TRÊS DA MANHÃ

Dentro do espírito de boa vizinhança, próprio da blogosfera, continuo a fazer publicidade:
O LFB, do Desejo Casar vai lançar um livro na próxima 5.ª feira, chama-se "Mudaremos o Mundo depois das 3 da Manhã".

Como já conhecemos os problemas de orientação deste autor que gosta de transportes públicos (ver este post), informamos ainda que para se chegar ao lançamento podem ser utilizados os autocarros 49, 60, 13 e o 6. O eléctrico, para os mais nostálgicos, pode ser o 25.
Além de desejar boa sorte para o Luís, avisamos que, para mudar o mundo depois das 3, o primeiro autocarro é o 13. Só não vai é para a Pontinha, mas sempre dá para chegar ao Bairro da Serafina.
DBH
LUNA CHEIA
Façam o favor de não vir ler este Blog na próxima 6.ª feira pelas seis da tarde. Sintonizem o rádio em 106.2 e ouçam um programa que, por entre música antiga, nos dá a ouvir poemas ditos pela CMC.
O FMS já aqui escreveu o que sente pelo anunciado fim da Voxx, eu sinto o mesmo pela LUNA. Parece que vai acabar naquela frequência, talvez continue na net. Entretanto, até lá, ouçam o programa.
DBH
FASHION VICTIM

A prisão de M. de Chateux Blanc (já sei que foi na semana passada, mas eu tenho andado afastado) mostrou-nos o trabalho que dá estar na moda. Se nos anos oitenta bastava vestir lantejolas para se aparecer nas fotografias, mesmo que em revistas duvidosas, hoje em dia é necessário ir ao TIC para garantir o mínimo de jornalistas à volta, mesmo que de televisões duvidosas.

Numa só jogada de mestre de PR, conseguiu mostrar ao mundo que possui milhares de contos. Sem parecer presunçoso ou arrogante. Parece que nem queria que se soubesse que viajava com 200.000 contos de jóias na bagagem. Simplesmente genial.

Além disso, Castelo Branco deu um novo sentido à palavra Fashion Victim!

A única coisa que me aflige foi a declaração da Polícia que afirmou tratar-se de uma operação de rotina...
DBH
BEM VINDA!

Bem vinda Isabel. A Isabel mostrou-me, parece que foi no século passado, o que era o pastilhas. Mostrou-me também o que é gostar de ler, de discutir, de escrever e, sobretudo, o que é gostar das pessoas. Todas, mesmo juntas.

A Isabel tem duas casas novas. Uma tem vista sobre o Tejo, a outra podemos nós visitar todos os dias aqui.
DBH
MY TURN
Algumas pessoas (3), reparam que tenho estado afastado da escrita do Quinto. A verdade é que este blogue funciona, de forma nunca planeada mas sempre comprovada, como se fosse escrito por turnos. Na semana passada o FMS mal tocou nas teclas do Quinto, em compensação escrevi eu e o FA. Esta semana tenho estado afastado, logo escrevem o JV e o FMS. No fundo, o FA, o JV, o FMS e eu andamos cá a escrever enquanto esperamos pelos posts do desaparecido MBF.
Assim, e por favor para com os nosso leitores, vê lá, Martim, se escreves umas linhas...
DBH
A MULHER DE CÉSAR: Desde que o Daniel Oliveira, em fraterno convívio bloguista, insinuou que eu era de extrema-direita, não mais tenho dormido descansado, tal é a ânsia de sacudir essa má fama do meu moderado capote. Um destes dias, iniciei-me na frequência de um conhecido ginásio de Lisboa. O primeiro contacto humano foi com uma monitora solícita, que se prestou a explicar o funcionamento do tapete de corrida. Teria eu que adaptar a máquina à minha pessoa com base em três items: "age", "weight" e "race". Ora, com a disposição politicamente correcta com que ando, aquele "race" pareceu-me deveras reaccionário. Um verdadeiro ultraje. Indiferente aos muitos seguranças de discoteca que me circundavam, espalhei desvario, insultos e ameaças várias. A menina, paciente, elucidou-me que "race" queria dizer "percurso". A partir de agora, quem quiser acreditar que não sou de extrema-direita, acredite. Quem não quiser, não acredite. Fazer figuras tristes é que não.
FMS
Retribuímos os beijinhos de um doce blog frutado.

JV
FIDES ET (IR)RATIO

Por ocasião dos 90 anos de Álvaro Cunhal, um jovem comunista lamentava-se que o partido dele só tinha estado no Governo 2 anos.

Indignado com a minha resposta à sua lamúria (Graças a Deus!!!) o materialista dialéctico atalhou: "Em dois anos, fizemos muito mais pela maioria do povo português do que outros em muito mais tempo!".

Na altura não percebi de que é que ele estava a falar.

Mas depois lembrei-me:



Estranhamente, a (talvez ingrata) maioria do povo português não apreciou o labor vermelho.

É dificil discutir assuntos de Fé.

JV
SUMMER OF 2003: O último fim de semana começou aziago. Abro o Y e reparo que fala de Ryan Adams em termos insultuosos. Que o novo "Rock'n'roll", sucessor da obra-prima "Gold", tresandava a U2 por tudo o que era poro. Conhecendo a crítica musical pátria como conheço, e estando habituado, como estou, à velocidade e tamanho dos seus dislates, desço à FNAC e confirmo o preconceito. Ryan Adams viajou do rock clássico e dos blues para os anos 80. Certo. Mas U2? Aliás, confesso que o que me deixou preocupado foram as leves reminiscências do rock FM de Bryan Adams. É mau, eu sei. Mas podia ser bem pior. Imaginemos, prendendo o vómito, que o menino se chamava Oy George. Ou Avid Hasseloff.
FMS
AINDA HÁ ESPERANÇA: Mil obrigados aos professores Jónatas Machado, João Loureiro, Vieira Cura, Pinto "a racionalizada realização judicativo-concreta do Direito" Bronze, Fernanda de Oliveira, Henrique Mesquita, Vieira de Andrade, Luis Pedro Cunha, Margarida Cortez, Susana Tavares da Silva, Lucinda Dias e Dulce Lopes por mostrarem que ainda há um resto de dignidade na minha alma mater . Já agora, que é feito do Pedro Caeiro?
FMS
NOVEMBER SPAWNED A MONSTER: Não consigo ser tão eloquente quanto o João o foi hoje, mas não ficaria de bem comigo próprio se não deixasse aqui a minha homenagem ao Dr. Cunhal:

I´ve come to wish you an unhappy birthday
Cause you're evil and you lie
And if you should die
I might feel slightly sad, but I won´t cry


Livra, que eu gosto mesmo do senhor!

FMS

segunda-feira, novembro 10, 2003

O DESVARIO

Durante uma conferência organizada pelo Rotary Club de Ílhavo, a Dra. Catalina Pestana - fazendo referência à história da instituição a que preside - teve a desdita de elogiar a reacção célere de D. Miguel na punição de um caso de pedofilia com crianças oriundas da Casa Pia.

Disse, para além disso, que ficaria à frente da Casa Pia enquanto Bagão Félix fosse o responsável pela tutela.
Tão só.

Mal sabia a responsável da Casa Pia que estava a abespinhar o lídimo herdeiro de uns valentes "malhados" de outrora que, apesar de ter dado pelo 24 de Julho de 1833, não se apercebeu que a guerra acabou.

A sanha revanchista de 1833 transmutou-se inteirinha para este arrebatado defensor do Estado de Direito Democrático, Republicano e Laico. Exactamente o mesmo que optou por não interpretar o que está escrito no artigo que comentou e se limitou a enojar-se com referências genéricas à falta de celeridade da Justiça e à necessidade de protecção dos mais fracos.

Pode até nem ser frígio, mas é certo que este aguerrido liberal enfiou um barrete qualquer…

Em Ílhavo, ao que parece, é que não se pode mesmo dizer o que se pensa. Porque é a terra de Paulo Pedroso. E mete nojo. E mais nada.

Pensava que a liberdade de expressão tinha ficado definitivamente assegurada em 25 de Novembro de 1975.

Se calhar, só aos herdeiros de mata-frades, jacobinos e quejandos é permitida a extravagante prerrogativa. Lamento. Julgava mesmo que era para todos.

Aprouve ainda ao escriba do desvario registar que Catalina – salva da merecida forca pela justeza e humanidade do actual regime - tinha confirmado que Bagão Félix É D. Miguel e que ela gostaria que Bagão, o Absoluto, deportasse para as Índias que já não temos os putativos arguidos do processo Casa Pia (note-se a finíssima subtileza do argumento).

Aprouve-lhe, está visto. Mas aprouve-lhe mal. Porque é mentira.

Neste encastelar de inverdades próprias de uma amizade pungente e de uma imaginação delirante atingiu-se uma das mais divertidas páginas do melhor surrealismo bloguístico.

A receita é simples: empola-se e descontextualiza-se uma declaração, entrecorta-se com comparações históricas absurdas e arremedos discutíveis de politologia e alinhava-se tudo com recurso ao mais cristalino ressaibo.

Resultado: um belíssimo momento comunicacional que poderia inspirar João César Monteiro, não tivesse o pobre já visto a “Comédia de Deus” mais de perto.

O ridículo não mói tanto quanto devia.

JV

sábado, novembro 08, 2003

ALTOS VOOS: O Benfica continua no bom caminho. Agora, até o pardalito anda a contas com a justiça.
FMS

sexta-feira, novembro 07, 2003

TOMA LÁ QUE É PARA TEU BEM:

A entrevista de Jorge Sampaio, na semana passada, causou protestos estridentes. O primeiro garante da Constituição é também o primeiro a dá-la de comer aos pombos quando em causa está o ideal superior da unificação europeia. E o referendo, bem, isso não é coisa que se recomende. Os portugueses não estão preparados para ele.

Longe de mim desiludir a turba contestatária onde também me incluo, mas só os incautos se chocam.

O discurso paternalista do nosso Jorge tem séculos e já muitos - Helvécio, Rousseau, Marx - o vomitaram.

O homem, dizem-nos, não é mais do que um aspecto do todo social, que vive nas trevas da ignorância e da corrupção. Um objecto natural determinado por influências causais e estímulos externos, cujas opções podem facilmente ser manipuladas pelos senhores que o governam, os reformadores plenos de boas intenções.

É esta interpretação criativa da liberdade individual que está na base das teorias políticas que mais estragos deixaram no nosso tempo

Através dela, uns quantos iluminados equacionam o que eu escolheria se fosse algo diferente do que sou, ou que ainda não sou, com aquilo pelo que, na verdade, anseio. Utilizam metáforas para justificar a minha coerção, a fim de me elevarem a um nível "superior" de liberdade. Nível esse que o meu eu empírico, pobre e pouco esclarecido, não conhece, mas que a minha vontade racional latente tem como propósito último.

Bem lá no fundo, aquilo que efectivamente desejo é precisamente aquilo a que conscientemente ofereço resistência. é por isso que homens como o nosso Presidente são necessários. Homens que sabem o que é bom para a minha felicidade, segurança e conveniência.

Nestas coisa, porém, há sempre uns tipos que estragam tudo. Berlin passou a vida a denunciar a farsa. E, depois, há Kant: se todos os valores são o que são devido a actos livres do homem, e tidos como valores nessa medida, então não existe valor mais importante do que o indivíduo.

Daí que, ao brindar os portugueses com a sua verborreia de paterfamillias da Nação, Jorge Sampaio está a dizer que aqui a plebe rafeira se deve curvar em nome de algo que é menos importante do que cada um de nós.

FMS
Aula de Inglês I

Isto de trabalhar perto do East-End tem destas coisas. Quando menos se espera começamos a usar determinadas expressões que ouvimos por aí. Uma expressão Inglesa que eu sempre achei muito curiosa é “Bob is your uncle”. Os Ingleses dizem isto um pouco como nós utilizamos o “é canja”. Assim, quando uma coisa “está no papo” não é raro ouvir um Inglês dizer “Bob’s your uncle”!

Fui investigar e aqui têm uma explicação possível. Agora toca de alugar o “Lock Stock”, o “Snatch” e de comprar os vídeos de culinária do Jamie Oliver para praticar.

Cheers

FA
BEAUTIFUL ONES:

"Suede would like to announce that from next year they will be working on their own individual projects.

"There will not be a new studio album until the band feel that the moment is artistically right to make one.This announcement does not affect the forthcoming touring commitments.

"Suede would like to thank the fans for their wonderful support over the years. See you in the next life."


Até lá.

FMS
ANTI-DEPRESSIVO: Os nossos políticos e comentadores (uma trágica redundância cá no burgo) têm vendido à cristandade uma bela historieta. Que o país anda deprimido. Que, com isto da Casa Pia, das urdiduras e da promiscuidade das instituições, se viu ao espelho e se achou podre e sem escrúpulos. Pois eu devo habitar outro Portugal que não esse. No meu Portugal, as pessoas vivem em saudável galhofa. Contam anedotas, inventam suspeitos, apostam nos próximos detidos, fazem jurisprudência à mesa do café, elaboram doutrinas no banco do autocarro. O país real pula e avança, de sorriso nos lábios. Só que, como quase sempre, não entra em São Bento, Belém ou Carnaxide.
FMS

quinta-feira, novembro 06, 2003

MESMO A TEMPO: O protesto que a Associação Académica de Coimbra - esse atoleiro onde uns poucos chafurdam na porcaria e dela se aproveitam para promoção das suas tristes pessoas - empreendeu na madrugada passada, deveria fazer corar de vergonha toda a Academia e toda a cidade. Trancar a Porta Férrea a cadeado, impedindo que quem quer trabalhar e estudar o faça, é a mais eloquente manifestação da senilidade que grassa por aquelas colinas. Desde o presidente da AAC, que veste o traje como Hitler vestia a farda (para travar o combate da sua vida) e que há anos se arrasta pela Faculdade de Direito, ocupando o lugar que outros poderiam ocupar numa Universidade Pública, passando pelo seu séquito de acéfalos, até ao lamentável Reitor que, com uma naturalidade arrebatadora, recusa cumprir a sua obrigação. Polícia para abrir a Universidade? Não, que os meninos fazem birra. O Professor Ferrer livrou-se disto em boa altura. E eu também.
FMS
POPSCENE! ALRIIIIIIGHT! Não sei se isto acontece com toda a gente, mas, olhando para trás, consigo identificar com precisão o dia mais marcante da minha vida, o dia em que comecei a ser o que sou hoje.

Numa noite caseira de Abril de 94, corria a décima quarta primavera aqui do yours truly, um estranho som de sintetizador irrompe na televisão. Segue-se uma guitarra esquizofrénica, um baixo voluptuoso, uma bateria sincopada e um rapaz de cabelos louros rebeldes que lhe escondiam a testa a cantar os comportamentos desviantes dos rapazes e raparigas britânicos quando, no Verão, descem em rebanho até ao Sol do Mediterrâneo. A canção chamava-se "Girls and Boys". Os quatro eram os BLUR.

Foi nessa reveladora hora que abandonei definitivamente a rebeldia sem causa do grunge e as camisas de flanela, começando o caminho para o que sou hoje.

Tendo-os conhecido em 94, os meus Blur favoritos são, apesar do brilhantismo de outras épocas, os dessa altura. Os fatos de tweed, os polos Fred Perry, as 501 justas à perna, as Adidas gazelle, as Lambrettas, o revivalismo mod, as canções imortais, a ironia fina, o sarcasmo da observação quotidiana, a rivalidade com os Oasis, as notícias de abertura no Six O'clock News, o namoro do Damon com a Justine Frischman, o namoro do Alex com os senhores Moët e Chandon, as odes À Velha Albion.

Ninguém fez por mim o que os Blur fizeram. Nem Berlin, nem Oakeshott, nem MEC, nem o Dartacão. O Damon agora deu em comuna, é certo. Manifesta-se contra os Estados Unidos sempre que pode e apoia com fervor o "Red" Ken Livingstone. Mas nem sabe o monstro conservador que criou.

A primeira vez que vi os Blur ao vivo, tinha dezasseis anos. 24 de Fevereiro de 1996. Coliseu dos Recreios cheio. O auge da Britpop. O alinhamento perfeito. Eu, a minha irmã mais nova e um Kit Kat para cada um. Os meus pais levaram-nos pela mão e esperaram pacientemente pelos meninos. Inesquecível.

Ontem, consumou-se o regresso. O Pedro e o Eduardo já falaram sobre o assunto. Foram muito mais objectivos do que eu algum dia conseguirei ser. 70% do meu corpo é água? Então o resto é Blur.

Cheguei cedo e com disposição ecuménica (envergava t-shirt dos Oasis). Instalei-me no preciso sítio de 96. Lá à frente, virado para onde devia estar o Graham Coxon, hoje em dia a cumprir o sonho de gravar discos de que ninguém gosta (ou a tentar cumprir, porque eu, pelo menos, gosto).

Do concerto, não haverá muito a dizer. Tudo será insuficiente. Houve baba e ranho. Houve suor e lágrimas. Muitas, quando entraram em palco pela terceira vez e cantaram assim:

"This Is A Low"

And into the sea goes pretty England and me
Around the Bay of Biscay and back for tea
Hit traffic on the dogger bank
Up the Thames to find a taxi rank
Sail on by with the tide and go asleep
And the radio says

[Chorus]
THIS IS A LOW
BUT IT WON'T HURT YOU
WHEN YOU ARE ALONE IT WILL BE THERE WITH YOU
FINDING WAYS TO STAY SOLO

On the Tyne forth and Cramity
There's a low in the high forties
And Saturday's locked away on the pier
Not fast enough dear
On the Malin head, Blackpool looks blue and red
And the Queen, she's gone round the bend
Jumped off Land's End
And the radio says

FMS




CONTRADICTION IN TERMS

Segundo a TSF, Ferro Rodrigues está preparado para apresentar um novo rumo para o PS.

A reacção de incredulidade da opinião pública foi imediata: ninguém suspeitava que o PS tinha um rumo, quanto mais capacidade para o mudar ...

JV
CONTA LÁ BERNARDINO, COM QUEM É QUE APRENDESTE TANTO DISPARATE?

Os países nos quais os comunistasestão no poder (China, Cuba, Vietname, Laos, Coreia do Norte) insistem em que o seu objectivo é a construção de uma sociedade socialista.

Apesar de ser por caminhos diferenciados, complexos e sujeitos a extremas dificuldades, é essencial para a humanidade que alcancem com êxito tal objectivo.


Álvaro Cunhal
4 de Novembro de 2003
Avante

JV
OLHE QUE NÃO, OLHE QUE NÃO!

Na evolução da sociedade, a revolução russa de 1917, sob a direcção de Lénine e do partido dos bolcheviques, fica marcada, em milénios de história, como a primeira e única a estabelecer o poder político das classes anteriormente exploradas e a empreender com êxito a gigantesca tarefa de construir uma sociedade sem exploradores nem explorados.


Álvaro Cunhal
4 de Novembro de 2003
Avante

JV

quarta-feira, novembro 05, 2003

AINDA MEXE

O Dr. Álvaro Cunhal acusou os EUA de se terem tornado "a principal força do terrorismo mundial"...

Insistiu ainda que a "ofensiva global do capitalismo" não é irreversível. Também desconfiava que sim.

Está na cara que Cuba e a Coreia do Norte vão ser o motor desta previsivel insurreição das massas.

Meus amigos, vamos a estar vigilantes que ele ainda anda por aí...

JV
Da importância do Cidadão

O Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados veio cá a Londres falar num jantar do Centro Português de Estudos (uma organização ultra-secreta da vanguarda Portuguesa no exílio em Inglaterra). Dois conceitos para levar para T.P.C. no tema da Justiça: Cidadania e Participação Cívica.

A ideia é que reformas iluministas feitas de cima para baixo não resultam (já tinha dado para perceber isto há algum tempo... três séculos para ser mais exacto!). Mais, não vale a pena querer transformar um país Católico da Europa do Sul numa sociedade Luterana da Europa do Norte (por alguma razão a única Reforma que chegou a Portugal foi a Contra-Reforma e mais tarde a Reforma Agrária).

A solução tem de passar pois pela mudança de atitudes em relação à cidadania – substituir o típico “eles” pela inevitabilidade do “nós”. Da mesma forma, ou se calhar como pré-condição a que isso aconteça, cada indivíduo tem a obrigação moral de participar activamente na vida da colectividade. A palavra de ordem é pois: organiza te!

Eu, pela minha parte, vou contribuir para a sociedade Portuguesa mantendo-me longe evitando assim uma maior erosão dos nossos serviços públicos já de sí tão fragilizados...

Agora se me desculpam vou para Bruxelas ter com o meu amigo JV.

FA
MALDIÇÃO

Antes, com o Big Brother, já tínhamos a certeza. Agora, com o caso Casa Pia, a profecia de David Frost tornou-se uma maldição:
"Television enables you to be entertained in your home by people you wouldn't have in your home."
--David Frost
DBH

terça-feira, novembro 04, 2003

AFINAL, EM QUE É QUE FICAMOS?

Há uma semana, andava tudo enxofrado porque o mundo todo (e, pasme-se, até os espanhóis!) tinha descoberto e exposto o nosso rol de misérias.

Que não podia ser. Que era uma vergonha. O que é que a senhora dos caramelos em Badajoz iria pensar de nós ?

Por todo o lado se ouve que são eles que mandam nisto e, mesmo em lugares de direcção, é quase unänime a sensação que ¡todo esto es una verguenza!.

Pois, ainda assim, o nosso Supremo veio a terreiro criticar a "persistência da tradicional desatenção espanhola face à realidade portuguesa" que, segundo ele, teria de ser corrigida com esforço das duas partes.

Afinal, em que é que ficamos?!

Diz o nosso Comandante que a maior parte da iniciativa (de chamar a atenção espanhola) deve caber a Portugal.

Como de costume, o Garante do Regular Funcionamento das Instituições chegou atrasado: chamar a atenção é a coisa que nos últimos tempos mais temos feito.

JV
O FUTURO TEM UMA HISTÓRIA

Faz hoje 29 anos. A data não é a do seu verdadeiro nascimento, mas foi adoptada em virtude de um comício que, nos idos de 74, a JC organizou no Teatro S. Luís, em Lisboa, e em que foi obrigada a responder à violência da esquerda. 4 de Novembro é, pois, uma data para recordar. E não apenas por aqueles que lá estiveram ou que dela fizeram ou fazem parte... Parabéns, Juventude Popular.

MBF

segunda-feira, novembro 03, 2003

DIÁLOGO DE SURDOS:

Neste momento, um dos melhores Constitucionalistas, um dos melhores Politólogos e um dos melhores Ministros dos Negócios Estrangeiros que Portugal alguma vez teve tentam explicar as implicações do Direito positivado numa coisa chamada "Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa" e as consequências da hierarquia das normas que daí decorre a três senhores (um deles Secretário de Estado deste país) que assobiam para o lado e fingem não perceber o que está em causa nem o que se está a passar em redor da CIG.

Jorge Miranda, Adriano Moreira e Jaime Gama, como bem sabemos, são conhecidos pelo seu furioso e primário anti-europeísmo...

JV
O GRANDE AZAR: Li no Expresso e ainda não acredito. Manuel Maria Carrilho, que ainda há uns dias se pavoneava nos jornais em apelos impetuosos contra a colagem do PS ao processo judicial da Casa Pia, vem agora convidar Daniel Cohn-Bendit para, no Porto, debitar os seus pensamentos profundos sobre o futuro da esquerda. Que o PS e o filósofo meu conterrâneo vejam no senhor Le Rouge - figura incontornável da mitologia pequeno-terrorista urbana e admirador de grandes ditadores do seu tempo - uma fonte de inspiração política, é coisa que me causa pouca espécie. Agora, convidarem para o seu seio uma pessoa que dedicou o melhor dos seus dias a escrever livros e a assinar manifestos a favor da legalização da pedofilia, já me parece uma falta de sentido de oportunidade a roçar o mau gosto. Com a falta de serenidade que para aí anda...
FMS

sábado, novembro 01, 2003

O CHEIRO DO ZÉ

O Luís Borges inaugurou uma nova forma de identificação classista: a odorífera.

Pena que a autenticidade da sua escolha não cheire nada bem. Para ser honesto, tresanda a falso por todos os poros.

Do alto da sua susceptibilidade nasal, o LFB referiu-se ao "suor do zé-povinho" como Livingstone não falaria dos hotentotes:

Eu até sou olfactivamente de esquerda, vejam como eu gosto mais do cheiro dos pobrezinhos do que dos charutos e dos perfumes! ...

Pergunto-me se os ocupantes do 52 que, afinal, até nem vai para a Pontinha (obrigado Diogo) também preferirão o cheiro do suor.

Registamos o asco que lhe provocam os homens do CDS. Ficámos sinceramente sentidos com isso. Sobretudo com a inadmissível discriminação baseada no género.

Estava na altura de o LFB exorcizar os estereótipos da Revolução Industrial e encarar a realidade de forma mais desodorizada.

JV