segunda-feira, maio 31, 2004

CARA CARLA,

Ao contrário do que possa parecer, o Diogo não nos abandonou. Apenas vai passar alguns serões ali ao lado, sendo esta a sua verdadeira casa de família. Surgiu o convite e ele aceitou, para meu orgulho, que posso dizer que tenho um amigo que é amigo do Paulo Pinto Mascarenhas e do Vasco Rato. A proposta era, convenhamos, irrecusável. E nisto, como em tudo, a infidelidade às vezes é só uma questão de oportunidade.

FMS

domingo, maio 30, 2004

UM DIA, QUANDO SOUBER, AINDA VOU ESCREVER SOBRE ISTO



FMS
ESTÁS FARTO? VOTA NO QUE LHES BATE FORTE!



Que o Bloco de Esquerda coloque um pasteleiro de rolo da massa em riste e ar ameaçador em cada esquina, viela e rotunda do país, é coisa que pouca impressão me faz. Diga-se, aliás, que o aspecto afrancesado do espécimen só melhora a reputação europeista que os meninos do Bloco, saídos dos escombros do Muro e da bruma de sítios não de todo recomendáveis, pretendem agora alardear. Mais: que o Bloco de Esquerda tenha como alvo preferencial a massa acéfala da geração da borbulha, fazendo política como quem vende um jogo de computador, não só não me ofende como até é facto que agradeço. Enquanto não se votar por sms, tudo correrá pela normalidade. O que verdadeiramente me preocupa são as substâncias com que os responsáveis da agremiação se recriam enquanto ponderam as estratégias propagandísticas. Eu sei que é para bater forte, mas ultimamente a coisa tem batido forte demais. E, para segurança de todos, o Bloco, como partido responsável, devia revelar a origem do perigoso produto que tem consumido. É, como eles dizem, uma questão de saúde pública.
FMS

quinta-feira, maio 27, 2004

Não apenas mas também - A propósito deste post do Ivan sobre a recente vitória do Michael Moore em Cannes, lembrei-me que este Sábado tenho lá a jantar em casa uns amigos americanos que vêm, surprise, suprise, não apenas do Colorado mas também mesmo juntinho a Columbine. Estes meus amigos, que não são nem “bushistas” nem tão pouco cegos, descrevem o Michael Moore não apenas como um oportunista mas também um arrogante. Coitados, não contentes com serem apenas simples, são também ignorantes. Valha-nos não apenas o júri de do festival de Cannes mas também o Ivan.

FA

quarta-feira, maio 26, 2004

APOIO INTERNACIONAL





Carmen Kaas, candidata ao PE pelo Partido Respublica da Estónia, apoia Força Portugal.

O Partido Respublia é parceiro internacional do CDS e pertence, também, ao grupo PPE onde está representado o PSD.

Força Estónia!
DBH
UNIÃO NACIONAL



DBH (sportinguista confesso)
ACIDENTALMENTE

Estou a sentir-me um pouco esquizofrénico

DBH

segunda-feira, maio 24, 2004

SÓ PARA DIZER QUE VOU FAZER COMPANHIA AO ALBERTO

Gelsenkirchen, ich bin am weg!!!! (*)





(*) ou qualquer coisa do género, que o meu amigo João Gonçalo Galvão teve a gentileza de me ensinar agora mesmo.

FMS
JOTA P.P.: Pacheco Pereira , não sei como, quando nem porquê, atirou-se à JSD. Pelos vistos, chegou mesmo a propor a extinção da organização, que - parece - nada mais é que um atoleiro de carreiristas e mentecaptos. Como em tudo na vida, há uns que o são e outros que não. Não se pode generalizar e, nesse sentido, a discussão é pouco mais que inconsequente. Mas uma dúvida gostaria eu que Pacheco Pereira me esclarecesse. Quando apoda os jotinhas (os da laranja e os demais) de carreiristas mais interessados em organizar a própria vidinha e de seres primitivos desprovidos de raciocínio abstracto, fá-lo em comparação com quê? Por oposição a que instituições meritosas, por referência a que repositórios de virtude e bons sentimentos fala Pacheco das juventudes partidárias? Aos próprios partidos? É que só pode.
FMS
UM BOM PAI DE FAMÍLIA: Criei na minha infância, desconfio que quando comecei a frequentar os cabeleireiros da minha mãe e a ler a imprensa que por lá se achava espalhada, o hábito de tentar perceber os verdadeiros dramas humanos que se escondem por detrás da glamorosa vida dos nossos políticos. Ultimamente tenho andado com as atenções dedicadas ao senhor que tenta subir na carreira a fim de conseguir prover às solicitações incessantes da descendência e às exigências legais das hordas de ex-mulheres que foi inadvertidamente coleccionando. Pela maneira angustiada com que faz política, vivendo cada dia, qual Raskolnikov, com a incerteza do amanhã, o Dr. Santana Lopes sempre mereceu um cantinho especial no meu coração. E diga-se, aliás, que um Presidente da República oco de ideias e cujo único objectivo em tal cargo é uma reforma avultada e tranquila não é de todo uma má ideia. Em todo o caso, será sempre melhor do que um qualquer aventureiro que queira governar os indígenas, para lá das suas humildes competências, a partir do palácio carmim de Belém. Acho, porém, que o Dr. Santana tem exagerado frequentemente no seu hábito de se insinuar aos senhores do seu partido. Tem sido ostensivo. Incomodativo. Como se viu pelo passado fim-de-semana, cada vez mais a saia sobe e decote desce. E eu, que tenho pena do Dr. Santana mas sou um irrecuperável reaccionário do Norte, não acho que isso sejam maneiras de um bom pai de família,
FMS

sexta-feira, maio 21, 2004

LEIA O LIVRO - VEJA O FILME



Francisco Louçã: Sabemos que só tem tempo para ler relatórios de contas mas, descontraia, veja o "Amor de Perdição" em DVD. É do Manoel de Oliveira, dá para relaxar.

DBH
O INSINUADOR-MOR



De dia e de noite.
Policia as nossas mentes, procurando a perversão, bisbilhota os papeis, sempre à coca da corrupção.

Não tem medo que o processem, tem imunidade, está acima dos tribunais. Mas, ninguém, está a cima dele, da sua razão.

Ninguém está a salvo. Só os seus fieis. Os iniciados que sabem a resposta secreta à pergunta ritual: "O que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?"

Não tem piedade, afirma "a justiça doa a quem doer". A misericórdia deixa-a, como migalhas, para os outros.

Em vez do dever da caridade, ergue bem alto o direito à indignação.

Apoiado na Doutrina, do "não há fumo sem fogo", ordena os suspeitos para a fogueira.

Nunca se arrepende, nunca erra. E se errar não se arrepende.

Acusa sem dúvidas, ataca sem perdão. Não tem provas mas tem certezas.

Juiz, júri e carrasco. Procura, denuncia e pede o castigo.

É o regresso da Inquisição, perguntam alguns?

É pior, é a Insinuação. E D. Francisco Anacleto, o Insinuador-Mor.

DBH
BUTE À FEIRA DO LIVRO CHICO?



DBH
NÃO TEM A CERTEZA? NÓS AJUDAMOS



O Insinuador-Mor do parlamento português, perante a pergunta do Independente "Quem escreveu o Amor de Perdição?", respondeu:

-"Não tenho a certeza"

Não sabe. Francisco Louçã,pela primeira vez, admite ignorância num assunto. Isto até seria um original apontamento de humildade, não fosse humilhante não conhecer a resposta...

DBH
FEIRA DO LIVRO

Não gosto de criticar um livro sem o ler, mas recuso-me a dar dinheiro ao autor do Codigo Da Vinci. Assim, se alguma alma caridosa me quiser emprestar o livro...

DBH
O GUARDA BARNABÉ




(para os que gostam de brincar com a nossa segurança)

DBH
REMODELAÇÃO

O PS gosta de remodelações. De pedir demissões. Não me parece que tenha sido sempre assim, acho que começou com Guterres...

DBH

quinta-feira, maio 20, 2004

Já agora



Bem visto o post do Bruno. É óbvio que é possível ter uma atitude inteligente, ponderada e crítica perante a actuação da administração americana. Já apontei por exemplo as críticas do Matthew Parris que são até mais incisivas que as declarações do Michael Howard. Dito isto...

Convém no entanto lembrar que nem o Blair é a Thatcher, nem o Bush é o Reagan e, já agora, nem o Bruno é o Eça.

FA
SOPHIA



«eu caminhei nas praias e nos campos / vi a dor absurda e desmedida»

DBH
Bruxas
Li há coisa de três semanas ou assim um artigo de opinião no Times (não encontro link) que afirmava que a pedofilia é a bruxaria dos nossos dias. A lógica era que numa sociedade cujos valores morais se vão desagregando, as violações daquilo que resta desses valores são atacadas com uma violência inusitada e quase irracional. Não concordando inteiramente com o raciocínio (ou as premissas que lhe subjazem) há que reconhecer alguma força a essa argumentação.

A propósito do recente (quase total) colapso de um caso de pedofilia em França e das sérias questões que se levantaram aí acerca do rigor da investigação criminal, apetece de facto exigir que o bom senso e a probidade imperem também na condução/investigação de processos semelhantes em Portugal.

É que, eu não acredito em bruxas mas...

FA

quarta-feira, maio 19, 2004

CONVERSÕES EM MASSA



Registo que a Concordata começa a dar frutos:

- Ferro Rodrigues invocou Santo António;
- Fernando Rosas manifestou-se preocupado com o facto de a gula poder ser pecado mortal;
- Carvalhas responsabilizou o Governo por sete pecados capitais .

E ainda se queixam do peso excessivo da Igreja Católica.

JV
Opinião de merda

Absolutamente hilariante o comentário de José Luis Manzanares à polémica peça "Me cago en Dios".

FA

terça-feira, maio 18, 2004

SANTO ANTÓNIO JÁ SE ACABOU


Depois de Sousa Franco ter invectivado a Ministra Ferreira Leite pela "invocação de Deus em vão", o ainda Secretário-Geral do PS (com a coerência típica daquele partido) resolveu lembrar que o dia das eleições será dia de Santo António.
Chamando a atenção dos militantes do PS laico e republicano para o facto de ser "muito importante" a homonímia entre o franciscano e os dois Antónios da sua lista, Ferro Rodrigues parece apelar às boas graças do Santo milagreiro para a causa socialista.
Ainda o vamos ver a oferecer manjericos.

JV
ESTE É UM PERIGOSO FASCISTA
(SEGUNDO LOUÇÃ)



"O Dr. João Soares, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, em declarações ao Semanário Expresso (19.2.2000), reconhece o papel excepcional e incontornável da Igreja Católica na sociedade portuguesa e não está de acordo com aqueles que querem pôr a Igreja em pé de igualdade com as outras confissões religiosas. Segundo o mesmo autarca, a revisão da Concordata (e não a sua revogação) não dever perturbar as excelentes relações entre o Estado português e a Santa Sé." (fonte ecclesia)

DBH

O bobo da Assembleia da República resolveu hoje manifestar-se contra a assinatura da Concordata entre Portugal e a Santa Sé, rotulando-a de "sobrevivência das relações entre a Igreja e os regimes fascistas". Pois.
Depois das t-shirts com palavras de ordem e das caras tapadas, fica claro o que por ali se faz para conseguir algum protagonismo.
Que saudades das piedosas invocações das opiniões de Sua Santidade e do Vaticano, feitas pela mesma criatura, lá por ocasião da intervenção no Iraque.

Ao estilo pantomineiro da personagem só se pode responder com a invocação do divino:
Que Deus lhe perdoe!... que a nós nos falta a paciência.

JV
PARABÉNS

Não tem um blog, mas as as suas palavras fazem sentido em cada dia.



DBH

segunda-feira, maio 17, 2004

PARABÉNS

Os aniversários continuam. Hoje faz um ano que o Henrique começou a conduzir a crítica musical na blogosfera. Hoje, acompanhado por vários virtuosos, continua a ensinar-nos a ouvir. Um bjo especial para a minha vizinha Clara.

Bis, Bis, Bravo!



DBH
FERRO DIXIT

«O próximo dia 13 de Junho representa uma oportunidade para os portugueses ajustarem contas com quem lhes mentiu».

Concordo.

Em que é que ficamos, o homem quer ganhar as eleições ou não?

JV
ACAMPAMENTO BARNABAICO DOS JOVENS DO BLOCO

Será que S. Gião, na Serra da Estrela, está preparado para o acampamento de jovens do BE? Será que foi feito um estudo de impacto ambiental? Eu sei que as ovelhas estão habituadas a erva, mas não à marroquina.
Vejamos:

S. Gião antes do acampamento:



S. Gião durante o acampamento:


DBH



domingo, maio 16, 2004

sábado, maio 15, 2004

AGORA A SÉRIO

Alguém consegue acreditar num partido que se diz da esquerda revolucionária anti-globalização e usa o logo de uma empresa de telemóveis?


JV

JOVEM,

Não sabes o que fazer ao dinheiro que te sobra da poupança em gravatas?
És popular, plural, combativo e radical?
Achas que o que é alternativo é que é (sempre) bom?
Lá no fundo, tens pena que o muro tenha caído?
Julgas que a revolução ainda é uma criança?
Queres outra globalização? Qualquer outra, menos esta?
Parece-te que as crianças só o são quando nascem?
Estás disposto a pagar para ouvir o Chico Anacleto?
Gostavas de ter um passado de luta anti-fascista?
Apetece-te experimentar o valor terapêutico de substâncias interessantes?
Já ouviste falar do modelo albanês?
Sabes o que quer dizer LGBT? E perspectiva de género?
Tripas com manifs e megafones? E mega-raves? E mega-bytes?
Tens uma certa ternura por assassinos oprimidos pelas democracias?
Não curtes capitalistas? Nem beatos? Nem betos? Nem judeus?
Acreditas que os Estados Unidos são os culpados do 11 de Setembro? E do 11 de Março? E da Febre Aftosa?
Estás há 10 anos na Faculdade a lutar contra as propinas?
Agarras qualquer tema para dar nas vistas?
Preferes um país desarmado e indefeso, livre do imperialismo atlantista?
Apetece-te largar a playstation por uns dias?
Já tens o autógrafo do Major Tomé?

Isto

é para ti!

JV

sexta-feira, maio 14, 2004

OBRIGADOS E VOLTEM SEMPRE

Para com todos Blogs e amigos que nos deram os parabéns pelo primeiro ano do Quinto:

Ao Aviz, ao Comprometido Espectador, ao Paulo (que apropriadamente me apelida de "grande"), ao Zé e ao Vasco do Acidental, para o TRM do Mar Salgado, ao "rapaz" do Extratos, ao MacGuffin, ao Eduardo (com quem brindarei amanhã à noite), ao atempado Intermitente, ao Blasfémias, aos meus vizinhos do Crítico, ao insular Fogotabraze, ao analiticamente incorrecto e ao Jaquinzinhos,

Além dos obrigados, beijinhos para a Inês, Azul Limão , a Iolanda e La Charlotte.

DBH (P'la Gerência)
Seriedade e bom senso

A única posição séria e responsável a propósito da permanência da GNR no Iraque é esta (também, para alguma coisa havia de servir um PR). Nós, que também somos sérios e responsáveis, vamos andando e vamos vendo.

Agora, se me desculpam, vou para Paris para a despedida de solteiro do Ricardo. Tudo muito sério claro está.

FA
Quem não "à risca"...

Agora é que eles vão ver! Regras de segurança alí: cumpridas como deve de ser! Para ver se aprendem seus malandros.

Reverse psychology anyone?

FA
QUADRAS TIPO RESPOSTA AO RODRIGO MOITA DE DEUS

"E eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia" (Êxodo 2,3)


Moita por Deus reconhecida

na Mosaica sorte enleada,

Só a sarça ardente enobrecida

P´lo divino toque bafejada



Mas o Luzente vegetal

Essa arbustiva aparição

Como entidade paranormal

Não teve filho nem geração



Outras sarças, outras moitas

Outros barros, outros pés

Outros tipos, outras coisas

Outros deuses, outras fés



Escondido atrás da moita

Mais lá pró leste orientado

O divino pretendente

É praticante envergonhado



Assim plagiando: Eis-te!

Em cada rima, corta e cose

Em cada estrofe copy-paste

És poeta por osmose



A métrica não é feliz

Há piores desalinhos

Caro amigo Moniz

Deixemo-nos de rodriguinhos



Entre a espada e a parede

Entre a forca e o churrasco

Entre o afogar e a sede

Muita, moita, moita, carrasco!

DBH

quinta-feira, maio 13, 2004

COMO HOJE É DIA DE FESTA

Vamos abster-nos de comentar alarvidades proferidas sobre a Fé alheia.

JV
HÁ UM ANO NISTO

Há um ano atrás começou este blog. Cinco rapazes em Portugal, Reino Unido, Bélgica e, ocasionalmente, França.

Apenas nos encontrámos uma vez. Infelizmente, estava lá o repórter de imagem.



- Martim Borges de Freitas (MBF), João Vacas (JV), Diogo Belford Henriques (DBH), Fernando Albino(FA) e Francisco Mendes da Silva (FMS)-

DBH
E pronto.

Andamos há um ano nisto.

JV

quarta-feira, maio 12, 2004

NUNCA ME DEI BEM COM TESTES ESCRITOS

Pronto. Fiz o teste. Deu-me isto. Juro.



Correu mal. Não dá sequer para ir à oral.

FMS
Hoje à noite...

Segundo candeiro à esquerda, como de costume.
DBH
NOITE DA FOLHA - TOUR '04



"Lisboa, 12 Mai (Lusa) -A campanha do BE para as europeias arranca dia 31, em Lisboa, vai centrar-se no litoral do país e encerra com um comício no Porto, anunciou hoje o cabeça de lista do partido ao Parlamento Europeu, Miguel Portas.
(...)
Nos dias seguintes, o número um do partido às europeias participa em comícios, a maioria deles em salas fechadas, realizados essencialmente em cidades do litoral do país, sobretudo no distrito de Lisboa."


Salas fechadas, pois.
DBH
Copo por copo



O governo Brasileiro expulsou o correspondente do New York Times no Brasil por ter alegado que o Presidente Lula terá problemas alcoólicos. Eu, como gosto muito de ir ao Brasil e para evitar chatices, não me pronuncio. Mas assalta-me uma dúvida, se fosse o governo Americano a expulsar jornalistas estrangeiros por serem incovenientes para com o Presidente Bush só nos restava a CNN.

Ah, a liberdade de imprensa com sabor tropicaliente de esquerda!

FA

terça-feira, maio 11, 2004

CONVERSA MOLE EM CAPA DURA

A forma militante e decidida com que o Paulo Pinto Mascarenhas e o Vasco Rato se fizeram à blogosfera é uma óptima notícia para todos os que a utilizam para a discussão política.

Por muito que neste primeiro mês O Acidental pareça ter nascido para ser um stalker do Barnabé, o seu empenho em raspar a crosta adocicada da esquerda festiva, em desmascarar a crueldade dos seus fins, a desonestidade dos seus meios e o teor pouco recomendável do seu código genético tem sido um regalo de acompanhar.

Para a maioria de nós, habituada às mentirinhas sistemáticas, ao spin informativo, ao desequilíbrio ideológico da imprensa e aos selectivos assassinatos de carácter, uma imprecisão cirúrgica e intencionalmente introduzida num manifesto panfletário não passa disso mesmo: uma imprecisão cirúrgica e intencionalmente introduzida num manifesto panfletário.

A muitos de nós, que sabemos que não foi Robert Kagan, mas sim Robert D. Kaplan, quem escreveu "Warrior Politics", ler que Francisco Louçã, num dos seus livros, coloca na boca do primeiro, um reputado neocon, a teoria do segundo, um jornalista bem mais equidistante, dá apenas vontade de rir.

E é apenas isso que fazemos.

O problema é que, num país superficial, refém do circunstancial e do escandaloso; num país avesso às minudências do rigor, em que a atenção ao pormenor é precisamente e só um pormenor; num país em que a Academia é vaidosa e diletante, a opinião é moldada pelo canto da sereia populista e espicaçante do ódio e da inveja do Dr. Louçã e pelas conversas do Pai Soares com Sérgio, o Benjamim. Tudo o que acaba, invariavelmente, em livro.

É bom que o exemplo do Paulo e do Vasco seja seguido (o João, por exemplo, também tem lutado com galhardia).

No estado lamentável deste país, conversa mole em capa dura, tanto bate até que fura.

FMS
O ALARGAMENTO COMEÇA A DAR FRUTOS



Carmen Kass, modelo e candidata ao Parlamento Europeu pelo Res Publica, partido de centro-direita e de governo da Estónia.

FMS
TIPOLOGIAS

tipo, s.m. conjunto de características que distinguem uma classe; cunho ou carácter topográfico; (pop.) um indivíduo qualquer; homem de costumes duvidosos; pessoa que se salienta; símbolo; figura;(...) (biol.) exemplar que serviu de padrão na descrição original de uma espécie, subespécie, etc., ou que deve ser considerado como tal mesmo sem indicação do autor (...) (do gr. typos, "id", pelo lat. typu -"id").

In Dicionário da Língua Portuguesa, 6.ª ed.
Porto Editora


... Rodrigo: All of the above?!?

Um abraço,
DBH
TEMPLADO



Aqui no Quinto somos conservadores. Gostamos de ver os amigos mudarem os templates, ficarem mais "clean" ou mesmo mais "fashion", mas nós não. Aqui gostamos deste nosso template antiquado, que faz um ano daqui a dois dias, a lembrar um grafismo ZX Spectrum.

Para nós, um blog "templado" tem sempre que ver com touros, sol e cinco da tarde.
ANTES TARDE DO QUE NUNCA

Parabéns atrasados:
Ao Mar Salgado, com um especial abraço à distância para o Nuno.

Ao Tiago, pela melhor razão possível.

À Clara, porque sim, todos os anos.

Parabéns a tempo:

À Charlotte, pelo "vestido" novo.

DBH
PORTUGAL

Portugal é um país encantador. O abismo está aí à nossa frente, mas todas as noites repousamos a cabeça na almofada com a consciência tranquila do dever cumprido. Nesse dia, tudo correu bem. Exigimos uma demissão, convocámos uma greve, fizemos uma lei.

Na oposição, na sociedade civil ou no governo, em Portugal trabalha-se bem, tendo a última semana sido particularmente bem sucedida. A oposição e os sindicatos pediram a demissão de mais alguns ministros e mais umas quantas greves foram convocadas (com especial destaque para os bombeiros profissionais, que ameaçaram ficar nos quartéis durante a época de incêndios - bombeiros que, no resto do ano, passam a vida a remover o cotão do umbigo, vulgo "em estado de alerta").

O governo, esse, também se portou bem, aumentando as coimas devidas pelas infracções rodoviárias até níveis que me farão perder a posse da viatura ao primeiro deslize.

Eu acho que se trata de um roubo institucionalizado e que isto da sinistralidade nas estradas só lá vai com uma dieta rigorosa de responsabilidade cívica (infligida aos portugueses. Logo, não vai). Compreendo, porém, a opção governativa pela repressão e pela extorsão. A tentação é demasiado forte.

Na nossa barbárie há um filão inesgotável.

FMS
HÁ SESSENTA ANOS EU TAMBÉM



DBH
HÁ 60 ANOS ATRÁS

Estes senhores preparavam-se para libertar a Europa.



Fotografia do Conselho de Guerra a bordo do HMCS PRINCE DAVID, a caminho da Normandia.



Fotografia do General MONTGOMERY com WINSTON CHURCHILL, Marechal ALAN BROOKE e os generais DEMPSEY e SMUTS


(imagens via Mémorial de Caen)

DBH


segunda-feira, maio 10, 2004

EL CAPITAN!



Lisboa, 10 Mai (Lusa) -O livro "Telecomandos, Ratos e Votos - a Videodemocracia e as Crises de Participação e Representação", de Gonçalo Dinis Capitão, vai ser terça-feira lançado em Lisboa (...)A obra, nascida da tese de mestrado do autor, aborda a democracia real, a relação desta com as políticas internacionais, os laços entre os eleitores e os partidos, e o puzzle constituído por média, poder e dinheiro.

O triunfo da televisão e a proliferação dos talk-shows, a relação do indivíduo com o livro e a leitura, a difusão da informação, a ascensão da Internet e os info-excluídos da nova era tecnológica são outros dos ângulos de abordagem contemplados no livro.


At last, Gonçalo, at last!

DBH
POIS...

"Aos vinte anos os homens preferem mulheres de quarenta. Só aos quarenta começam a apreciar as mulheres de vinte"

O tipo que escreveu isto é o mesmo que faz profecias sobre o meu casamento. Credibilidade, pois.

DBH
Os fins e os meios

Enquanto o desígnio que presidir à ocupação do Iraque for a democratização do País, pretender que este não existe ou ignorá-lo quando se critíca (ainda que fundadamente) a actuação da coligação, é tão grave e digno de condenação como lutar contra esse desígnio.

Para uma posição moderada, inteligente e, acima de tudo, muito conservadora, ver a opinião do Matthew Parris no Times do passado Sábado

FA
O CATAVENTO

No mesmo ano em que os socialistas austríacos fizeram um negócio com Jorg Haider para governar a Caríntia, a juventude do MPLA - partido membro da Internacional Socialista - visita os seus camaradas cubanos.

Dá gosto ver o "socialismo democrático" em acção.

JV
Dois Antónios

O António da Sociedade Leonina esclarece-me (a mim pobre estrangeirado) que a selecção já tem hino. Ouvi... e gosti. Já é tempo de ambição deixar de ser sinónimo de ganância.

O António do Opinion Desmaker diverte-me (a mim triste servo do capitalismo global) com esta frase a propósito de ideias feitas sobre o sentimento de culpa e o Catolicismo: “Quem vive atormentado pela fruta amaldiçoada, o melhor que tem a fazer é comer pudim flan.”

FA

sábado, maio 08, 2004

UM PS À PS

Depois da agoniante campanha sobre a origem do slogan "Força Portugal!" e dos instantes apelos do PS a que não se confundisse futebol com política, eis que Ferro e a sua pandilha distribuem alegremente apitos e cartões amarelos...

A seriedade do PS em todo o seu esplendor.

JV

sexta-feira, maio 07, 2004

Primo!
A propósito da polémica sobre o "Da Vinci Code" (que ainda não lí mas prometo ler brevemente), ver este artigo do Washington Times (obrigado ao João pelo link).

Fiquei a saber que o Noé é da minha família!

FA
Vamos lá cambada

Já temos hino para o Euro? Os bifes já. Sugestões, como sempre, para oquintodosimperios@hotmail.com. Fantásticos prémios para a escolha mais original!

FA
A Alta Autoridade para a Comunicação No Quinto presta o seguinte esclarecimento: Gerou-se uma certa polémica nos comentários a um post no barnabé (que não tem culpa nenhuma nisto) sobre dois temas que se prendem directamente com a gestão deste blog. Primeiro a já recorrente insinuação de que os blogs de Direita não têm comentários por um qualquer ulterior motivo pouco claro e anti-democrático. Segundo tema, este mais pessoal, prende-se com a identidade dos autores deste blog.

Vamos lá a ver se a gente se entende. Quanto aos comentários, e falo apenas por mim e no tocante a este blog, acho que (como se diz por aqui) são “more of a hidrance than a help”. Acho que faz muito mais sentido (sobretudo para nós que até temos que trabalhar para viver) ter uma caixa de correio a funcionar; quem quiser escreve para lá a dizer o que muito bem entende na absoluta certeza de que será lido por (pelo menos um de) nós. Se o publicamos ou não logo se vê. Basta percorrer o arquivo do Quinto dos Impérios para ver exemplos em que isso aconteceu. Traçar paralelos entre não ter comentários e censura / ditadura ou querer comparar cada um de nós ao Fidel Castro (como houve quem quisesse fazer) é não ter o mínimo respeito por aquilo que é a liberdade individual e/ou a mínima noção da diferença entre indivíduo, instituição, colectividade e Estado.

Quanto à identidade dos autores temos o hábito de publicar um post com os nossos nomes e situação geográfica. Temos até variadíssimos posts que nos identificam muito claramente. Quem se quiser dar ao trabalho de passar mais tempo connosco pode ficar a conhecer-nos. Bem de mais até! Quem não quiser (não somos assim tão presunçosos) terá que se contentar com as iniciais que, pela minha parte, acho muito mais práticas.

Pedimos desculpa por esta interrupção. A "evolução" segue dentro de minutos.

FA (aka Fernando Albino, marido da Sofia, correspondente em Londres)

quinta-feira, maio 06, 2004

ANIVERSÁRIOS: Há um ano, os cabelos grisalhos vieram finalmente dar bom nome à blogosfera. Parabéns ao José Pacheco Pereira, que comemora o primeiro aniversário do seu Abrupto no dia em que o seu PSD comemora o trigésimo. Spooky.
FMS

quarta-feira, maio 05, 2004

EUROCÉPTICO, EU?



Traz a outra, Zé.

FMS

SPACE HORROR REVIEW



Lido no Blog do Enp73:

“(...)fiquei um pouco assustado com a expressão “os Barnabés deste mundo”. Assustado com a possibilidade de os Barnabés não serem todos deste mundo. De existirem Barnabés noutros mundos. Discos voadores do Sérgio Godinho. Danieis Oliveiras verdes com antenas na cabeça a martelarem centenas de posts espaço fora. Cartazes do 25 colados nos anéis de Saturno. Manifs espontâneas no deserto marciano contra a invasão por sondas do grande Satã. Reais, Lavouras, Rodions, Thirdbacus, Warewolfs, a comentarem desenfreadamente nas caixas negras de naves espaciais.
O que é que o Barnabé tem que é diferente dos outros?
O que é que o Barnabé tem que é diferente dos outros?
O que é que o Barnabé tem que é diferente dos outros?
Repete a voz pausada e artificial de Hal 9000 ao longo da sua viagem a Júpiter e para lá do infinito.”

Brilhantemente assustador.
DBH
SÓ MAIS UMA COISINHA...

Para lembrar aos SMS-Pro (ex-agit-prop):

No-one would remember the Good Samaritan if he'd only had good intentions. He had money as well.

Margaret Thatcher

DBH

DBH

terça-feira, maio 04, 2004

CAMOENS INSTITUTE: O Instituto Camões, responsável pela divulgação da língua portuguesa em todo o mundo, trocou de Presidente. Saiu Maria José Stock e entrou Simonetta Luz Afonso. O nosso Diogo de Belford Henriques está já na calha para a sucessão.
FMS
MENSAGEM PARA O BARNABÉ (A/C PEDRO OLIVEIRA)





Com um abraço,
DBH
THE BLUE REVOLUTION (25 anos depois)

We want a society where people are free to make choices, to make mistakes, to be generous and compassionate. This is what we mean by a moral society; not a society where the state is responsible for everything, and no one is responsible for the state.

If you just set out to be liked, you would be prepared to compromise on anything at any time, and you would achieve nothing.




It's time to complete the revolution.

FMS

segunda-feira, maio 03, 2004

THE KID IS ALRIGHT



O Eduardo, que anda a sanear a sua colecção discográfica de elementos não recomendáveis e de cromos repetidos, passou ainda agora aqui no gabinete para me oferecer o Live at Leeds dos The Who. Trabalhar até tarde compensa.

FMS
ACIDENTE, DISSE ELE...



O Vasco vai escrever num blog e não é no nosso. O Paulo fez a melhor contratação deste mês. Este fim de época não me está a correr nada bem...

DBH
O LUKE VOLTOU!




Oops, não era este, é este:



Welcome back, Luciano.

DBH

domingo, maio 02, 2004

Primeiro entranha-se, depois estranha-se



O Carlos Neves rejeita que se descreva o PCP como «o partido do "irrealismo habilidoso que dura, pelo menos, desde 1989" ».
Não podia estar mais de acordo.
Não lhe vislumbro qualquer habilidade, apenas irrealismo do mais impenitente.
As páginas delirantes do AVANTE são prova disso mesmo.
Indignado, diz que a direita «não conhece, e não quer conhecer, as entranhas(?) do PCP»...
Convenhamos que, entranhas por entranhas, à partida, teria outras prioridades.
Depois de nos tentar o imaginário com a perspectiva da exposição dos interstícios comunistas, o Carlos resolveu afirmar «que "pares" é coisa de comunistas». Não é verdade.
"Pares" é coisa de monarquias.
Mas há um fundo de razão em tudo isto.
Nos dias que correm, as únicas monarquias absolutas que subsistem são as que brandem o comunismo como doutrina oficial.

JV

sábado, maio 01, 2004

NATIONAL GEOGRAPHIC



Na companhia de dois novos, e improváveis, amigos fui sair à noite no Porto. A primeira paragem, no Aniki Bóbó revelou um bar bonito mas vazio. Na conversa com uma simpática empregada ela sugeriu-nos que devíamos ir a uma sítio chamado "contagiarte", onde a "malta fixe curtia bué" (sic)...

Isto foi o que os psicólogos americanos chamam de EAS - Early Alert Signal. Eu, que nunca me considerei parte de uma qualquer "Malta Fixe", comecei por ficar preocupado. Os meus amigos, ficaram, pelo contrário, entusiasmados.

Entusiasmados, antes de tudo, com a empregada. Chama-se Bárbara e transformou dois amigos de 20 anos em "contenders" da WWF, aos encontrões gritanto - "ela estava a olhar para mim" e "sempre foste um invejoso, ela estava era a olhar para mim".

Entusiasmados, também pelos vistos, pelo sítio da dita "Malta Fixe", explicável talvez pelo facto de ambos terem piercings, o que os deve tornar, acho, parte da "Malta".

Chegados ao local desta nossa exploração, uma rua deserta com velhas casas podres a que os imobiliários chamam de palacetes, tocámos à porta.

Um gigante (cabelos compridos, piercings vários, tatuagem, roupa preta e outros elementos identificativos da tribo) barrou a entrada e perguntou o que queríamos?

- Ir embora - pensei eu - Entrar - disseram os meus amigos.

O gigante olhou para mim desconfiado (neste momento pensei que me iria ser invocado o direito de admissão, pois estava de sapatos, em vez de ténis ou sandálias) , mas confortado com os piercings dos meus acompanhantes concedeu a entrada, não sem antes sem olhar para ambos os lados da rua para ver se alguém nos via a entrar (2-º EAS).

(Note to Self: ao visitar tribos desconhecidas é essencial levar quem saiba a linguagem)

A casa estava, por critários pré-CEE, devoluta. Do fim do corredor chegavam sons de World Music (flautas, tambores e banjos) mas o chão tremia. O metro passa aqui, pensei eu. Erro meu. Uma mole de pessoas (?) saltava ao som de uma balada galaico-castelhana...

Primeira surpresa (porque os sinais de alerta já não eram Early): É possível dançar música folclórica, da Galiza ou da bretanha aos saltos, como num concerto dos Twisted Sister!

Apesar de pouco habilidoso no dancefloor, sempre pensei que o conceito de ritmo tinha que ver com a forma como se dançava. Não tem. É um erro comum dos ocidentais euro-cêntricos.

(continua)
NATIONAL GEOGRAPHIC II



Este povo que visitava estava sinceramente absorvido a pular e abanar-se ao som de adufes e pífaros. Comecei a observar melhor:

Todas as raparigas tinham saias compridas e saltos rasos. Todos os rapazes têm cabelos compridos e, alguns, saltos altos. Lenços palestinianos nelas e neles. Muitas barbas e patilhas neles. Not really my constituency, I realized.

Encostado a um canto, para passar despercebido, acendi um cachimbo. Dois ou três aproximaram-se com curiosidade, mas afastaram-se com desilusão. Estava a fumar tabaco.

Entre as sandálias, os cabelos, os acessórios de cabedal e o fumo no ar, a cena era-me familar... Parecia a taberna dos Hobbits.

Finalmente entendi onde se reuniam de noite os "animadores de rua".

A certa altura ouve-se uns acordes conhecidos, o que me pareceu estranho. Elas e eles erguem os braços para o Céu e começam aos pulos. Momentos depois lembro-me de quem é a música. Fausto!

Sim, estavam a pular ao som do Fausto.

De repente, como numa epifania, tudo fez sentido. Estava no bar do Barnabé.

Despedi-me dos meus amigos, que olhavam para mim com simpatia e compreensção, e voltei para o hotel.


DBH


PS: O Quinto dos Impérios agradece ao Ferreira e ao Guerra a oportunidade dada para esta experiência inesquecível. E irrepetível também. Garanto.

EXPRESSÕES QUE URGIRIA ESQUECER

“É ASSIM...” – Nos dias que vão correndo, gerou-se o hábito pouco saudável de começar qualquer frase, resposta ou opinião, por “é assim”. Esta forma de discurso, para além de pouco elegante, significa, tão só, que o emissor, consciente ou inconscientemente, se julga detentor da verdade. De facto, se alguma coisa “é assim”, não pode ser o seu contrário, pelo que, de início, se vê impedida qualquer possibilidade de contraditório. Curioso é que, na maior parte dos casos, quem o diz nem se apercebe do alcance verdadeiro de semelhante afirmação. Ainda que estejamos longe da dúvida metódica de Descartes, não parece saudável a sua troca pelo autismo de quem começa a falar...concluindo

“É A MINHA OPINIÃO” – Esta expressão é outra pérola do nosso tempo. Com o seu uso, qualquer teoria é defensável, qualquer aberração é plausível, qualquer impossibilidade é considerável. A forma como hoje é usada a “opinião” tem pouco que ver com o esclarecimento que a ela normalmente estaria inerente, redundando numa teimosia de quem nada mais tem para argumentar. Atendendo a que o mundo se move a uma velocidade que raramente permite o aprofundar de conhecimentos, é relativamente frequente a adopção de opiniões feitas, “prontas a levar”, “pré-mastigadas”, sem que a isso corresponda qualquer esforço intelectivo por parte de quem as brande.

“SE É A TUA OPINIÃO, EU RESPEITO-A” – Interessante reverso da medalha da opinião é a obrigação de aceitar e, note-se, de respeitar, tudo o que é dito pelos que opinam. Na verdade, se após a enunciação de um disparate de proporções homericamente grosseiras, quem o proferir o rematar com “é a minha opinião”, é esperável que ao receptor aturdido pela alarvidade mais não reste senão dizer “Se é a tua opinião, eu respeito-a”...

“ISSO É RELATIVO” – Outra das modas mais eficazes tem sido o uso desta ideia e, sobretudo, os equívocos causados pela utilização incorrecta da palavra “relativo”. Com efeito, em primeira análise, esta significa que se refere ao que tenha relação com alguém ou alguma coisa. Mas não é esse o sentido primordial da sua constante invocação. Na verdade, o rótulo de “relativo” aposto a todas as situações, circunstâncias e problemas, significa, tão só, que se pretende exorcizar tudo o que seja absoluto e, de preferência, apelidá-lo de dogmático ou obscurantista. Nada havendo de absoluto, nada será, portanto, merecedor de respeito acima da dúvida, bastando para o pôr em causa a emissão de qualquer “opinião”, ainda que fundada na mais límpida das ignorâncias. De facto, dá jeito que tudo seja relativo. Não compromete, não limita, nem obriga.

“ISSO É SUBJECTIVO” – Ao contrário do “É a minha opinião”, que obriga ao respeito e acatamento do dislate alheio, dizer-se que determinada interpretação é “subjectiva” não significa, para o comum dos portugueses, que seja matéria própria do sujeito pensante ou relativa a ele, sendo, apenas, mais uma versão polida do “isso dizes tu”, já aflorado no anterior capítulo relativo ao que era “relativo”. Falar em subjectividade quer apenas dizer que, ao não se concordar com a opinião do parceiro, e não tendo armas para desmontar a sua argumentação, o remetemos para o limbo das “opiniões”, desta feita não tão merecedoras do inevitável “respeito”.

“ESTÁ CIENTIFICAMENTE PROVADO QUE” – Forma curiosa de discutir é, seguramente, o recorrente recurso à expressão “está cientificamente provado que”... Esta expressão, na esteira de “magister dixit”, significa que quem alega um facto ou teoria e não se quer maçar com a prova dos mesmos, informa o seu interlocutor que já alguém se deu anteriormente a essa maçada e, curiosamente, pendeu para o seu lado. Como, feliz ou infelizmente, há hoje estudos científicos para todos os gostos, torna-se possível provar uma coisa e o seu contrário.

“EU SOU MUITO FRONTAL” – Por alguma razão que se desconhece há quem entenda que a utilização deste intróito permite ao locutor dizer, de seguida, toda a espécie de impropérios, por mais desbragados, chocarreiros e vicentinos que sejam. Sem ter feito expresso uso desta expressão introdutória, o Dr. Ferro Rodrigues resolveu um dia chamar “Palermas!” aos seus adversários. Ora se, à cautela, o tivesse feito sob a cota de malha da frontalidade protestada, decerto seria perdoado da palermice por um grupo significativo da população. À frontalidade é hoje atribuído o efeito anestésico de um bom Xanax, presumindo-se que o visado por semelhante franqueza deva “compreender” quando o frontal desbocado o rotula de coisas de que, suspeita-se, nem o Diabo goste. É importante explicar que a frontalidade deve ser encarada como uma virtude pessoal e não como arma de arremesso. Seria bem mais honesto dizer-se: “Eu sou um tremendo mal-educado e faço gala na minha inconveniência, por isso, vou agora apodá-lo de três ou quatro coisas obviamente infamantes mas, deixe-se estar, não se incomode, que eu sou mesmo assim...”


“ISSO ACONTECEU DERIVADO A ....” – No meio da deriva em que a língua pátria se encontra, poucas derivações terão distado mais do seu sentido exacto que a expressão que agora se comenta. De onde deriva a deriva? Não sei.
Sei, apenas, que, para muita gente, quando algo acontece, acontece sempre “derivado a ...”. O que não é, nunca, manifestamente, o caso. A derivar, se é que tudo tem que derivar (como parece), terá que ser “de” alguma coisa. Por muito que custe a quem aderiu à deriva. Parece inconscientemente melodramática esta constante invocação náutica. Traz consigo qualquer coisa de cais e bruma que, num lugar qualquer do nosso imaginário colectivo, é constantemente considerada a causa causarum. Esperamos que esta ideia não tenha recrudescido com a adaptação da “Jangada de Pedra” ao cinema. Talvez seja de incluir este frio assassínio do português na prateleira dos derivados, dos produtos que sabendo (ou soando) a qualquer coisa de parecido são apenas vagamente aparentados com os originais. De pátria a pária? Ao alcance de uma deriva...

JV