«... depois dos três impérios dos Assírios, Persas e Gregos, que já passaram, e depois do quarto, que ainda hoje dura, que é o romano, há-de haver um novo e melhor império que há-de ser o quinto e último» Padre António Vieira oquintodosimperios@gmail.com
sábado, julho 30, 2005
No seu blog, Bichos Carpinteiros, Joana Amaral Dias continua, a propósito dos atentados de Londres, a destilar o seu doce veneno contra Blair em particular e o mundo ocidental em geral. Contra Blair por este, supostamente, não admitir que a guerra no Iraque e os atentados em Londres estão ligados. Contra o mundo ocidental por este não fazer frente à “política imperialista de Bush”, a causa afinal de todos os males desde o aquecimento global à concorrência dos têxteis Chineses.
Isto é o que se chama “one track mind”.
Em primeiro lugar há que dizer, clara e inequivocamente, que a guerra no Iraque, pelas mais variadíssimas razões, contribuiu para o descontentamento entre muitos muçulmanos (os sunitas por exemplo ficaram a perder com “a coisa”). Sem dúvida que terá igualmente feito com que alguns “descontentes” passassem a “militantes” e alguns “militantes” a “activistas”. É pois do mais elementar bom senso admitir a relação entre essa intervenção militar e os atentados quase diários em Bagdad e mesmo os de Madrid e Londres (já os do 11 de Setembro...).
No entanto é bom lembrar que isso mesmo se pode dizer da guerra no Afeganistão (não consta que pelas madrassas do Paquistão se preste muita atenção às minudências do Direito Internacional Público). Idem dos avanços e recuos do processo de paz em Israel, do uso do véu islâmico nas escolas Francesas ou mesmo da democratização do Líbano. O fanatismo religioso não é muito criterioso quando toca a reinvindicar causas e é um erro pensar que os países ocidentais podem evitar o terrorismo se pautarem a sua política externa (e interna!) de acordo com a batuta de Bin-Laden & Co.
Não consta aliás que a Al-Qaeda careça de aprovação democrática ou elaborada análise jurídica para desencadear as suas acções de “jihad” ou sequer para cativar os seus membros. Pensar que os terroristas de Londres se suicidaram levando com eles mais de meia centena vítimas por causa da insuficiência do mandato do Conselho de Segurança da ONU no que toca ao Iraque não é um argumento sério. Não pode ser esta a pedra de toque da argumentação anti-globalização, anti-Bush e anti-Blair. Ou pode?
Claro que é muito mais fácil dizer que a culpa de isto tudo é da pobreza causada pela globalização. Ficamos é na dúvida sobre quem são os “useful idiots”.
FA
sexta-feira, julho 29, 2005
terça-feira, julho 26, 2005

Já para mim, a pesquisa sobre Inês não me correu nada mal.
E Inezinha também não é inútil...

DBH
(Em plena silly posting season)

A normalidade no metro de Londres é um conceito vago nos dias que correm.
Ver aqui um relato interessante sobre os olhares e sentimentos dos “commuters” londrinos.
FA
sábado, julho 23, 2005

Como retaliação pela (pouco conhecida mas muito activa) participação do Egipto na cimeria das Lages e da (amplamente) reconhecida simpatia dos hoteleiros, empresários da restauração, operadores turísiticos e lojistas de Sharm-El-Sheik pela invasão do Iraque, a Al-Qaeda, em nome da justiça e na luta pela dignidade do povo islâmico volta a atacar.
Até quando?
FA
quarta-feira, julho 20, 2005
Caros colegas de blog,
Eu sou tão conservador como vocês e tão liberal como o PPM. Um dia perceberão que não há incompatibilidade, nem sequer distinção. Posso não gostar de fados e touradas, mas essa minha deficiência estereotípica (?!) é compensada com uma muito marialva predisposição para a pancadaria. Por isso, preparem-se. A falta de convite para o serão de ontem não ficará impune. O arraial só agora vai começar.
FMS
(fado cantado por João Ferreira Rosa e hoje por Fernando Albino)

(Fernando Albino à viola e voz e PPM guitarra portuguesa)
Acabou agora uma noite de fados, numa conhecida casa de pasto fora de portas.
Para grande surpresa do público presente, Paulo Pinto Mascarenhas (conhecido na boémia como o "O PPM Mãozinhas de Prata") não só gosta de fado como o acompanha à guitarra.
Esta noite de fado, realmente, vadio causou admiração entre os conservadores autores deste blogue (FA, JV e DBH) e estima-se que cause ondas de choque entre os liberais d' O Acidental.
DBH
terça-feira, julho 19, 2005
A motivação de Vital Moreira para escrever é simples de explicar: Lealdade orgânica e rivalidade académica.
FMS
sábado, julho 16, 2005
Quando, por justiça, tentamos entender o outro lado numa disputa, é preciso não fazê-lo tão completamente que passemos a não entender o nosso próprio. Isso aconteceu com a Europa, que age como um lutador de boxe que é tão simpático que passou a dar soquinhos no próprio rosto.
Grande parte dos males do mundo são causados por europeus que odeiam a Europa. E odeiam a Europa porque não merecem a Europa: se sentem desconfortáveis lá dentro como um skatista ouvindo Haydn. Desde o século XIX, ou fogem da Europa para o Taiti, Brasil e Egito, ou ficam e a destroem por dentro. Toda a União Européia é um holandês bêbado andando entre as estátuas de Florença, se sentindo meio oprimido pela beleza enquanto sonha em tomar caipirinha num bar vagabundo de Copacabana.
Dizem que marinheiros nunca acham o mar bonito, e que beduínos nunca acham o deserto bonito: europeus não acham a Europa bonita. A Europa toda é como uma menina que acha que o pai trata mal a empregada. Tem raiva do pai, simpatia pela empregada. Mas qualquer um que tenha visto La Cérémonie sabe que isso pode acabar mal.»
Lord ASS
Foi mais ou menos isto que quis dizer quando escrevi este post. Melhor: foi precisamente isto. Só consegui é mais ou menos.
FMS
sexta-feira, julho 15, 2005

If we were Israelis, we would by now be doing a standard thing to that white semi-detached pebbledash house at 51 Colwyn Road, Beeston. Having given due warning, we would dispatch an American-built ground-assault helicopter and blow the place to bits. Then we would send in bulldozers to scrape over the remains, and we would do the same to all the other houses in the area thought to have been the temporary or permanent addresses of the suicide bombers and their families.
After decades of deranged attacks the Israelis have come to the conclusion that this is the best way to deter Palestinian families from nurturing these vipers in their bosoms, and also the best way of explaining to the death-hungry narcissists that they may get the 72 black-eyed virgins of scripture, but their family gets the bulldozer.
No doubt there are some people in Britain — I can think of at least one Daily Mail columnist — who would approve of such tactics; but we are not Israelis, and we are novices not just at dealing with suicide bombers, but with suicide bombers as British as the fish-and-chip shops in which they grew up. They were born in our NHS, these killers. They were coddled by our welfare state, they were fed on our butties and our Spangles, they played cricket on our glum and bemerded streets. They were washed by the rains and blessed by the suns of home. They have in their houses (or, perhaps, scattered in fragments at four London Transport crime scenes) documents in which Her Britannic Majesty’s Principal Secretary of State for Foreign and Commonwealth Affairs requests and requires that the bearer be given all the deference and precedence that is the due of a British national.
(...)
Just don’t call it war
FMS

I have already had enough about how perfectly normal these young men were, and what charming fellows they were, and how there was nothing they loved more than serving in dad's chip shop or helping an old lady across the street or a good game of cricket in the park.
"All he wanted to do was have a laugh," said one of the neighbours last night, about one of the sick quartet responsible for killing themselves and at least 52 others in London. "He was sound as a pound." Yeah, right. If these four young men were perfectly normal Yorkshiremen, then what the hell is happening to this country? Of all the shattering revelations of the past few days, the worst has been that these suicide bombers were British.
(...)
We have reached a turning-point in the relations between the Muslim community and the rest of us, and it is time for the moderates to show real leadership. That is why I want to end with the words of my Labour colleague Shahid Malik, MP for Dewsbury, who said yesterday: "The challenge is straightforward - that those voices that we have tolerated will no longer be tolerated, whether they be on the streets, in the schools, in the youth clubs, in the mosque, in a corner, in a house.
We need to go beyond condemning. We need to confront." Well said, Shahid; and it is time for the imams to follow.
This is a turning point: we have to fly the flag for Britishness again
FMS
quinta-feira, julho 14, 2005
Para Joana Amaral Dias, os facto dos ataques terroristas em Londres terem sido perpetrados por filhos de imigrantes Paquistaneses significa que “a derrocada veio de dentro” e que, consequentemente, a teoria de que os terroristas se combatem “lá fora” para não termos de os combater “cá dentro” está errada.
Em primeiro lugar não penso que o combate ao terrorismo tal como teorizado pelos países ocidentais que a JAD pretende criticar se pode resumir dessa forma. Acho que a “flypaper theory” é muito mais complexa do que isso e vê para lá das jogadas mais imediatas no tabuleiro que é, afinal, do tamanho do mundo e não tem “lá foras” nem “cá dentros”. Eu bem sei que a JAD não é adepta da globalização mas isto são evidências e, como diria o outro, é a viding...
Em segundo lugar não sei até que ponto a ideia de que os ataques terroristas aumentaram “exponencialmente desde a invasão do Iraque” está 100% correcta. Se contabilizarmos os ataques no próprio Iraque creio que isso seria indesmentível mas nunca é demais referir (aliás porque as pessoas como a JAD esquecem-se disso frequentemente) que os atentados de 11 de Setembro – os piores da história da humanidade – foram anteriores à invasão do Afeganistão e os atentados de Bali - os segundos piores – antecederam a guerra no Iraque. Como quer que seja, o que não me parece correcto é que deste exercício contabilísitico apenas se retire a consequência que a luta contra o terrorismo foi, até agora e tal como conduzida pelos líderes ocidentais, um “tremendo falhanço”. Este é um combate de gerações e concepções civilizacionais em que haverá avanços e recuos e o que é preciso é um objectivo final bem definido.
Finalmente, se é indesmentível que os atentados de Londres levantam questões muito sérias quanto à integração dos muçulmanos nas sociedades ocidentais, não é por isso que as sociedades ocidentais se devem recriminar ou pensar que as sua políticas de inserção social estão todas desadequadas. Isso é um risco termendo. Eu bem sei que isso é a especialidade da JAD & Co. mas não façamos dos terroristas as vítimas. Não é isso que pensam os Britânicos nem a esmagadora maioria dos muçulmanos cá residentes.
A única teoria que cai completamente por terra perante a identidade dos autores destes atentados é a ideia de que são pessoas “pobres e deseperadas” que semeiam o terror. Não. A ser assim os autores dos atentados em Londres, que a JAD classifica de prenúncio de “Guerra Civil”, seriam imigrantes da Nigéria residentes em Brixton e não desportistas universitários sem cadastro de um pacato subúrbio de Leeds. A luta de classes não é para aqui chamada.
FA
«Mesmo depois dos vossos ataques cobardes, continuarão a ver pessoas de todo o mundo a vir para Londres para concretizarem os seus sonhos» - disse o Mayor Livingstone no dia dos atentados. Hoje sabemos que os terroristas eram, eles próprios, londrinos de nascimento e criação. E que aí cumpriram o seu sonho.
FMS
quarta-feira, julho 13, 2005
Ah e tal a Palestina. Ah e tal o petróleo das Arábias.
OK. Temos é que perceber que essas coisas se discutem (negoceiam?) apesar do terrorismo e não por causa do terrorismo.
Esta diferença é fundamental e não perceber isso é capitular perante o fanatismo absoluto dando-lhe força para engendrar novas “aspirações legítimas”.
FA
«Como é sabido, as promessas não são para cumprir, mas por uma vez tem de
ser: na próxima sexta-feira, dia 15, a partir das 22h, haverá regabofe
dançante com o sonoro devidamente seleccionado pelos DJ’s do
Quase Famosos.
Será dada entrada preferencial a grupos com coreografias ensaiadas (isto
para elas). Os gajos que conseguirem imitar o sô Antony (sem os Johnsons)
terão direito a bar aberto de Caprisone. Em alternativa podem entrar
acompanhados pelo João Lisboa. Esperamos gente gira e diferente.
Tudo na Rua do Conde, n.º 57, na danceteria D&D. Se tiverem dificuldade em encontrar o sítio, sigam a batida esfuziante de um Wim Mertens ou quiçá de uns LCD.
(A Rua do Conde fica junto ao Largo em frente ao Museu de Arte Antiga, perto
dos saudosos Stones).
Os Quase Famosos»
FMS
Parece que afinal os autores do atentado de 7/7 em Londres eram muçulmanos residentes no Reino Unido... lá se vai a teoria da pobreza e do desespero. Em todo o caso aqui ficam umas imagens para tentar ajudar à compreensão do tema.

West Bank

West Yorkshire

Pessoa pobre e desesperada

Terrorista Islâmico
Capisce?
FA
terça-feira, julho 12, 2005

Há uns dias, um amigo dinamarquês contou-me que existiam no Parlamento Europeu uns sinais que indicavam o gabinete onde as funcionárias da limpeza guardam o material. Acontece que a imagem que figurava neles era a de uma mulher com um balde e uma vassoura. Este facto, logo que denunciado, levantou um coro de protestos e uma enorme indignação por parte das feministas residentes. Ciente deste intolerável sexismo, a administração do Parlamento lamentou a situação, ordenou que os sinais fossem retirados e lançou um concurso para um novo sinal identificador que não fosse discriminatório, não veiculasse imagens distortoras do papel da mulher na sociedade, nem pusesse em causa a igualdade de géneros. Muito papel e muitos custos depois, o deputado para quem o meu amigo trabalhava resolveu fazer a seguinte pergunta: "Quantos homens trabalham na limpeza?". Resposta: "Nenhum".
JV
segunda-feira, julho 11, 2005

(Editorial do Times)
"The past 72 hours have produced countless small acts of personal and private courage. If the objective of the terrorists was to force Londoners back into their homes, then that aim has failed miserably. The Tube lines attacked on Thursday have not wanted for customers since and the number 30 bus route carried passengers conscious of the recent past but focused on the future. The atmosphere of quiet but determined defiance is striking. All those who have returned to their duties to allow the public to demonstrate its collective resilience — the staff of the Underground, the bus drivers, the thousands of police officers who had weekend leave cancelled, the doctors and nurses — deserve commendation."
DBH
domingo, julho 10, 2005
Não foi para isto que fizémos Abril. O fascínio das classes possidentes pelo chinelo, por apartamentos em antigas fábricas, por automóveis do tamanho de pequenos e frágeis caixotes. Hoje somos todos meninas ricas, agrilhoadas ao apelido, a querer fugir com o jardineiro e viver no limite da miséria. Não foi para isto.
FMS
sexta-feira, julho 08, 2005
Foram estas as palavras que Mário Soares encontrou para explicar os atentados de ontem em Londres. Segundo ele a “humilhação do mundo Árabe” é a causa directa do terrorismo Islâmico. Foi isto que ele disse.
Apesar de não ser claro o que Mário Soares entende por “mundo Árabe” e ainda menos por “humilhação”, o certo é que falou também da Palestina, do Iraque, do Afeganistão. A dada altura disse qualquer coisa do género “o Aznar já teve a dose dele e agora foi a vez do Blair”.
Não admira que esta análise granjeie tanto consenso nacional (pelo menos segundo a TSF e os comentadores da SIC Notícias). Para além de errada nos factos, é uma visão simplista, provinciana e eminentemente egoista do problema. A imagem do país portanto.
Sejamos claros, com o terrorismo islâmico não se dialoga nem se discutem princípios de direito internacional público pela simples razão que é um debate que eles não estão minimamente interessados em travar. Lembro a este propósito o Theo Van Gogh que implorava ao seu homicída, “vamos tentar resolver isto!”, enquanto este esvaziava o carregador.
FA
PS – Imperioso ver o excelente post do FCG para uma análise económica da estratégia terrorista.
Em vez de perderem tempo a ler disparates de pessoas que não sabem do que estão a falar, sugiro a leitura deste artigo do Times. Depois de ouvir os dislates de Mário Soares & Co., é reconfortante ler alguém que nos lembre o essencial.
FA

No escritório tendo saído da estação de Aldgate East. O metro já está a funcionar e fiz questão de viajar nele esta manhã. A zona em redor do meu escritório (mesmo à beira da estação de Aldgate) continua vedada. Apesar das recomendações da Policia para as pessoas não virem para o centro de Londres há muita gente nas ruas em mais uma manhã de trabalho na City. Talvez um misto de imprudência e teimosia com coragem e força?
Peço a Deus coragem e força!
FA

(Texto e foto do Blog "One man and his blog")
"Tonight, I was very proud of this city. Less than 12 hours after a bomb ripped a London bus apart, London commuters were happily queuing for a bus home."
(Texto do Blog Clagnut )
"So thanks then, terrorists. You’ve just succeeded in bringing the families of millions of Londoners that bit closer together, giving them an increased love of their city and an enhanced appreciation of their way of life. You might have destroyed the lives of several hundred people, but – and this is stating the bloody obvious you fuckwits – you’ve achieved nothing"
(Texto do Blogue Adactio)
"The terrorists responsible for these attacks are clearly not only a bunch of murdering bastards, they are a bunch of murdering bastards who don't know their history. London made it through the blitz and through years of IRA bombings. Londoners react to explosions not with fear and terror but with resolution and bravery.
The eyes of the world are on London today. The world will see a display of stiff upper lips and unity. If there's one thing that Londoners can do well, it's this: they cope."
DBH
Ontem este blogue foi do Fernando. Foi através do NQdI que soubémos que a Sofia e ele estavam bem.
Hoje continuamos, mas não sem colocar aquela imagem no sidebar, via o blog da Concelhia de Lisboa do CDS.
Good show ol'boy.
DBH
quinta-feira, julho 07, 2005
8:45 – Chegada à estação de Aldgate abordo do metro da Circle Line. Tudo normal. Os londrinos a caminho do trabalho na City num agradável dia de Verão.
8:50 – Explosão no metro entre as estações de Aldgate e Liverpool Street. A explosão ouviu-se e sentiu-se dentro do café onde eu aguardava a minha tosta-mista. A primeira reacção veio a provar-se certeira: isto foi uma bomba! Fumo, muito fumo, começa a sair da estação e das grades de ventilação em frente ao meu escritório.
8:55 – As primeiras explicações são de que a explosão se deveu a um transformador eléctrico defeituoso. Não há, ainda, quaisquer informações de vítimas. Chego ao escritório sem suspeitar da dimensão da tragédia.
9:00 – Da janela do escritório vemos chegar os primeiros bombeiros e polícias à estação de Aldgate. Entre o fumo conseguem-se ver os funcionários do metro, com lanternas, a evacuar passageiros. Chegam os primeiros relatos de outra explosão na zona de King’s Cross. Torna-se evidente que alguma coisa não bate certo.
9:30 – Perante os relatos de múltiplas explosões na cidade de Londres e o encerramento do metro a hipótese de atentado ganha forma. Subitamente os confrontos do dia anterior em Gleneagles e as celebrações da conquista dos jogos Olímpicos de 2012 perdem qualquer relevância. A preocupação imediata é avisar a família e amigos de que estou bem.
9:45 – Começa a contagem dos trabalhadores no escritório. Quem está, quem não está, quem está de férias... A angústia instala-se. O dia não vai ser fácil. Pouco depois chegam rumores de um atentado num autocarro.
10:00 - Atenta a dificuldade em utilizar as linhas telefónicas as pessoas começam a recorrer aos e-mails e, nom meu caso, também ao blog. Perante a ausência de notícias oficiais, ainda não se sabe exactamente o que se passou. Atentado? Uma série de falhas na rede do metro? Rumores exagerados? Mais angústia e apreensão.
10:15 – Chegam os primeiros telefonemas de amigos e familiares. Em Portugal sabe-se mais que em Londres... No e-mail interno da empresa as explicações escasseiam...
10:45 - Não restam dúvidas: tratou-se de uma série de atentados. Accionam-se os meios de segurança no escritório. Estamos em “bomb alert”. Fecham-se as pressianas das janelas. Fecham-se as portas dos escritórios com janelas para o exterior. Reunimo-nos todos à volta da televisão portátil de um colega para tentar perceber o que se passa. Falta apenas falar com uma colega e a secretária “head of department”, já com o seu colete fluorescente, encontra-se, freneticamente, a tentar localizar todos os empregados ao telefone e no e-mail. Apesar de saber que a minha mulher, Sofia, está em Surrey, muito longe de toda a confusão londrina, o facto de não lhe conseguir falar torna-se preocupante.
11:00 – Surgem as primeiras reacções oficiais. Foi um atentado! Era inevitável dizem uns. Fazem-se tentativas frustradas para falar com familiares e amigos. A ausência de detalhes sobre as vítimas causa muita apreensão.
12:00 / 12:30 – A normalidade não se consegue impôr. Faxes de colegas na Turquia e na Holanda sobre casos que andamos a tratar misturam mensagens profissionais com preocupação pelo nosso bem-estar. Hora de almoço. Espírito de Blitz. Com a fleuma e coragem que os caracteriza os londrinos tentam seguir a sua rotina! Depois de falar com a Sofia recobro o apetite e vou almoçar na cantina do escritório: misto de bunker e, hoje, ponto central de discussões e conversas.
14:00 – Falo em directo para a SIC Notícias. Na rua não se vê ninguém. A polícia não deixa circular nas ruas. Estamos isolados. A preocupação é agora o regresso a casa. Sem metro, autocarros ou combóios a tarefa afigura-se complicada.
14:30 / 15:30 – Surge o comunicado da Al-Qaeda. Seguem-se as reacções de Blair e Livingstone. Contra a conspiração a inspiração de líderes carismáticos. Por entre a tragédia, que agora ganha contornos assustadores, sucedem-se as mensagens e testemunhos de coragem e determinação.
16:00 / 18:00 – A caminho de casa! Na rua muitas barricadas e zonas vedadas ao público. Muita gente na rua. A pé. Tentando fazer o seu caminho de casa. Para mim isso representa um passeio ao longo do Tamisa. Noutras circunstâncias seria um passeio prazenteiro, hoje não foi bem assim. Muitos “commuters” esperam lugar nos barcos do Tamisa que aindam funcionam. Passa por mim um Maseratti com, pelo menos, 7 pessoas no interior a caminho do West End. Mais uma vez sente-se no ar o espírito do Blitz.
18:15 – Home sweet home. A empregada veio trabalhar e está bem. Falo finalmente com os últimos amigos ainda “unaccounted for” – a cerveja e o caril têm de ficar para a semana. Ainda um pequeno susto quando a estação de Victoria é evacuada e a Sofia e a mãe, entretanto chegada de Lisboa, têm que vir para casa a pé por atalhos. Último balanço 50 mortos e 300 feridos. 50 mortos. 300 feridos. Porquê? Um fanatismo cego disfarçado de ideologia libertadora. A combater. Sem tréguas.
FA
«Rotina diária:
Exercitar o cinismo para sobreviver entre os crédulos. Exercitar a crença para sobreviver entre os cínicos.»
Who else?
FMS

Instala-se a angústia de não saber se todos os amigos, colegas e conhecidos estão bem. 30, 40, 45 mortos. Centenas de feridos. É muita gente.
Invade-nos a preocupação por não conseguir falar com a nossa empregada que viajava hoje na Picadilly line (uma das linhas afectadas) por volta das 9 horas. E o amigo com quem tínhamos combinado ir beber uma cerveja depois do trabalho e, quem sabe, petiscar um caril ali para os lados de Brick Lane.
À realidade ainda demasiado próxima dos eventos sucedem-se os números. Frios e objectivos. A estes uma outra realidade mais íntima. E os telefones ainda não há maneira de funcionarem.
Amanhã é outro dia. Tem de ser. Foi assim no Blitz. Foi assim durante a campanha do IRA em 95/96. Tem de ser assim agora.
Vou para casa. A pé.
FA

Mayor Ken Livingstone
“This is not an ideology or even a perverted faith. This is just an attempt to kill innocent people”
And Mr Livingstone then addressed the terrorists directly, saying they would never beat the resolve of the British people:
"Ours is the greatest city in the world and we will not be divided by your cowardly attacks. I know you fear you may fail in your long-term objectives. In the coming weeks look at our airports, seaports and railway stations. People come to live in London so they can live the life they choose. They flee you because you tell them how to live and no matter how many people you kill, you will fail.”
FA
4 explosões: 3 no metro e uma num autocarro.
45 mortos (mais vítimas fatais aguardadas) e cerca de 1,000 feridos.
A BBC, talvez por questões de segurança, está muito lenta a revelar detalhes da tragédia.
FA
A gente erudita do Quase Famosos faz hoje um aninho de blog. Nunca mais organizam outra festa, mas a gente perdoa-lhes. Parabéns.
FMS

“Britain is now burning with fear, terror and panic in its northern, southern, eastern, and western quarters” - Secret Organisation Group of al-Qaeda of Jihad Organisation in Europe
Amanhã a vida continua. A cidade de Londres já passou por muito pior e sobreviveu. O terror dos fanáticos dura um tempo limitado, a determinação (grit!) de uma cidade é eterna e contagia mesmo os que nela não nasceram!
FA
Apesar de ainda não confirmadas, parece que o número de vítimas mortais será, forçosa e infelizmente, superior às duas até agora avançadas. Quem já viajou num autocarro ou numa carruagem de metro em Londres à hora de ponta sabe bem que assim é.
Parece, no entanto, que após o pânico inicial as coisas foram bem coordenadas. As autoridades britânicas têm muita experiência com este tipo de fenómenos e, desde as forças policiais, aos bombeiros às próprias empresas e privados, todos têm procedimentos de segurança muito rigorosos. Isto não terá salvado vidas mas minimizou o sentimento de insegurança e permitiu a normalidade possível no meio do caos.
A principal preocupação de quem conseguiu chegar aos locais de trabalho é agora como voltar a casa. Não há metro, autocarros e muitas estações de combóios estão igualmente fechadas.
FA
"Whatever they do, it is our determination that they will never succeed in destroying what we hold dear in this country and in other civilised nations throughout the world" Tony Blair
Agora vou almoçar. O Blitz não se ganhou de barriga vazia.
FA
PS - Helicópteros continuam a sobrevoar a zona dos atentados na City (onde me encontro). Um claramente para evacuar feridos (um helicóptero encarnado) e outros da polícia claramente em vigilância. As ruas continuam praticamente vazias.
A primeira impressão é a de que os ataques no metro (provavelmente sabotagens técnicas atentas as primeiras explicações no terreno) serviram para obrigar as pessoas a viajar de autocarro onde, aí sim, parecem ter explodido engenhos armadilhados.
Já dá para notar os contornos de uma operação da Al Qaeda – ataques simultâneos à população para causar o máximo de caos e pânico. Bastards!
FA
Está tudo longe das janelas à volta da televisão portátil do Ed a ver a BBC1. Parece agora mais provável a tese do(s) atentado(s). As ruas de Londres estão desertas. Uma colega nossa ainda não apareceu e não está contactável. Não consigo falar com a minha mulher.
Começam a circular as primeiras teses: Al Qaeda? Anarquistas contra o G8? Franceses desgostosos com a decisão do COI?
Mais notícias dentro de momentos.
FA

É só para dizer a familiares e amigos que está tudo bem comigo. Ouvi a explosão (uma tanto quanto me apercebi) e assisti à evacuação de toda a zona onde trabalho. Não se vê ninguém na rua neste momento.
Estou no escritório, à secretária, e a Polícia acabou de pedir para as pessoas se manterem calmas e dentro dos edifícios. Ainda nos falta contactar 2 colegas aqui do departamento. O resto está tudo "accounted for".
Ainda não se sabe exactamente o que aconteceu. As primeiras indicações são de que não se trata de nenhum atentado terrorista mas ainda é cedo para dizer...
FA

Um dos participante do “workshop artístico” dos jovens do BE diverte-se, à grande, em Gleneagles!
FA
quarta-feira, julho 06, 2005
ou A sinceridade da azia
félicitations sincères à la Ville de Londres qui va accueillir les jeux Olympiques de 2012 !
Espérons qu'avec le réchauffement climatique (grâce aux efforts de nos camarades américains) nous aurons un bel, beau et grand soleil d'été en 2012, tout au long des jeux ! ...
Un simple conseil toutefois : investissez massivement dans les trasports publics (trains et métro) !
Vive l'EUROPE ! Vive les Jeux !
terça-feira, julho 05, 2005
"Não desejo que o liberalismo seja tomado por não liberais oportunistas. Mas também me atemoriza a ideia de fazer dele uma espécie de grupo musical alternativo, que os fãs ameaçam abandonar se vender mais do que 100 discos e se começar a tornar popular, deixando de ser só deles." por AMN in Arte da Fuga
Negar que as traves mestras do liberalismo apelam ao ser humano de um modo natural, instintivo, sem grandes explicações ou floreados é negar o essencial. O essencial do liberalismo e o essencial do ser humano.
FA
sábado, julho 02, 2005
Então está bem! Parabéns por um ano de fugas!
FA
PS - Se soubesse pôr aqui música dedicava-vos o tema do Fuga para a Vitória.
sexta-feira, julho 01, 2005
"Mas a politica é a minha perdição e não consigo resistir: volta Guterres, estás perdoado, e eu cá também sou refugiado, só que se eu fosse realmente liberal, daqueles mesmo que se defendem em elaborada e empirística tese, como me mandaram no intervalo da catequese, isto agora calhava-me muito mais a jeito, punha o Hayek aí a preceito; e haviam de ver. Fico pois reduzido a ter de tratar da dúzia de momentos mais marcantes da civilização para a condição masculina, até porque este é um blog da 3ª via, uma espécie de blairg."
by António (who else?)
FA