sábado, maio 31, 2003

CARTAS: Assinala-se a chegada à blogosfera de mais um exilado.
Sendo dos que ficaram, mas que agora aí não estão, aguardo com especial curiosidade mais novas em novas cartas.
JV
BE AFRAID, BE VERY AFRAID: O insigne democrata Carvalho da Silva alertou as forças progressistas para o facto de ser a "extrema-direita social e política que está no poder".

Meus amigos, ainda não é desta que poderemos luzir tranquilamente as nossas camisas azuis, castanhas e pretas, o Carvalho da Silva descobriu tudo...

Ter-se-á esquecido de tomar os comprimidos? Será que o seu controleiro lá no Reino da Moscóvia passou a ser o próprio Alvarito Cunhal? Problemas com as lentes de contacto? Desonestidade intelectual? Fica a dúvida.

Aqui fica uma ideia para slogan da CGTP: "Sou do sindicato do Carvalho e há dez anos que não trabalho!".

Estamos fartos de políticos profissionais, travestidos em sindicalistas, que vão manipulando as frustrações de quem trabalha.

Já agora, de antologia foi o seu comentário, aquando daquele Flop disfemisticamente chamado "greve geral", acerca dos milhares de pessoas que, naquele dia, estavam a caminho de Lisboa.

Segundo o amigo do povo, essas pessoas estariam a aproveitar a greve nas filas de trânsito para irem à capital tratar "de outros assuntos"...

Querem mesmo que seja este humorista a suceder ao árido Dr. Carvalhas? Eu acho boa ideia.

JV
PELO ANDAR DA CARRUAGEM: A manter-se a velocidade com que figuras públicas se vêem envolvidas no caso Casa Pia, este ano não teremos Natal dos Hospitais, mas sim Natal das Prisões.
FMS
O REI LEÃO: Para um monárquico eventual e titubeante como este que assina, não há melhor argumento para perder a fé na monarquia constitucional do que a triste perspectiva da coroa britânica em cima da guedelha do Príncipe William. Dizem-me que o rapaz, em plena crise existencial desde que ingressou na universidade, tem revelado ao mundo os seus desejos de largar os estudos e a vida de conforto de que goza para se dedicar a ajudar o seu mui amado povo africano, vivendo debaixo da palha e movendo-se pendurado em galhos de árvores. Parece até que já começou a estudar um dialecto qualquer chamado Swahili. Muito sangue Spencer corre por aquelas veias, ó deuses! Se o rapaz chegar ao trono neste estado deplorável, devo dizer-vos, meus caros, que é toda uma nobre tradição de devassa, adultério e cabeças cortadas que é posta em causa. Isabel, se me está a ouvir, pega no miúdo, arranja-lhe um estágio no Mónaco com o professor Alberto, compra-lhe um Porsche, uns trapos novos e deixa-o envolver-se na perdição dos prazeres terrenos. Senão, prepara-te, porque qualquer dia os Simpsons são mais admirados do que os Windsors.
FMS
IT'S TIME THE TALE WERE TOLD OF HOW YOU TOOK A CHILD AND YOU MADE HIM OLD: A escandaleira da pedofilia veio finalmente deitar por terra as análises optimistas para as quais o nosso (aqui vai a bela expressão tecnocrática) "atraso estrutural" em relação ao resto da Europa rondava os vinte/trinta anos. É que se, na generalidade, o caso português faz lembrar o belga, quando vejo o Herman a responder por práticas sexuais com tenrinhos adolescentes e a abandonar o DIAP naquele seu jeito efeminado e fleumático, não consigo deixar de pensar em Oscar Wilde no célebre julgamento em que foi escrutinada a sua vida de hedonista incorrigível ao lado do jovem Bosie, petit nom de Lord Alfred Douglas. Corriam os azougados derradeiros anos da era Vitoriana, portanto, há mais de cem anos. Se a defesa de Herman for tão genial como a de Wilde, um verdadeiro genius at work, então terá valido a pena a espera. Serra Lopes, Nabais, Santiago, Cruzeiro et al, aprendam.
FMS

sexta-feira, maio 30, 2003

Viagens na terra dos outros 2: Fui a Budapeste! Estamos tramados.
A cidade em sí pois está claro que é muito bonita, majestosa e essas coisas todas – o Danúbio e a história ajudam muito. O que mais me impressionou no entanto, para além da língua que é absolutamente incompreensível, foi o valor que os Húngaros dão à sua liberdade política e económica. Sente-se isso nas conversas com as pessoas, nas esplanadas ao ar livre, nos museus e nas lojas. A “revolução constitucional” começou em 1989 e é absolutamente notável o desenvolvimento político e económico em pouco menos de 15 anos.
Fui tentado a concluir que o Comunismo Húngaro, no meio das atrocidades políticas e humanas, atropelos aos direitos individuais e atentados ambientais, alguma responsabilidade teria na manutenção deste potencial adormecido que agora desponta. Puro engano. O segredo não tem nada que ver com sistemas políticos (pela sua própria natureza perecíveis) mas com a essência do país, a vitalidade dos seus cidadãos, a força da sua cultura e a aceitação, sem complexos, da identidade nacional (valores bem mais perenes).
Claro que há corrupção, clientelismo e estatismo – sempre foram 40 anos de Comunismo! É óbvio que nos próximos anos a economia Húngara, as empresas, as instituições vão ter que se desenvolver muito na tentativa de se adaptarem ao modelo económico e político do Ocidente (ainda para mais aquele modelo que sai empacotado de Bruxelas). Não tenho dúvidas no entanto que conseguirão atingir esse objectivo. É uma sociedade civil demasiado activa e vibrante para não fazer as reformas de que o país ainda carece. E já não são assim tantas.
Nós? Nós estamos tramados.
FA
Paradoxo: De todas as opiniões acerca da Casa Pia que tenho lido o comunicado do humorista Herman José após ter sido constituído arguido é, paradoxalmente, o mais sério e exemplar retrato de como se deve reagir numa situação tão confrangedora como esta.
FA
Galhardetes: Odete Santos vs. João Almeida.
Deve ter sido bonito. A lembrar as PMQs de quarta feira aqui no burgo. Épico. Só é pena toda a inconsequência do debate político em Portugal.
Já agora, entre nós que ninguém nos ouve, a CRP merece de facto ser ultrajada jurídica e politicamente. Por razões históricas se alguém tem legitimidade para o fazer é o CDS. Com maneiras e bem feito claro está.
FA
É inpressão minha ou estamos um nadinha susceptíveis hoje?

Reprimendas sobre elegância e cortesia acompanhadas de modos de cabo de esquadra não costumam primar pela eficácia.

Instalado o litígio, atrevo-me a propor que (ao contrário da barulheira que assola o dito país real) tranquilamente se façam ouvir as partes. Se para isso tiverem paciência, claro está.

Se não for o caso, agradece-se penhoradamente o regresso à forma medianamente civilizada que vem sendo costume.

Obrigado.

JV
Olhe que não, NMP, olhe que não: Agradeço a resposta de NMP. Percebo os argumentos. Mas não os subscrevo.

Acho que a adesão da Turquia deve ser tratada com recurso a critérios objectivos e, mesmo face a esses, a coisa não é famosa.

Uma coisa não invalida a outra.

Relevo que só falei especificamente em cristianismo após o NMP ter levantado a questão. Até lá, limitei-me a advogar a consagração do respeito pela(s) Fé(s), enquanto vertente incontornável do que é ser Ser Humano, no projecto de Tratado, Constituição, coisa, que Giscard y sus muchachos andam afanosamente cozinhando.

Aliás, foi o próprio Recep Erdogan (lamento os mais que prováveis erros, mas o meu turco está uma miséria) que qualificou o seu partido como sendo democrata-cristão (sei que é suposto ser bem-educado, mostrar o link e tudo o mais, mas li isso há muito tempo e, sinceramente, já não sei onde foi).

Disse o nosso amigo NMP que :

"Expressões como "não pode ser outra a opção" ou "tem de ser a posição" são figuras de estilo, destinadas apenas a conceder força aos argumentos. Podem não ser muito elegantes mas daí a concluir que são pouco democráticas vai uma grande distância. Pergunto-me se o escrutínio tão detalhado da linguagem alheia não será uma involuntária e inconsciente adesão às teses mais extremas dos defensores de um uso politicamente correcto do Português."

Fico contente por se tratar apenas de estilo literário e tranquilizo-o, faço o que posso para não ceder às tais teses.

Cá para nós que ninguém nos ouve, aquela minha conclusão foi também uma cedência a esse mesmo estilo... quem se põe a jeito arrisca-se a levar com contra-figuras de estilo.

Fui um verdadeiro reaccionário. No hard feelings, espero.

Um abraço e boa maré!

JV
SANTA TERESA DA EUROPA: Tendo falado há pouco de Fé, não posso deixar de assinalar o papel fervorosamente evangelizador desta senhora.

O fim do texto é elucidativo: "Cabe ao governo (e ao PS) clarificar perante a opinião pública os termos da alternativa e ter a coragem de decidir em função do que é melhor para a Europa e para Portugal no longo prazo. ". Ficámos esclarecidos quanto às suas prioridades.

Como ignóbil pecador que sou, optei por não comungar.

JV
Agarrem-me, senão eu garanto o regular funcionamento das instituições:

O nosso Supremo Magistrado explicou ontem que, se as instituições não se portarem bem, ver-se-á na necessidade de usar os seus poderes.

Apenas um comentário: Ui, que medo!
Sempre desconfiei que esse dia ia acabar por chegar.

Só não garanto a excelência nos resultados do uso dos poderes por Sua Excelência.
JV
ILUSTRE CASA II: Responde-me JPP lançando a dúvida sobre se o Portugal dito por Agostinho da Silva "não é tão artificialmente “construído” como o que critica em Eça".

Não duvido que dizer implique "construir". E dizer um país requer um grau de abstracção que, necessariamente, tem de socorrer-se das "ferramentas" da generalização, do comum e - paradoxalmente ou talvez não - do claramente específico para transmitir o que, por não mensurável, apenas se sente e se intui.

Desse ponto de vista, ninguém negará a Agostinho os firmes alicerces do estudo, da reflexão e da meditação, as traves-mestras da experiência e da humildade, sobre os quais edificou a sua ideia de Portugal e da portugalidade.

Dizer um país é, em parte, vê-lo de fora. Só assim se entende que todos os que falam do "país real" sejam exactamente os que dele têm a capacidade de se destacar. Agostinho viu-o dessa forma, mas manteve com ele uma relação quase telúrica, avessa aos positivismos que hoje vão campeando.

Admito que alguma tendência medievalizante perpasse pelos exemplos de lacunas apontados por Agostinho.

Simplesmente, as referências ao povo, concelhos, burgueses, economia, política continuam a fazer sentido no Portugal novecentista e, julgo, fazem sentido ainda hoje (admito que talvez a referência aos burgueses já não seja precisa, visto que já nos aburguesámos todos). O que é verdade é que normalmente não são esses os "quadros cénicos" que Eça nos mostra.

No texto que em parte citei, Agostinho comparava a superficialidade de Eça face à maior crueza e verosimilhança das personagens de Julio Dinis.

O nosso Gonçalo Mendes Ramires seria, assim, menos credível que os ocupantes da Casa Mourisca. Não sei se o é. Prefiro que o não seja.

Por mim, continuarei a ler os dois. Se para isso me sobrar o tempo...

JV
MARÉS E MARINHEIROS: Devolvemos o abraço ao Mar Salgado e agradecemos a simpatia da referência.

Falando a título pessoal diria que, nadando nas mesmas águas, pertencemos a cardumes diferentes. No que à Fé diz respeito, pelo menos.

A referência aquática, vinda de alguém chamado Vacas, não é muito verosímil, mas enfim...

De facto, não alinho pela bitola laicista. Considero que, na maioria esmagadora das vezes, ela apenas esconde um cristalino e pouco original anticlericalismo. É fastidioso dar exemplos já que a nossa história é tão fértil neles.

Não deixa de ser esquisito que se possam considerar passíveis de protecção o ambiente, o trabalho, a educação e não o respeito pelo sentimento religioso das pessoas... como se essa dimensão não fizesse parte do que é ser Homem (e Mulher, pois, já sei). Basta olhar à volta.

Na verdade, é tapar o sol com a peneira fingir que, para além das influências grega e romana, nada mais existiu de comum. Grande parte dos valores que a dita Europa diz serem seus radicam, de facto, no cristianismo. Goste-se disso ou não.

Para não melindrar cede-se ao politicamente correcto... Vai sendo costume.

Indo às origens do actual modelo democrático ocidental, é fácil constatar que as democracias mais antigas do mundo, a Inglesa e a Americana (isto, claro, se não adoptarmos o novo credo soarista), mantêm referências à Fé e a Deus, sem que, com isso, menosprezem outras tradições, cultos ou origens.

Curiosamente, ou talvez não, foi nos países europeus da tal laicidade protestada (e imposta) que as perseguições religiosas mais se fizeram sentir. Mudanças de calendários, apostasias forçadas, expulsões e expropriações, valeu tudo para impor o dito laicismo e o culto da Deusa Razão. É caso para trautear: "Ó Lisboa, não sejas francesa"...

Tomo a liberdade de fazer uma pequena sugestão de alteração do argumento do nosso amigo NMP: Do que nos orgulhamos, face às actuais sociedades muçulmanas, é do laicismo dos nossos Estados, não do laicismo das nossas sociedades.

É ao Estado que se exige o respeito irrepreensível pelo Princípio da Igualdade, não à sociedade. Esta tem origem, tem passado, tem raízes e (pasme-se!) tem Fés. Tratar de forma igual o que é diferente não é igualdade, é igualitarismo cego. Para isso estão cá os canhotos. Alguns padecem mesmo do problema de não conseguirem fazer a distinção, advogando a absorção da Sociedade pelo Estado.

Não é o meu caso. Nunca dei para esse peditório.

Lamento se este discurso não corresponde ao estereótipo do que seja um liberal. Não sei sequer se o sou. O que não sou, de certeza, é laico. Nem sequer republicano e, muito menos, socialista. Há trindades de maior préstimo.

Não julgo que só os que enclausuram a Fé no âmbito privado (onde a tentam estancar, até que definhe) sejam dignos de ser considerados defensores da Democracia.

O que sei é que não é democrático dizer que "não pode ser outra a opção".

Quanto ao resto, remeto a argumentação para o meu post HAJA DEUS.

César quando se esquece de Deus tem a tendência a ocupar o seu lugar.

JV

quinta-feira, maio 29, 2003

JÁ AGORA II: Eu é que ando a ler JPP. E não podia estar mais de acordo. De facto, não me lembro de ter alguma vez pedido uma Constituição Europeia, ou sentido a sua necessidade ...
JV
JÁ AGORA: O Pacheco Pereira anda a ler o nosso very own João Vacas. Só lhe faz bem.
FMS
MANDEM POSTAIS: Para os que só agora chegaram ao nosso contacto, o "NO QUINTO DOS IMPÉRIOS" é um blog desavergonhado no modo como assume a sua tendência direitista. Filho de pais separados (Francisco Mendes da Silva em Viseu/Coimbra, Diogo de Belford Henriques em Lisboa, João Vacas e Martim Borges de Freitas em Bruxelas e Fernando Albino em Londres), que se esforçarão por educá-lo neste feroz e pouco edificante mundo da blogosfera, é - consoante as assinaturas e as disposições - conservador, tradicionalista, democrata-cristão e liberal (que é coisa que os filhos são sempre mais do que os pais). Usa camisa às riscas, a barba aparada (apesar do orgulhoso e aristocrático manto facial de um dos progenitores) e gosta de sentir o calor dos seus leitores. Por isso, comentários, sujestões, ameaças de bomba, sussurros ao ouvido, pensamentos libidinosos, é só enviar para oquintodosimperios@hotmail.com. Para que conste, não fazemos casamentos nem baptizados.
O TRIUNFO DA RAZÃO: Se algo o escândalo Casa Pia vem provar é a intensidade com que a filosofia iluminista se acha implantada na psique colectiva portuguesa. Deambulo pelas praças, vagueio pelos cafés, debato com a família, e a incredulidade é invariavelmente a mesma. Para o português típico, crime é coisa de pobres vadios e almas incultas. Apesar de não conseguir teorizar a questão em termos metafísicos, o Portugal profundo acredita piamente na força purificadora da Razão e crê cegamente no nauseante optimismo antropológico que nos é vendido há séculos. O facto de uma pessoa ser um sociólogo reconhecido, um comunicador exímio, um humorista brilhante, um melómano especialista em música clássica ou um intelectual sem par é motivo suficiente para relativamente a ela se afastar toda e qualquer possibilidade do cometimento de crimes. Séculos de História pouco dizem à maioria dos filhos de Deus. Mais livros não fazem de mim uma melhor pessoa. Primeiro, porque muitos crimes são o resultado daquilo em que a Razão jamais conseguirá entrar: o irracional. A pedofilia é precisamente um desses casos. Depois, porque a Razão tem tido as costas largas. Conhecem os senhores Robespierre, Lenine ou Estaline? E o senhor Adolfo (triunfo da vontade o tanas!), lembram-se dele? Fartava-se de ler. Gostava era de queimar judeus ao pequeno almoço.
FMS
DE IR ÀS LÁGRIMAS: O fenómeno da blogosfera lusa começa, lentamente, a transformar o jornalismo tradicional. Agora, até nas páginas habitualmente sisudas do Público podemos encontrar o estilo típico do blogger português - a ironia inteligente, o cinismo estudado ou até mesmo o humor despreocupado. Para os mais incrédulos, aqui fica o hilariante artigo de ontem do Prof. Fernando Rosas, uma saudável palhaçada sem malícia. Até já me dói o maxilar.
FMS
BRINCANDO COM O FOGO: A reacção do PS à decisão do colectivo de juízes do caso Moderna de chamar a depor o Ministro Paulo Portas destacou-se pela inaudita serenidade e pela ausência da estéril (de tão usada) verborreia exaltadora da moral política. O que não surpreende. Meses de histeria obsessiva e de demissões exigidas a um ritmo incontinente criaram um feitiço que fatalmente haveria de se virar contra o feiticeiro. Ao elevar a responsabilidade política a níveis só comparáveis aos da santidade, Ferro Rodrigues criou um monstro que deixou de poder controlar. Ao decretar que uma mera testemunha de um caso judicial (em nada ligado à área que aquela tutela enquanto governante) tem sobre si uma suspeita insuportável, o PS cria um patamar de exigência ética que nenhum político - pressupondo que seja humano - é capaz de cumprir. E isto, porque no mundo das suspeitas a rapidez com que o rumor se vai divulgando e instalando só é igualada pela facilidade com que qualquer calúnia pode ser gerada. Se fosse fiel ao seu próprio evangelho de pureza e transparência, o Dr. Ferro já se tinha demitido. Não o fazendo, só podemos concluír que se arrependeu da gritaria dos últimos tempos. Ferro Rodrigues é o Dr. Frankenstein da política portuguesa. E, como é óbvio, nada disto é por causa do modo pouco esmerado com que o Criador se dedicou à aparência física do senhor.
FMS

quarta-feira, maio 28, 2003

28 DE MAIO: Esta data, que muitos preferiam apagar do calendário, é pretexto para celebração e reunião na minha família. Hoje à noite, lá estaremos todos, pela enésima vez, a comemorar o aniversário da Avó Augusta. A 5 de Outubro, será a vez do Tio Virgílio. E a 25 de Abril, apagaremos todos as velas com a Tia Orquídea. Como vêem, a democracia está-me no sangue.
FMS
SE UMA CONSTITUIÇÃO INCOMODA MUITA GENTE, DUAS INCOMODAM MUITO MAIS: Chamem-me paranóico à vontade. Histérico, alarmista, João Soares, o que vos aprouver. Mas que eu seja ceguinho se esta coisa toda da pedofilia não é uma cabala dos senhores Chirac e Giscard d'Estaing para desviarem as atenções e fazerem passar a Constituição Europeia pela porta do cavalo da nossa soberania. Ninguém explica, ninguém discute, ninguém sabe, ninguém quer saber. Nem o Dr. Monteiro, vejam lá bem o estado a que a apatia chegou. No Reino Unido, onde a brincadeira assume outra gravidade - com o movimento constitucional a avistar, pela primeira vez, os white cliffs de Dover -, John Major diz que "once again, European politics is back on centre stage". Cá pelo quintal, who cares?
FMS
DANADA PARA A BRINCADEIRA: Fátima Campos Ferreira convidou Narciso Miranda para, no "Prós e Contras", exaltar as virtudes do Poder Local e, presumo, iluminar a plebe acerca dos malabarismos obscuros que presidem ao exercício do mesmo. No meio daquele chorrilho de banalidades, confesso que fiquei frustrado com tanto conhecimento de causa desperdiçado. Registo, porém, o requinte de malvadez da apresentadora. Como o João Pinto, nos áureos tempos em que capitaneava o FCP, só tenho um adjectivo: gostei.
FMS

terça-feira, maio 27, 2003

MEA CULPA, MEA MAXIMA CULPA:
Peço desculpa por, no post anterior, ter escrito "o País destes rapazes" devia ter sido País destes rapazes e raparigas.
Ou, para esclarecimento do nosso leitor brasileiro: O País destes Meninos e Meninas.
Ou seja, até podemos ofender alguém, mas má-educação é que não.
DBH
OS DESPEITOS DO COSTUME:
Realmente o País destes rapazes não é real nem relativo, é amnésico selectivo.

Escreve DF:
"O que nos deve interessar aqui, no País Relativo, é esse país que está a ser obscurecido, alvo de uma manobra de diversão. Para que não se fale do Caso Moderna ou do Ministro Portas, para que não se fale do aumento da taxa de desemprego, para que não se fale do Rendimento de Reinserção (porque é
que isto me soa a constrição social?)."


Porque é que isto me soa constipação social?
Pois bem. Continua a cabala! Já não é só o facto de o Dr. Portas ser testemunha do caso Moderna, devido à sua actividade profissional enquanto cidadão (assim como o Dr. João Soares, aliás testemunha de defesa de alguém que diz mal conhecer mas com quem tinha um acordo verbal enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa!!!!) mas também o RSI é a razão desta
manobra de diversão!

Pois. Nem vale a pena relembrar que só por ser eleito, e testemunha, ainda o mês passado se escrevia que o ministro da defesa se devia demitir... claro que agora tudo muda, até as manchetes do Expresso perderam credibilidade!

Mas, pelos vistos, esse é que é o país que deve interessar aos relativos!

Um País que se esquece de lembrar que o PS não é a única vítima neste processo cujas, como lembrou Bagão Félix, as principais vítimas foram e são as dezenas de crianças violadas e abusadas sexualmente!

Um País cuja Justiça é morosa, inapta e cabalizável (why not?), desde quarta-feira passada!

Um País "que está a ser obscurecido" por esta investigação que, sem respeito pelos partidos (qualquer um) procura os culpados!

Um País Relativo, cheio de perigosas e discretas relações.

Escreve ainda:
"sobre temas que, como a ele, me preocupam. Sobretudo pela forma como este Governo não os trata, os maltrata ou ignora"

Maltrata ainda aceito, como a falta de respeitinho por aqueles históricos artigos da CRP, mas "não os trata""ou ignora"???

Hummm... em comparação com o quê? Relativamente ao fervor decisório da anterior maioria?

DBH
DORMINDO COM O INIMIGO: Rumores insistentes na blogosfera alertam para a possibilidade de João Pereira Coutinho se encontrar enamorado com uma jovem de esquerda. Uma italiana que responde pelo nome de Maria Bocchichio. Penso representar o sentimento da generalidade dos blogs do lado de cá do muro ao exigir que o rapaz se demita das suas funções de blogger até toda esta situação estar devidamente esclarecida.

Ansiando que tudo não passe de uma "calúnia infame",
FMS
ESCRITA CRIATIVA: A pedido do Presidente Sampaio, sete dos setessentos artigos do Código do Trabalho vão ser objecto de verificação pelo Tribunal Constitucional. Segundo a SIC, "Sampaio enviou o Código do Trabalho para o TC".Nas eleições de anteontem em Espanha, o PP garantiu vitórias em 35 das 52 circunscrições. Para o Público, "Socialistas de Zapatero tornaram-se primeira força política em Espanha".
Eu bem recorro a este tipo de interpretação criativa nos meus exames de Direito, mas os resultados variam sempre entre a inócua inconsequência e a humilhante advertência. Deveria ter seguido jornalismo, é o que é.
FMS
JÔ SOARES: O que mais me admira nas teorias paranóico-cómico-conspirativas de João Soares nem é tanto a olímpica ingenuidade de achar que todos os envolvidos na investigação ao escândalo da Casa Pia - o Procurador-Geral, os juízes e os agentes da Judiciária - são corruptos ou, no mínimo, alegremente estúpidos. Não, o que realmente me leva o queixo aos pés é a convicção inabalável com que o ex-edil da capital afirma que a direita pretende derrubar Ferro Rodrigues. Pelas alminhas! Ferro na liderança do PS é segundo mandato garantido. Com inimigos destes, quem precisa de amigos?
FMS
ROAD MAP: A aproximação recente entre o governo israelita e a autoridade palestiniana a propósito do plano para a paz faz deste um momento histórico. E prova que, afinal, os tenebrosos neo-cons da Casa Branca e do Pentágono tinham razão: o caminho para Jerusalém passa por Bagdad. A Michelin, quer-me parecer, prepara-se para registar a patente.
FMS

segunda-feira, maio 26, 2003

A ILUSTRE CASA DE RAMIRES: Durante a releitura da Ilustre Casa de Ramires, JPP lançou o desafio dos comentários à releitura.

Sucede que este livro era (e ainda é) um dos que mais gosto em toda a obra de Eça de Queirós. Apetece, de facto, voltar a ele vezes sem conta... nem que seja para rever o Videirinha!

Por isso, foi a contragosto que encontrei uma reflexão de Agostinho da Silva sobre este autor e este seu livro:

"(Eça) Não entendeu Portugal na sua história. Os trechos que há a esse respeito, ou na Cidade ou na Ilustre Casa, são daquela história de Portugal que pode interessar a literatos porque dá quadros ou figuras pitorescas, mas que não explica coisa alguma; mas não são da história que se entende como objecto da inteligência e como projecto de acção.

Não há uma palavra de povo, não há uma palavra de concelhos, não há uma palavra de burgueses, não há uma palavra de economia, não há uma palavra de verdadeira política.

Não entendeu Portugal na sua contemporânea vivência. Poderia ter dado o interior do país nos dois livros (...); e no segundo, Oliveira é apenas uma redução de Lisboa e, como era de esperar, muito menos pitoresca do que a capital. Esta posição de Eça é sempre lamentável e sempre dramática; trata-se, no fim de contas, de um homem com educação universitária, em contacto com a gente mais agudamente inteligente do seu tempo, vivendo num meio que lhe podia ter alargado os horizontes; mas o pior é que, por uma boa graça, por uma boa frase ou por um bom quadro, Eça era capaz de vender a alma. (...)

Finalmente, Eça não entendeu Portugal no seu futuro, o que não é de admirar, dado que o não entendeu igualmente nem no passado nem no presente. Quando alguma vez o drama se apresenta, ou acha, percebendo provavelmente só metade de uma ideia de Antero, que uma "ordem de mateiros" poderia ajudar, ou faz o seu herói Gonçalo projectar umas vagas empresas em África, que não se sabe nem a que conduzem nem de que maneira se coadunam com os destinos da pátria. Tudo é inconsistente, impensado, imaturo. (...)"

Reflexão à Margem da Literatura Portuguesa

Tanta lucidez às vezes entristece ...

JV
VIVA CABO VERDE: Subscrevo em absoluto.
Está na altura de deixarmos as nossas desmesuradas anglofilias, ainda que alguns apenas o consigam fazer por uns instantes.
É hora de refazermos o "abraço armilar" lusófono que é muito mais forte que estas outras pertenças.Por muito que nos queiram apenas europeus. Por muito que façam de nós periferia e já não charneira.
É com quem fala esta nossa língua que melhor nos entendemos, que melhor damos e recebemos, que melhor somos, sendo sempre mais que nós.
Sem isso, continuaremos a ser o pálido reflexo que temos sido. Esquecidos das nossas próprias origens, instituições e raízes político-filosóficas.Amesquinhados à beira da falésia, inibidos de nos fazermos ao mar.
Que ninguém queira ver neste sentimento o imperialismo feito pela espada, a opressão ou o neo-colonialismo. Aqui o Império é outro. O mesmo que traz o sorriso dos caboverdianos mais próximo do nosso coração, o mesmo que fez do Brasil o "Portugal à solta", o mesmo que tem em Goa o cheiro a nós nos outros.
São manifestações como a de ontem que deviam fazer pensar quem decide. Testemunhos raros de uma comunhão ainda intuída mas desgarrada pelas desventuras da História.

Falta cumprir-se.
JV

domingo, maio 25, 2003

NOJO: Guardem isto. Para rir mais tarde.
FMS
O MEU HERÓI:Por muito que admiremos Reagan e Thatcher, idolatremos Churchill e citemos Oakeshott, Burke, Berlin ou Tocqueville, o herói de todo o conservador, o homem com o qual, mais tarde ou mais cedo, todos nos comparamos, tem apenas dezoito anos. E responde pelo nome de Alex Keaton.
FMS
SEMPRE FIEL À KAPITAL: No final do último Oriente, em que foram entrevistadas Jamila Madeira, Joana Amaral Dias e Graça Proença de Carvalho, Bárbara Guimarães pergunta a João Bosco Mota Amaral, convidado-surpresa, se já tinha estado antes no LUX. Perante resposta negativa, a apresentadora arregala os olhos: "Não?!". Curioso. Tinha uma ideia completamente diferente do homem.
FMS
UFF... Tendo em conta manchete do Expresso; a confiança cega que Ferro Rodrigues depositou, em outras circunstâncias, nas investigações do jornal do Arquitecto Saraiva; e as teorias do Secretário Geral acerca dos políticos sob "suspeição", cheguei a temer o pior. E se Ferro se demitisse? Onde iria parar a estabilidade governativa?
FMS
CRISTÃOS NOVOS: Lido o post que o JV escreveu ali em baixo, apraz-me registar (de todas as expressões frequentemente utilizadas por políticos, esta é a minha predilecta) o seguinte:

1. Desde que a Constituição Europeia não exista, não me importo que a referência a Deus dela fique ausente.

2. Aquela estranha e improvável coligação entre a esquerda e a Igreja Católica a propósito da guerra ao Saddam deu que fazer aos neurónios. Disse-me um amigo meu, testemunha de corpo e alma na homilia da Aula Magna onde se inaugurou a nova canhota unida da paróquia, que o sermão de Freitas do Amaral foi, de longe, o mais aplaudido. E que a multidão só apresentou melhorias da histeria colectiva quando o professor se referiu ao Papa. Afinal de contas, estava-se em família, e não era necessário o esforço de fingir que Sua Santidade é uma voz autorizada.
Em manifestações menos domésticas, porém, o movimento anti-guerra encheu a boca de João Paulo II. Confesso que é uma boa táctica de retórica. Eu próprio, no exercício das minhas funções de lacaio do imperialismo, gosto de citar Orwell, um socialista da melhor casta (a dos arrependidos) para dizer que em tempo de guerra, estando a nossa civilização sob ameaça, o pacifismo nada mais é do que uma forma de colaboracionismo.
Para aquelas almas convertidas, a guerra preventiva então em curso não seria compatível com a doutrina católica da Guerra Justa, um conjunto de imperativos teológicos formulados por Sto. Agostinho no séc. V e recodificados por S. Tomás de Aquino no séc. XIII. Segundo este último, na Summa Theologica, a Guerra será Justa quando partir de uma intenção correcta, quando se fundar numa justa causa, quando cumprir a regra da proporcionalidade e quando for declarada pela autoridade competente. Os argumentos anglo-americanos não convenceram o Vaticano. Mas, felizmente, alguns dos mais notáveis teóricos católicos, como Michael Novak, Robert Royal e George Weigel vieram explicar à plebe que os requisitos estavam mais do que preenchidos. Quem conhece a doutrina norte-americana das relações internacionais das últimas décadas, percebe a relevância central do Iraque, enquanto símbolo do maior perigo do mundo pós-Guerra Fria: a mistura explosiva de armas de destruição maciça, estados-pária e um terrorismo elevado à escala global por fanáticos que odeiam visceralmente o modo de vida ocidental, que não têm qualquer prurido em utilizar as segundas e que são fortemente instigados (e financiados - o petróleo é mesmo uma questão central no meio de toda esta história) a isso pelos segundos.Quanto mais tempo será necessário para que o professor Boaventura e os seus acólitos percebam que a root cause do terrorismo não é a globalização e a injusta distribuição da riqueza?
Como o 11 de Setembro tragicamente demonstrou, o terrorismo moderno é um inimigo que não deixa antever que o ataque está iminente, que não lança ultimatos e que recorre às tácticas mais desonestas que conseguir encontrar. Por isso é que um ataque às verdadeiras causas do terrorismo (ou seja, um ataque preventivo) é a única forma de o combater. Por isso é que São Tomás de Aquino pode dormir descansado: o que está em causa na guerra ao terrorismo é a restauração de direitos perdidos na sequência de agressão e o restabelecimento da justiça e de uma paz duradoura, havendo como nunca antes um esforço notório para que a justa causa não seja desproporcional ao sofrimento resultante da guerra. Os primeiros três requisitos que enunciou estão preenchidos.
Quanto ao restante pressuposto (o mais debatido nos salões políticos), custa-me falar de uma "autoridade competente" por referência a uma oraganização - a ONU - que não soube acompanhar as mudanças do mundo, que não se dá ao respeito, condescendendo de uma forma criminosa com aqueles - todos eles! - que por sistema desrespeitam as suas resoluções, e que se encontra, de momento, atolada numa feroz correcção política em que é normal a Líbia presidir à Comissão de Direitos Humanos e as nações que mais deram ao património da democracia e liberdade necessitarem de construir coligações ou mendigar o apoio de exemplos de progresso e humanismo como a Rússia, a China ou Angola.
A extrema novidade desta ameaça faz com que ela não seja de fácil apreensão.Ainda assim, a Santa Sé sabe o que está em jogo nesta encruzilhada da História. O que a fez, então, tomar a posição contrária à guerra no Iraque? Há quem insinue, como Gerald Warner numa recente Spectator, que, desde a Declaração de Independência (um documento que, convém lembrar, influenciou a Revolução Francesa), nunca a América e o seu projecto materialista, em que as mulheres saiem de casa para trabalhar e o individualismi reina, foram bem vistos pela Igreja, numa antipatia só esbatida durante a existência do inimigo comum comunista. Não irei tão longe. Sei apena que João Paulo II, o Papa que definitivamente desligou o Vaticano da raison d'état e que com mais sucesso pregou a ideia de ecumenismo, jamais se poderia permitir rejeitar o seu próprio legado, dando razão aos lunáticos para quem esta é uma guerra religiosa.
Percebendo tudo isto, porque é hoje o Papa argumento daqueles que ontem lhe colocavam um preservativo no nariz? Desonestidade intelectual? Pelo contrário. A razão pela qual o elogiam agora é precisamente a mesma pela qual o desafiam em questões como o aborto, a eutanásia e o controlo artificial da natalidade: porque lhes convém.
E aí, que ninguém os acuse de incoerência.
FMS

sábado, maio 24, 2003

Haja Deus: O fenómeno religioso é comum, corrente e frequente na Europa dos Quinze.

Não obstante as caricaturas opiáceas que sobre este foram feitas, é segura a afirmação que a maioria dos europeus acredita, tem Fé, crê em alguma coisa.
O recurso à Cartografia e à História revelarão a ligação íntima, genética, da criação, afirmação e sobrevivência dos estados à Fé dos seus respectivos povos.

Por muito que custe aos laicistas de serviço, a Fé não é, apenas, uma circunstãncia individual. Constitui um vínculo interpessoal e transgeracional que liga, identifica e comunitariza. Dizer o contrário é negar o óbvio.

Tivemos (e temos ainda) em Portugal quem cuide que a coisa é um mal passageiro. Que mais três gerações e as manifestações obscurantistas terão cessado. Desenganem-se.
Têm falhado todas estas previsões e, ao que parece, mesmo os mata-frades mais empedernidos, volta não vira, se vêm na necessidade de reconhecer o munus de alguns líderes religiosos. Contingências das conveniências... De assinalar, ainda assim.

A relação entre a Potestas (atribuída quase em exclusivo ao Estado e aos seus agentes) e a Autorictas (disseminada por diversas pesssoas e instituições) é mal compreendida por quem vê no Estado o Alfa e o Ómega, relegando tudo o resto para a periferia dos "comportamentos individuais".
Vai sendo tempo de perceber que o progresso não se fará contra as religiões, que o "Catecismo Positivista" carece de crentes (apesar de não lhe faltar clero) e que o materialismo dialéctico, enquanto Fé, não chega.

Já menos intoxicada pelo seu ópio respectivo, a nossa intelectualidade resiste, ainda, a descer do razoado e a procurar prescrutar o invisivel.
Enxofram-se alguns quando o Estado reconhece importância a instituições que não controla e sobre as quais não tem sequer antecedência temporal. Compreendem mal que o "seu" povo se embrenhe em irracionalidades que, em seu entender, o mantêm submisso e conformado.
Farto destas vanguardas desassombradas, o tal povo, que por todos é brandido, não os segue e continua a rezar.

Dir-se-á que a religião está em decadência. Que há cada vez menos praticantes. Será talvez assim. Mas tal não justifica a obstinação em não fazer caso do sentimento religioso que a maioria diz ter.

Nos dias que vão correndo, está nas mãos da Convenção Europeia a preparação do projecto de uma coisa a que os apressados chamam já "Constituição" e que, na boa tradição eurocrática, procura meter o bedelho em quase tudo.
Curiosamente, ou talvez não, há enormes resistências a que da mesma conste uma referência à tradição religiosa dos Estados-Membros e à contribuição desta mesma tradição para a identidade (ou identificabilidade) do espaço europeu.

Ao mesmo tempo que os canhotos da nossa aldeia citavam reverentemente "Sua Santidade, O Papa" e "Sua Eminência, O Cardeal", correligionários seus torciam o nariz a que a Fé, enquanto fenómeno social, e o respeito pelo papel das Igrejas fossem expressamente consagrados no documento em preparação.
Os mesmos que alardeiam o fim dos países, das pátrias e das nações, preconizando uma Europa a la USA como devir incontornável de um caminho comum, enjeitam uma referência "constitucional" ao respeito devido à Fé. Resguardam-se sob a oportuna capa da laicidade do Estado e da não descriminação face aos não-crentes.

Recorde-se que nada se impõe, a não ser o respeito. Respeito, na prática, tantas vezes negado.Em Portugal, ao que parece, terá vindo para ficar por mais uns tempos... pelo menos enquanto a Dra. Ana Gomes e o Dr. Francisco Louçã quiserem usar a memória.

Haja Deus.
JV

sexta-feira, maio 23, 2003

O QUINTO DA COLUNA!
Bem vindo MBF! Fazia falta a presença do quinto contribuidor deste humilde blog. No more!
Um abraço,
DBH
HORAS CANÓNICAS: SEXTA.
Não será blasfémia usar a simbologia da Liturgia das Horas para partilhar o que se pensa e sente nestas horas tumultuosas que correm. São, enfim, referências que, como os dias, nem sempre passam na ordem certa.

A Sexta é a hora do calor do meio do dia, das paixões exacerbadas que urge aplacar.

É a hora do Manuel Alegre pedir vigilância aos seus militantes para a defesa da sua democracia. É a hora da paixão da amizade, que fala mais alto que o sentido de Estado. Em que um ex-ministro da Justiça clama bem alto que viola o segredo da mesma.
Em que as medidas que antes não se discutiam passam a ser intoleráveis quando aplicadas a quem "sabemos" ser uma pessoa de bem. É o tempo dos apelos demagógicos, especialmente anti-sistema, ganharem os auditórios. São os dias da espera pela detençao do senhor que se segue.

É a longa hora da Agonia, em que só a confiança no que se acredita, como a Justiça, permite suportar.
DBH, com esperança, à espera da Hora Nona.
INDYSPENSÁVEL: Hoje saíu a edição comemorativa dos 15º aniversário de "O Independente". Quando MEC e PP deram à luz o Indy, este que assina atravessava a sua oitava Primavera. Mas, olhando em retrospectiva, não consigo perceber que melhor influência poderia ter a minha infância recebido. Isto, como é óbvio, sem contar com os meus pais e o Dartacão.
PS: Inês, para quando o site?
FMS
REVOLUCIONÁRIOS DE FRALDAS: Ontem foi mais um dia de luta dos estudantes (?!) do ensino superior contra o governo neoliberal (seja lá o que isso for). A minha Universidade, mais uma vez, revelou-se exemplar nestas coisas das greves e estrategicamente irrepreensível na fidelidade aos meios tradicionais. Basta uma corrente e um cadeado para trancar um portão, impedir que a esmagadora maioria dos alunos que querem estudar entrem nas instalações da sua "alma mater" e, com um sorriso triunfal, anunciar aos senhores jornalistas os níveis arrebatadores de adesão. A Mariana Vieira da Silva ficaria, decerto, radiante. Agora imaginem o orgulho com que vos digo que o líder da academia a que pertenço estuda (pronto, está matriculado) na minha faculdade , onde é conhecido pela afectuosa alcunha de "Dodot" . O que, é de convir, simboliza na perfeição o que este rapaz tem dentro da cabeça.
FMS
ERRO DE CASTING: É impressão minha, ou o assumir, por Manuel Alegre, da função de porta voz do PS no final da reunião do Secretariado Nacional de ontem não foi particularmente feliz? Apurem-se as responsabilidades e rolem as cabeças, porque o resultado de tão irreflectida escolha era previsível. Serenidade? Contenção? Ó meus amigos, até parece que não conhecemos todos o estilo do homem: a paranóica convicção de que os socialistas são permanentemente perseguidos pelos trogloditas da direita, a invocação do papel providencial do PS na história democrática portuguesa, a superioridade moral da ética republicana e maçónica. E, como é óbvio, tudo bem embrulhadinho naquele tom de voz estridente, cavernoso e épico, que lhe serve tanto para declamar Ary dos Santos como para verberar as autoridades da sua Águeda natal quando o rio lhe inunda a barraca. Ah! O que seria de Portugal sem o PS e o poeta Alegre? Uma tristeza, com certeza.
FMS
NACIONAL-MASOQUISMO: Primeiro foi o Boloni a decretar a nossa Super Liga como um campeonato de 3ª categoria; depois, foi a vez de um advogado brasileiro, qual pastor da Igreja Universal, dizer que o nosso sistema jurídico é anti-democrático. Agora, até pagamos a este causídico-profeta para vir dar lições em directo na televisão. Será isto uma concretização do aforismo wildeano "só há uma coisa pior do que falarem mal de nós: é não falarem de nós"? Ou será, tão simplesmente, mais uma manifestação desse belo princípio, meio-português, meio-budista, do "quanto mais me bates, mais eu gosto de ti"? I wonder...
FMS
BEM VINDO, MBF: Quando um homem casado e pai de dois filhos decide envolver-se com a canalha neste pouco edificante mundo blogger, só temos de lhe agradecer. O Martim é um dos representantes do Quinto dos Impérios na capital do Sexto dos Impérios e, apesar de só ontem se ter iniciado neste meio, foi já o nome deste estabelecimento mais falado noutros blogs. Tudo porque um dia presidiu à "associação de malfeitores" de que eu, o DBH, o JV e o FA fazemos parte e, mais concretamente, porque, na altura, o líder do partido a que a dita associação está ligada é, actualmente, um dos ódios de estimação da blogosfera. Para o Martim, porém, a fidelidade às ideias não se discute. E, desassombradamente, declarou-se fiel à Democracia-Cristã, doutrina que grande parte da comunidade blogger não tem em grande conta.
A questão merece, todavia, discussão: o que é a Democracia- Cristã? De que forma se distingue ela, depois da Rerum Novarum, do conservadorismo liberal? Quais as diferenças que existem entre a Doutrina Social da Igreja (que, no seu actual estado de desenvolvimento, integra quatro princípios fundamentais - o princípio do personalismo, o princípio do bem-comum, o princípio da subsidariedade e o princípio da solidariedade) com o entendimento hodierno do que é ser um conservador liberal? Aguardam-se respostas e contributos dos outros "imperialistas" e de todos os leitores para oquintodosimperios@hotmail.com.
FMS

quinta-feira, maio 22, 2003

HÁ SEMPRE UMA PRIMEIRA VEZ

Chamo-me Martim Borges de Freitas, tenho 37 anos, sou casado e pai de dois filhos.

Estou a entrar, pela primeira vez de forma activa, no mundo da blogosfera. É, só agora. Oito longos dias depois do nascimento do nosso blog. Mas, … é a vida! Aproveito, assim, para saudar todos os blogs, sem excepção.

Já percebi, no entanto – inteligência rara, a minha! -, que este é um meio duro, onde todos os tipos de intervenção são possíveis. Gostemos ou não delas. Mas, a liberdade é assim mesmo e assim mesmo deve continuar a ser. Só não estou disponível para responder ao insulto pela simples razão de que do insulto não quero fazer uso, muito menos costume.

Dito isto, vou balizar o quadro em que tenciono aqui participar. Gosto de Política e nela intervim activamente, a um determinado nível, até 1994. Então, como hoje, acreditava na democracia-cristã fosse qual fosse o partido que a protagonizasse. Hoje, como então, acredito na democracia-cristã seja qual for a personalidade que a lidere. Então, como hoje, pensava pertencer àquele espaço político que começa onde acaba a esquerda e acaba onde começa a extrema-direita. Hoje, como então, penso pertencer àquela direita portuguesa, democrática e moderna, popular e de governo. Era, então, militante da JC. Hoje, claro, do CDS-PP.

Ninguém se espantará, por isso, que não tencione usar “NO QUINTO DOS IMPÉRIOS” para subscrever ataques dirigidos ao CDS-PP ou mesmo ao governo. Não porque me sinta obrigado a concordar com tudo quanto um e outro fazem ou possam vir a fazer, mas, tão-só, porque não é esse o meu objectivo. Além disso, para atacar o governo não falta quem e para atacar publicamente o meu partido, se o tivesse que fazer, começaria por fazê-lo nos seus órgãos próprios. De resto, as funções profissionais que agora exerço, tal como as entendo, são inibidoras da minha liberdade de acção. Neste - e apenas neste - campo.

Eis, pois, os meus limites. Fora deles, sempre que me apetecer, intervirei. E intervirei, sempre, sobre o que me apetecer. Assim estarei aqui. Quem cá vier que venha por bem, até porque também já sabe ao que não vem.

MBF
Viagens na terra dos outros: Vou agora para Budapeste. Não sei se vou ter tempo para o nosso Império por terras magiáres mas prometo um full report quando voltar na próxima terça-feira. Entretanto portem-se bem e, if at all possible, não digam mal da Annika Sorenstan!
FA

quarta-feira, maio 21, 2003

Futebóis: É significativa a desmesurada presença de políticos na final de Sevilha... Ele era o nosso Presidente, o nosso Primeiro, o Ministro-Adjunto, a Primeira Dama, uma verdadeira corte. Depois queixam-se das promiscuidades ...
A visão do nosso Comandante Supremo em mangas de camisa - do Dr. Madail não se esperava outra coisa - lembrou a América do Sul. Um bocadinho mais de compostura não seria pior.
De qualquer forma: Parabéns ao Porto! Só espero que a tendência de ganhar a equipas verdes e brancas não se mantenha por muito mais tempo...
JV
FMS IS UNWELL: E pronto, lá ganhámos o caneco. Estou mais feliz do que nunca, mas, como quem me conhece bem sabe, serei racionalmente comedido na festa. Agora, se me dão licença, vou despir-me e enfiar-me na fonte luminosa do Rossio de Viseu.
FMS
A importância de se ser inocente! Vamos esclarecer uma coisa antes de mais, eu não gosto do Dr. Paulo Pedroso. Pode ser um fulano impecável e tudo o mais mas, assim como estou certo que ele não simpatizaria particularmente comigo se me conhecesse, eu não simpatizo mesmo nada com ele pelo que dele conheço. Um amigo meu aqui em Londres, normalmente um excelente avaliador de carácter, conheceu-o pessoalmente e ficou muito bem impressionado. Dou portanto de barato que o Dr. Paulo Pedroso é um cidadão íntegro, honesto e cumpridor da lei.
Dito isto o que é que se pode dizer? Nada. Exactamente. Até que a Justiça siga o seu rumo e se chegue ao fim devíamos todos ficar sossegados e acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Comentar aqui e ali as incidências do processo e até analisar dados novos que vêm a público? Claro que sim! Elogiar as qualidades dos envolvidos? Admito que quem possa falar com conhecimento de causa o faça.
O que já não admito é a reacção completamente estapafúrdia das gentes socialistas. Solidarizar-se com um seu correlegionário é normal, salutar e outra coisa não seria de esperar. Agora apodar de “processo monstruso” uma investigação criminal levada acabo por autoridades públicas com legitimidade e motivo para actuar? Fica o alerta, lançar invectivas contra cabalas incontáveis e desígnios maquiavélicos passa a imagem de que se quer afastar a culpabilidade pela pressão das influências e não pela inocência dos implicados.
A Justiça, em Democracia, faz-se felizmente de factos apurados e não de campanhas eleitorais ou orquestrações de bastidores.
Não tenho a mínima dúvida de que o Dr. Paulo Pedroso é inocente. É a própria lei que lhe reconhece essa qualidade até ser julgado culpado por um Tribunal. É tão inocente como o Carlos Cruz, o Dr. Ferro Rodrigues, o Dr. Paulo Portas, o Presidente Sampaio ou até mesmo o humilde autor deste post.
Acusar a Justiça de injusta é falar do processo sem ir à matéria. É ficar-se pelo adjectivo sem se chegar ao substantivo. Salvaguardada a gravidade dos factos (e admito que a diferença é grande) é exactamente o mesmo que protestar contra uma decisão de arbitragem num jogo de futebol e depois chamar nomes ao árbitro e querer provar que afinal o árbtiro é do outro clube.
Aqui em Inglaterra ainda existe aos mais vários níveis uma coisa chamada “fairplay”. Era bom que todos percebessemos, e neste o caso concreto o PS, que o “fairplay” é sobretudo aplicável fora do desporto.
FA
ÉTICA REPUBLICANA: Por muito que eu deteste aquele ar virginal e ímpio de rato de sacristia, da escola guterrista, acreditem que me é extremamente difícil acreditar que Paulo Pedroso esteja de alguma forma envolvido nesta rocambolesca trapalhada da pedofilia. Agora, o que realmente me dá vómitos, é a forma como o PS e os comentadores a este afectos tentam dar a volta à situação. De António Costa a António José Teixeira, todos preferiram exaltar a rectidão de Pedroso, a forma pronta e decidida com que este requereu o levantamento da imunidade parlamentar e a "coragem" de não se esconder da justiça. Um comportamento que, querem estes senhores dizer, não se encontra nos outros partidos, e, muito particularmente, naquele político que tantas cócegas faz ao PS. Ora, não sei se há por aí alguém com tempo e paciência para explicar a estes senhores que o Ministério Público quer ouvir Paulo Pedroso como arguido e não como testemunha. Ar-gu-i-do. De que outra forma se poderia ele comportar? Fugindo para o Brasil? Estes senhores percebem tanto de Direito como eu de Física Quântica (é assim que se escreve, não é?)
FMS
MENSAGEM SUBLIMINAR: Paulo Pedroso diz que não sabe quem lhe armou esta so-called "cabala". Mas, ao apelidar a acusação de que é alvo de "calúnia infame", lá vai lançando a suspeita.
FMS
BELIEVE THE HYPE! De tanto ouvir falar de Philip Roth como o maior escritor americano do século XX, lá me arrastei para "The Dying Animal", a história de David Kepesh, sexagenário, distinto professor universitário, eminente crítico literário e, desde a revolução sexual dos "sixties" (durante a qual abandonou mulher e filho), mulherengo incorrigível e praticante da "delightful imbecility of lust", o jogo da sedução, o véu que esconde as verdadeiras intenções do predador. Até que (e, nestas coisas, há sempre um "até que") essa vida livre de responsabilidades é invadida, de súbito, por Consuela Castillo, aluna fresquinha de vinte e quatro aninhos, filha de emigrantes cubanos, rapariga de boas maneiras e, acima de tudo, "a masterpiece of volupté" que leva David a abandonar o cinismo, a confiança e a razão, e a mergulhar nas profundezas da loucura e do ciúme. "The Dying Animal" é um livro pequeno. Lê-se de um só fôlego. Recuperá-lo não é fácil. Se não fôr bem entendido, é impróprio para namorados de longa data e para funcionáros públicos presos à rotina da repartição, do apartamento de subúrbio e do centro comercial ao Domingo. No entanto, o que Roth aqui nos oferece é um relato brutal, uma meditação feroz acerca do significado da liberdade, mais concretamente da ausência de significado da liberdade desabitada. Ou da inutilidade da liberdade quando não a podemos partilhar com ninguém. Foi assim que o entendi. Andreia, podes dormir descansada.
FMS
HAMMER DAY: Não vão ser, com certeza, umas camisolas iguais às do Sporting que nos vão impedir de trazer o caneco para casa.
FMS
READ MY LIPS: MIGUEL ESTEVES CARDOSO. Não sei, sinceramente, que futuro teremos, agora que o mestre voltou para arrasar.
FMS

terça-feira, maio 20, 2003

Dar a conhecer o novo blog do Prof. José Adelino Maltez é, mais do que serviço público, um prazer. Que o ritmo da Patuleia marque o regresso às origens dos que não se contentam em ser apenas da não-esquerda.
JV
Boas maneiras: A resposta de Ferro Rodrigues à censura de António Barreto tem o mérito solidário de, por um lado, confirmar tudo aquilo que o sociólogo sobre ele escreveu e, por outro, inibir qualquer hipótese de BLOG CENTRAL.
Depois da Picareta Falante temos o Martelo Berrante. Será que também foge? Ou ficar-se-á pelo facto de ser "de fugir"?
JV

segunda-feira, maio 19, 2003

The Dark Side! O Pedro Machado acha que o Bastonário da Ordem dos Advogados é reaccionário. Mais concretamente, acha que esse seu lado tenebroso é demonstrado na análise que o Bastonário faz do sistema penal Português em resposta ao imensamente respeitado Advogado Brasileiro de Fátima Felgueiras que, por entre os elogios ao maravilhoso sistema penal Brasileiro, acusou o sistema judicial Português de “salazarista”.
Ora o Pedro Machado escolheu mal o alvo. Independentemente de gostarmos ou não do Bastonário ele não é evidentemente reaccionário. Ao contrário do que o Pedro Machado pensará, reaccionário não é quem aprecie a autoridade do Estado bem exercida, penas de prisão efectivas e adequadas à gravidade dos crimes, segredo de justiça e combate ao crime de uma forma eficaz e séria. Reaccionário não é qualquer pessoa que relativize períodos autoritários, pelo contrário, quem o faz muitas vezes o que busca é identificar nos regimes autoritários as características que os tornam atraentes aos olhos dos cidadãos livres e democráticos para, justamente, reforçar a Democracia respondendo às preocupações legítimas desses cidadãos com assuntos como, olhe, por exemplo, a segurança e a justiça.
A esquerda, essa sim, é que adora relativizar os regimes autoritários e totalitários da esquerda (sim, espanto do espantos, também os há). Eleva Stalin ou Mao à categoria de ícones ao mesmo tempo que impõe o epíteto de fascista a quem se limita a dizer “por acaso neste ponto ou naquele ponto o sistema até não era tão mau". Espírito reaccionário? Não, antes espírito livre e desempoeirado. É sintomático da esquerda Portuguesa não querer ver essa diferença.
FA
ELE HÁ CADA UMA! Afinal, consegui apagar os três clones do post "Filha de peixe sabe nadar". Começo a apanhar-lhe o jeito.
FMS
A NOVA IORQUINA: Chegou-me às mãos um exemplar da edição limitada das novas crónicas de Clara Pinto Correia. Começa com o seguinte excerto:

"You say: 'ere thrice the sun hath done
salutation to the dawn'
and you claim these words as your own
but I'm well read, have heard them said
a hundred times (maybe less, maybe more)
if you must write prose/poems
the words you use should be your own
don´t plagiarise or take "on loan"
there's always someone, somewhere
with a big nose, who knows
and who trips you up and laughs
when you fall"

Stephen Patrick MorrisseyFMS
AGENT PROVOCATEUR: Depois de ver a conferência de imprensa da concelhia de Felgueiras do PS, resolvi retratar-me pelo modo irreflectido e insultuoso como me referi, lá em baixo, a estes senhores. Escutada a seriedade dos argumentos e constatado o aspecto de credibilidade da seita, concordo que Francisco Assis não tem condições para continuar à frente da distrital do Porto. Ir a Felgueiras perturbar o recato de um povo órfão da sua figura providencial já era provocação suficiente. Agora, pôr-se à cabeçada e à barrigada aos punhos e aos pés de gente tão simples e civilizada, isso é que não! Felgueiras vai em frente, tens aqui a tua gente!
FMS
DESCULPEM LÁ: Este post serve exclusivamente para explicar que o facto de o anterior aparecer quatro vezes se deve, não a uma inelutável tendência narcisista, mas à falta de desenvoltura técnica com que o que abaixo assina se move nesta geringonça.
FMS
FILHA DE PEIXE SABE NADAR: Alexandra Solnado, a filha de Raúl, demonstra ter herdado os dotes do pai para a galhofa. Ao que parece, e a crer nos blocos noticiosos mais sérios (ou seja, o Jornal Nacional da TVI), a senhora tem encontros frequentes com Jesus Cristo, com quem mantém longas e frutuosas conversas. Segundo a própria, Nosso Senhor chegou a confidenciar-lhe a angústia que sente perante o uso abusivo e erróneo que a Igreja Católica faz da sua imagem, tendo mesmo perdido as estribeiras e gritado "libertem-me da cruz!". Mas lá que este conhecimento é uma boa influência, ninguém duvida. O pai Solnado, aliás, só sobreviveu à doença que sobre ele se abateu recentemente porque Jesus Himself o operou, fazendo a incisão, juntando o cabo azul com o encarnado e cosendo de novo a abertura. Tal e qual. Alexandra diz que viu tudo e Raúl confirma. Aquelas tertúlias bem regadas no Gambrinus com o Fernando Lopes e o Cardoso Pires, claro, tinham que deixar mossa! De qualquer modo, talvez se consiga encontrar alguma utilidade nisto tudo. Alexandra, se me está a ler, veja se consegue sacar onde está a Fátima Felgueiras. A PJ agradece. O cruzamento de dados é sempre crucial neste tipo de investigações.
FMS

domingo, maio 18, 2003

À MARGEM: Sempre achei graça à maneira como os lisboetas (myself included) referem o lado esquerdo (e ainda dizem que não há Providencia Divina) do Tejo como "a outra margem" e os habitantes da mesma lhe chamam simplesmente de "margem sul".

Como se os primeiros quisessem reforçar a ideia que as margens, como para alguns as mulheres, coexistem como a "nossa", a "legítima", e... "a outra". Os segundos, politicamente correctos, sugerem que as margens também têm direito a serem iguais, com uma mera menção geográfica a distinguir.

Mas, ouvi ontem, a margem (verdadeiramente) esquerda vai finalmente vingar-se! A TVCabo deles vai exibir a série Family Guy!
Já não bastava os Sopranos serem perseguidos, o West Wing ter desaparecido para hora incerta e o Office nem sequer aparecer em Portugal...
DBH

sábado, maio 17, 2003

Eu sei mas não digo: Pode o DBH ficar descansado. Caso os restantes confrades não se oponham (e estou certo que não o farão) poderão os bons amigos do meu bom amigo usar este humilde pardeeiro como casa sua, se assim o quiserem.
COM DOIS PASSINHOS APENAS 2: O elogio anteriormente feito não é para desprimor de uma outra livraria, that shall remain nameless, onde pontifica o príncipe dos livreiros, o decano dos alfarrabistas.

No entanto, dois amigos fizeram-me prometer que nunca iria referir essa outra loja, mais secreta que as do GOL, porque nunca se sabe quem lê estes blogs...

Aos dois preocupados amigos, Matos e Vicente, lanço o repto de começarem eles o seu próprio blog. Possuem o perfil certo (se bem que eu não sou a pessoa certa para falar de perfis), um já editou um livro cuja polémica lançada ainda hoje é discutida em certos clubs, o outro tirou um mestrado em inglaterra, o que parece ser o currículo da maior parte dos bloguista livres!
Abraço aos dois e bem vindos!
DBH
O realismo SIC: Sexta-feira passada, o Jornal da Noite apresentou o seguinte alinhamento:

- história kitsh e abjecta do Arcebispo Primaz da Sincrética Igreja Apostólica Católica Ortodoxa (porque não também Calvinista, Anglicana, Luterana, Galicana, Baptista, Metodista, Cientológica, Copta, Hussita e Cátara?) dado a amizades pouco ortodoxas com seminaristas de quinze anos "passivos e dispostos" (sic);
- saga triste dos octogenários alentejanos, desterrados e suicidários;
- intrigante drama da pequena Donzília a quem o prior da paróquia impediu de fazer a primeira comunhão(!), inibindo-a, assim, de luzir em público uma rósea amálgama de tule perlado.

As televisões nacionais optaram agora por trazer a público o que já nem a imprensa regional noticiaria. São critérios.
JV

Sugestão: Depois da recepção calorosa dada a Francisco Assis, porque não nova tentativa, desta vez com Narciso? Ganhava-se em melodramatismo o que se perderia em dignidade.
JV
COM DOIS PASSINHOS APENAS: Já chega! Eu prometo que não queria falar de livrarias mas, depois dos repetidos queixumes do Infame e do Marreta sobre a Chomskolandia, tenho de vir a terreiro:
- Então na zona com as livrarias mais antigas de Portugal estes senhores, ainda por cima um é conservador e o outro está muito bem conservado, queixam-se duma livraria pós-troskista francesa!?

Nem sequer falo da Bertrand, que sobreviveu ao Pombal, nem da Sá da Costa, que sobreviveu ao crédito do avô João Soares, ou mesmo da Portugal, qual Kleber, qual quê... Ali ao lado, a dois passinhos apenas, está a mais tradicional e conservada livraria de Lisboa.

Uma das maiores dificuldades que tenho em ser conservador em Portugal é, justamente, existirem tão poucas instituições dignas de respeito.

A Livraria Ferin (e esta publicidade não é para pagar o gentil crédito que me fazem), pelo contrário, é uma verdadeira instituição digna de admiração e patrocínio.

Esta livraria não tem empregados, tem amigos. Não necessariamente dos clientes, que também o são, mas do que é mais importante: os livros.

É um estabelecimento com uma genealogia de respeito, que vem desde a família Masson, editores e livreiros no séc.XVIII, passando pelo Cabinet de Lecture de M.ell Férin, até à Senhora D. Margarida Maya Dias Pinheiro e ao Senhor Dr. João Dias Pinheiro.

Com aquela antiga prensa a um canto e o fiável barómetro na parede, é uma livraria com histórias intermináveis de tertúlias (como a do saudoso Francisco Calheiros e Menezes) e descobertas (como as que se fazem na mais bonita cave do Chiado). Foi aqui que o Eça imaginou o Artur Curvelo a espiolhar a venda do seu livro de poemas. Vá lá, PM, e faça o mesmo!

Por isto tudo, caros vizinhos da blogosfera, dêem dois passinhos abaixo na Rua Nova do Almada. Entrem, perguntem, encomendem e, principalmente, comprem. Não fazem descontos de 10% para o povo todo mas, mais do que isso, ajudam os amigos.
DBH
Mais um com um passado de luta: O facto de irmos vivendo mais ou menos em democracia vem tornando cada vez mais difícil a concretização do sonho de qualquer canhoto que se preze: ter um passado de lutador antifascista. Vai dai, foram-se arranjando outras lutas (propinas, portagens, quotas leiteiras) para que não fosse completamente gorado esse inflamado desejo ir para a rua, de estar em luta, de gritar impropérios e disfemismos aos agentes da autoridade.
Quando se acabar esta mama de poderem dizer "Eu desertei e fui para a Argélia, onde é que o Senhor estava nessa altura?", "Não aceito lições de democracia de quem nunca este exilado na Avenue Foche!", "A mim ninguém me cala, como já não o faziam os bufos da PIDE!" para justificar todos os erros dos governos que compõem e apoiam, o mundo será um lugar mais triste... Com muito menos empáfia, é certo, mas ainda assim triste.
O camarada Assis ganhou ontem, galhardamente, o direito a figurar no tal clube dos combatentes. Já o vemos, daqui a uns anos, na bancada do seu partido a verberar a direita fascizóide: "Eu estive em Felgueiras, Senhor Deputado! E o Senhor, onde estava?". Da bancada do PC espera-se a indignação: "Grande coisa, muito antes já andava eu a mostrar as nalgas à bófia!". Será o fim do glamour pseudo-revolucionário dos nossos nababos actuais.
Resta-me uma dúvida. O Francisco Assis não sabia mesmo o que o esperava? Ou, sabendo, foi dar franciscanamente a outra face para, com uma lambada, dois encontrões e um saco do lixo, poder averbar para si os louros da lavagem da honra de um PS que - como toda a gente sabe - nada tem que ver com Felgueiras?
Honi soit qui mal y pense.
JV
SPECIAL THANX TO:O Pedro Adão e Silva, rapaz de fino trato florentino e que, se fizer desaparecer misteriosamente o Paulo Pedroso, será o próximo Ministro do Trabalho, falou de nós. É um orgulho, apesar de parecer que não me compreendeu quando eu elenquei as "casa de má fama" que frequentava antes de me deitar. O que eu disse é que lia os referidos blogs antes de dormir e não para dormir. Um abraço.
FMS
FOOD FOR THOUGHT: Oscar Wilde, numa das vezes que parou cá por casa (e claro que não foi para isso que a razão pela qual foi preso leva a pensar...), saiu-se com esta: "The State is to make what is useful. The individual is to make what is beautiful". Qualquer dia dou em comuna!
FMS
ASSISSINOS Concordo plenamente com o Pedro Mexia. Quem recebeu Francisco Assis com a histeria que se viu não foi o povo de Felgueiras. Foi o polvo de Felgueiras, a gentalha que mama há anos no famigerado saco azul e que foi colocada nos postos estratégicos da administração local para eternizar o saque à autarquia. O que a turba quer defender não é a Fáfá de Belém. É o próprio tacho. No fundo, anda tudo ao mesmo: uns, como disse um comentador nos marretas , criam blogs; outros, andam ao murro.
FMS
16 MARRETADAS 16! Alguém descobriu a nossa costela político-conspirativa e, como resultado, batemos o record de marretadas. Levámos como gente grande, foi o que foi.
FMS
RECORD!
EU CÁ ESTOU INDECISO ENTRE O BADARÓ E O LUÍS PEREIRA DE SOUSA: Primeiro, foi o regresso da electro-pop, depois, tudo o resto: a maquilhagem exagerada, a franja nas meninas, as meias de rede, as Converse All-Star, os programas do Júlio Isidro. Agora querem que o Soares e o Cavaco concorram a eleições. Não acham que todo este revivalismo "eighties" está a ir longe demais?
FMS

sexta-feira, maio 16, 2003

MÚSICA DO INFERNO: Sempre me perguntei como seriam os Rolling Stones se tivessem aparecido em 1977, o ano da explosão punk. Pois a resposta lá acabou por aparecer: Ladies and Gentlemen, The White Stripes , a banda mais excitante do momento, com tudo o que um fã do rock deseja: riffs simples, a exaltação da juventude, boatos de escandalosas relações incestuosas e muita gritaria à mistura. Meg, canta para mim outra vez. "I saw you standing in the corner; in the edge of a burning light; I saw you standing in the corner; come to me again, in the cold, cold night".
FMS
FÓNIX! RELOADED. Damon Albarn diz que quer gravar o próximo álbum dos Blur em Bagdad, uma vez que gosta muito da música iraquiana (????!!!!!!). Damon é um curioso "case study": de gentelman britânico a pacifóide internacionalista. Mas pronto, cá vai a minha sugestão para título do disco: "The Clash of Civilizations".
FMS
FÓNIX! Manuel Maria Carrilho disse ontem que os políticos devem ter uma moral irrepreensível. Coitada da Bárbara. Logo ela, que tinha tantas fantasias para realizar no leito...
FMS
A IV REPÚBLICA: Um homem que é homem, sabe que, no decurso da vida, chegará, mais tarde ou mais cedo, o momento de assumir o seu mais recôndito segredo, de revelar ao mundo o seu mais obscuro pecado. E sabe que a experiência de se ser aceite pelo outro tal qual se é tem tudo para ser libertadora, diria mesmo purificadora. Por exemplo, como quando este que assina resolveu, com não mais de quinze primaveras vividas, assumir-se, perante os olhos inquisidores do seu semelhante, uma pessoa "de direita".
E, portanto, devido a este acto irreflectido, fui um adolescente assombrado pelo preconceito. A família aceitou e resignou-se, mas a vida social, essa, ressentiu-se irremediavelmente.
Nunca me foi difícil fazer amigos. Tenho até uma propensão natural para tal e um leque de gostos variado capaz de me fazer encontrar interesses comuns com a maioria dos seres humanos. Mas tudo muda quando, depois de longas horas a falar do Wilde, dos Smiths ou da broa de Avintes, e com isso amostrar um espírito aberto e minimamente cultivado, os meus interlocutores descobrem ( normalmente por intermédio de terceiro ), que sou "de direita". Jamais esquecerei os sermões magisteriais, os comentários desdenhosos e os olhares paternalista de quem se acha tão mais solidário, tão mais erudito, tão mais inteligente, tão mais polido, tão superior por ser de esquerda.
É preciso encetar a resposta.Que os meus filhos não sofram o que eu sofri! Ele saberão que Salazar já não volta. Serão nascidos e criados em democracia, e em democracia serão "de direita". Se quiserem.
Comecemos pela principal fortaleza da esquerda cá do burgo. Reformemos a Constituição. Criemos um Tratado Constitucional, verdadeiramente democrático e liberal, que não seja programático, que não seja de direita nem de esquerda, que não imponha às gerações que estão para vir uma organização do estado e da economia "engagée", que lhes permita a liberdade de escolha quanto à ordenação da vida em sociedade no seu tempo. Um documento pequeno, mas útil. Útil, porque Portugal precisa de se adaptar a uma nova circunstância, a um mercado cada vez mais alargado e concorrencial, devendo, para tal, dispor das mesmas armas dos que com ele competem. Pequeno, porque mais artigos não significam maior protecção. Só se compreende que a organização económica e laboral tenham dignidade constitucional quando os pais de uma constituição pretendem ser os pais de toda uma nação, indicando-lhe o caminho a seguir. Sendo as opções em torno destas marérias variáveis consoante as exigências do momento, não se compreende porque é que elas não podem ser regulada, na sua totalidade e em termos históricos menos categóricos, em leis-quadro ou em leis de bases.
Ao preâmbulo de aroma soviético, deverá ser reservado um lugar à altura: os manuais de história. A terminologia "Constituição da República Portuguesa" também não é a mais feliz. Portugal é um país que em dado períopda da sua história escolheu a forma republicana de governo, e não uma república que, por acaso, aconteceu em Portugal.
Desconfio que nenhum governo terá a coragem de aceitar, a curto prazo, estas ideia. Afinal, a CRP é o maior dos "lobbies" portugueses.Sendo de tal forma rígida nas palavras e enciclopédica nos conteúdos, serve de escudo protector aos mais variados interesses instalados. Não há nada de que os portugueses não gostem que não considerem de imediato inconstitucional. As portagens, o Código do Trabalho, as propinas, as derrotas do Benfica, tudo o que incomoda vai contra a Lei Fundamental.
É que, se é assim, para mim a Constituição é, ela própria, inconstitucional.
FMS
A CADA UMA A SUA BOMBA: A propósito dos dias mundiais, este é o ano europeu da pessoa com deficiencia.
Numa simpática agenda com o fim de o comemorar, editada pela nossa instituição governamental para o efeito, colocaram em cada dia da semana uma frase "inspiradora".

Entre citações apropriadas, de Samuel Johnson e Cícero, aparece a seguinte (para os dias 11 a 13 de Julho):

"Protesto é quando digo que não quero alguma coisa.
Resistência é quando tomo as medidas necessárias para que não se repita aquilo que não quero"

Assinado: Ulrike Meinhof

Das duas uma: Ou quem citou não sabe que medidas é que a menina Ulrike tomava (e já agora uma citaçãozinha do Andreas Baader?!)...
Ou foi deliberado. Tememos então por esse fim de semana em Julho, em que serão destruídos (justamente) muitos edifícios públicos e caixas de multibanco não acessíveis...

Será que o Nobre Pacheco tem uma explicação para este provocar de mortas?
DBH
A COMEMORAÇÃO NOSSA DE CADA DIA: Caro JV, Hoje ainda não descobri qual é a comemoração internacional, ontem, pelo contrário, foi também dia da Latinidade. Um dia feliz, portanto. Pelo menos para todo o pai de família ibero-americano com especial carinho pela sua próstata. Prontes, tá bem (antes que alguns nos chamem de macho-facho-blog), também para algum transgender paraguaio que ainda tenha mãezinha...

Mas não desanimemos, é Feriado Municipal em Fafe e dia de São Simão Stock e São João Nepomuceno.
DBH
Hoje será dia mundial de quê?
JV
Para todos os desatentos, aqui fica a notícia: O Pirilampo Mágico começa hoje a ser vendido .
E ainda dizem que os privados não fazem serviço público de informação...
JV
ÚLTIMA HORA: A mais recente mensagem de Saddam Hussein. Para ouvir.
Jv
New Despotism: Como monteirista de serviço aqui na quinta venho dar a minha opinião sobre o novo partido do Manel. Acho bem. A sério. Se ele quiser tem todo o direito de criar partidos políticos, movimentos cívicos, grupos desportivos ou ranchos folclóricos. Vivemos num país mais ou menos livre, numa Democracia que mais ou menos lá vai funcionando, com eleitores mais ou menos esclarecidos, uma comunicação social mais ou menos independente e isso de criar partidos é lá com cada um. Acho que ninguém questiona o princípio da liberdade de associação (excepto o da associação criminosa que manifestamente pensamos não ser o caso). Posto isto, temos a análise política da coisa. That’s when the shit hits the fan...
FA
REVISTA À PORTUGUESA: A blogosfera deste lado da barricada, com particular destaque para a Coluna Infame, tem discutido com algum afinco a criação de uma Spectator à portuguesa. Não quero acordar-vos desse belíssimo sonho, mas têm a certeza do que estão a dizer? Spectator à portuguesa? Não acham um paradoxo maior do que, sei lá, o "socialismo liberal" dos Relativos? É claro que urge federar (aprendi esta ontem com o Carrilho) os melhores cronistas, historiadores, académicos e jornalistas de direita num projecto editorial de referência (o MEC, o VPV, o JPC, o PM, o PL, o Rui Ramos e, deixa cá ver quem mais... mmmm... ah! eu, o DBH, o JV, o FA e o MBF). Mas uma revista só com opinião e cartoons não duraria muito em Portugal. Seria preciso ornamentá-la com notícias, reportagens, etc., o que, convenhamos, comporta muitos maiores encargos financeiros. E que tal se o Luís Delgado desviasse uns fundos lá da Lusa?
FMS
OS AMIGOS SÃO PARA AS OCASIÕES: Aqui vão os nomes de algumas casas de má fama que frequento antes de ir para a cama: Espigas ao Vento, Blogue dos Marretas ( voltam a meter-se com o MBF e quem leva marretada são vocês!), Contra a Corrente, Fumaças (olha, outro a meter-se com o MBF. E o rapaz que ainda nem disse nada...), Valete Fratres, Abrupto ( do Pacheco Pereira - sim, esse!), Intermitente, De Direita, O Complot, O Gato Fedorento ( quatro Produções Fictícias: o reaça Zé Diogo Quintela e mais três esquerdalhos), País Relativo ( tudo PS, um deles ainda chegará a Ministro do Trabalho), Blogue de Esquerda ( não têm a JAD, mas ainda assim são melhores que o Bloco), Cruzes Canhoto, Andrew Sullivan, Merde in France e, last but definitely not the least, A Coluna Infame.
FMS
ERA BOM ERA: Durão propôs recentemente um pacto entre sindicatos e patrões para um conjunto de medidas urgentes tendo em vista a retoma económica. Ingénuo. Há muito que a Concertação Social passou a Contestação Social.
FMS
O QUE SERÁ QUE REVOLTA MAIS OS LAMPIÕES? O Maniche na final da Taça Uefa ou o Porto campeão com um treinador de nome,hmmm..., Mourinho?
FMS
CUBA ME MATA! Ontem, ao acordar, deparo-me com uma peça da Sic-Notícias, em que a voz embargada da jornalista acompanhava as imagens de um cubano, que tentava alcançar solo norte-americano a nado (?!), a ser perseguido pelas autoridades marítimas dos EUA. O tom era de forte condenação dos americanos. Apesar do escasso meio minuto da peça, já é mais do que o espaço que a Sic-Notícias dedica à indagação dos motivos que levam os cubano a tão inacreditáveis façanhas. No fundo, o que os nossos jornalistas não entendem, é porque é que não há americanos a afocinhar na água e a esbracejar desesperadamente até à ilha do barbudo (não é o Hemingway, é o outro!).
FMS
O NOVO AL-SAHAF: Paulo Ramalho, Ministro da Informação Felgueirense, brindou-nos ontem com a seguinte pérola: "Fátima Felgueiras está exilada numa democracia jurídica". Cara, no Brasíu, carrrnaváu é quando um homem quisé!
FMS
A GRAVATA PRETA DO MANEL: Na semana passada, numa noite que foi até de manhã, estive à conversa com uma figura de proa da Nova Democracia, daquelas que a televisão apanhou em visita ao Palácio Ratton. Para além de não me conseguir explicar como é possìvel ocupar o espaço político entre dois partidos que, alega, já não se distinguem, apregoou aos sete ventos que, se fosse poder, a ND não negociava nada com sindicatos e que a única diferença substancial entre si e o líder do CDS no seu Distrito é que este último é preto. É bom sabermos com o que podemos contar.
FMS




quinta-feira, maio 15, 2003

Tão despojados que nós eramos: E não é que a rapaziada do Bloco, reunida em Congresso, Conselho ou coisa que o valha, descobriu que, afinal, tem vocação de poder? Quem diria? Então e o megafone? E o soundbyte? E a crítica pela crítica? E a demagogia? O que vai ser de nós, senhores?! Apanhada completamente de surpresa por esta notícia de última hora - que, diga-se, revoluciona drasticamente todo o panorama político nacional - a população portuguesa chora já com saudades do finado grupúsculo de messias e filantropos "genuinamente" desinteressados, tão desmesuradamente amado pela canhota comunidade jornalística portuguesa.
JAD a Ministra, já!
JV
DERIVADOS: No meio da deriva em que a língua pátria se encontra, poucas derivações terão distado mais do seu sentido exacto que a expressão que agora se comenta. De onde deriva a deriva? Não sabemos.
Sabemos, apenas, que, para muita gente, quando algo acontece, acontece sempre “derivado a ...”. O que não é, nunca, manifestamente, o caso. A derivar, se é que tudo tem que derivar (como parece), terá que ser “de” alguma coisa. Por muito que custe a quem aderiu à deriva. Parece inconscientemente melodramática esta constante invocação náutica. Traz consigo qualquer coisa de cais e bruma que, num lugar qualquer do nosso imaginário colectivo, é constantemente considerada a causa causarum. Esperamos que esta ideia não tenha recrudescido com a adaptação da “Jangada de Pedra” ao cinema. Talvez seja de incluir este frio assassínio do português na prateleira dos derivados, dos produtos que sabendo (ou soando) a qualquer coisa de parecido são apenas vagamente aparentados com os originais. De pátria a pária? Ao alcance de uma deriva...
JV
O vestido preto do Manel: Nos tempos em que o zapping se fazia com 2 clics, Ivone Silva explicava semanalmente ao povoléu como com um simples vestido preto nunca se comprometia. Não sei porquê, mas basta-me ler um excerto da declaração de princípios da Nova Democracia para ser assaltado por inexplicáveis saudades do Sabadabadu. Partidos com doutrina a la carte, feitos à medida, são luxos a que nem todos se podem dar. ND ou o elogio do vácuo.
JV
Alguém sabe porque raio no Euronews o boletim metereológico começa sempre pelas informações sobre a França? A imagem arranca dali, segue para norte e leste e, depois de passar pelo Médio Oriente, Grécia, Turquia e derivados, resolve terminar na Península e no Norte de África. Estou farto deste chauvinismo metereológico.
JV
A propósito: Saramago para quando a pontuação
Mas há pior. O Dia da Restauração da Independência, outrora celebrado com pompa e circunstância, vê-se na contingência de ter que partilhar todas e cada uma das suas escassas 24 horas com o Dia Mundial da SIDA. Paradoxalmente, é para a Independência que se tem vindo a encontrar "cura".
Por motivos de funcionalidade e melhoria do já por si tragicómico imaginário nacional, o ideal seria fundir estas efemérides aborrecidas num Dia Mundial das Coisas Particularmente Más (SIDA, béri-béri, micoses, herpes variados, putrefacções à escolha, joanetes e Januários, Boaventuras e desventuras, falésias e Prados, etc e tal). Podia ser a 29 de Fevereiro o DMCPM. E já estava.
O resto do tempo útil seria deixado para as espontâneas, galhardas e pundonorosas manifestações de alegria e orgulho pátrios. Santos bonacheirões, vitórias folgadas, cabazadas memoráveis, dias bonitos, escrita com pontuação, fariam o doce pão nosso de cada dia. Sempre era melhor que estas misturas manhosas de agora.
JV


Eles fizeram os dias assim: Hoje é, simultaneamente, Dia Internacional da Família e Dia Nacional da Próstata. Pronto. Está dito e assumido. Não nos perguntem a relação entre uma coisa e outra ou quem se lembrou de inventar estes dias ou se alguém se importa com isso. 15 de Maio é Dia da Família e, isso mesmo, da Próstata e não se importa de o dizer com orgulho. Por isso, marquem nos vossos palmtops, filofaxes, calendários e agendas, proclamem aos quatro ventos a boa nova: a Família e a Próstata têm um dia especial em todos os corações!
FA
Cada tiro cada melro! Agora foi um autarca do PS nos Açores que foi detido por abuso de menores!
Se não tomam cuidado o próximo congresso de autarcas socialistas ainda se realiza nos claustros do Tribunal da Boa-Hora ou na Carregueira!
Viva o poder local!
FA
JÁ MORRIA FELIZ! A Coluna Infame apresentou-nos (sim, DBH, apresentou-nos) à confraria blogger. Obrigado, Pedro Mexia. Qualquer coisinha - sal, um dente de alho, o que quiser - sinta-se à vontade para pedir, vizinho.
FMS
SIZE MATTERS:Num recente debate acerca do alargamento da UE em que participei, o representante do Bloco de Esquerda, jovem com nome de porteiro de discoteca e aspecto de quem fica à porta, contava, entre os principais perigos da entrada dos novos países, o facto das escolas portuguesas não estarem ainda preparadas em termos de educação sexual. Das duas uma: ou o rapaz receia a fúria libertina das meninas do Leste, ou a palavra "alargamento" lembra-lhe algum tipo de handicap sexual.
FMS
MANDEM POSTAIS: Como o DBH já disse lá em baixo, "No Quinto dos Impérios" é mais um blog direitista a acrescentar aos muitos que preenchem a blogosfera (e aos quais faremos referência, consoante as oportunidades), mantido por um improvável eixo Viseu/Coimbra - Lisboa - Bruxelas - Londres que pode ser contactado em oquintodosimperios@hotmail.com . Ficamos à espera das vossas odes, declarações, pregões, ataques de fúria e demais comentários avulsos, mais ou menos elaborados. Não tenham vergonha, também somos de carne e osso. Alguns com mais carne que outros.
HIP, HIP, HURRA! O João Pereira Coutinho acabou de aludir, pela enésima vez, à fragilidade dos laços que unem a comunidade erudita ao sabão. É fácil falar de barriga cheia. Se estudasse, como este que assina, em Coimbra, aí já lhe seria reconhecida legitimidade para falar. Um exemplo: ontem de manhã, mais uma oral, desta feita de Medicina Legal. Como convém numa cadeira que não conta para a média, pouco estudo e muita fé. No momento crucial, a passagem depende do quadro visual que se consiga desenhar para explicar os sinais de certeza de morte. O tempo escasseia. Como explicar os livores cadavéricos ou a putrefação? Felizmente, a Academia está em greve (pronto, também não é assim tão raro) e muitos dos seus melhores exemplares pululam pela alta da cidade nessa soalheira manhã de primavera. É a tais figuras decadentes que, em desespero de causa, recorro. Resultado? Dez. Redondinho.
FMS
O MORALISTA: Manuel Monteiro lá oficializou a Nova Democracia, um partido que, segundo o próprio, lutará contra o sistema. Já não havia marxistas que chegassem?!
FMS
FÉFÉ DE BELÉM: Féfé Rodrigues não comenta o caso Fáfá Féfélgueiras (aka Fáfá de Belém) porque, imagine-se, o princípio da separação de poderes impede-o de se imiscuír nas decisões judiciais. A senhora ainda só anda em fuga com um mandato de busca internacional em marcha e uma prisão preventiva decretada. Quando chegar a testemunha, aí sim, Féfé mostrará a sua raça!
FMS
GARCIA MARQUEZ É QUE TEM RAZÃO:Quando ouvi pela primeira vez o novo álbum dos Blur, aquela estranha miscelânea de Gaiteiros de Lisboa, música árabe e Clash, senti-me como o Saramago desiludido com o Fidel. Longe vão os dias gloriosos da observação acutilante e cínica dos guilty pleasures da working class britânica. Agora, porém, que me submeti ao flagelo masoquista de escutar a obra repetidamente e em todo o sítio em que me encontre, a coisa não parece tão má. Vá lá, José, não sejas tão intolerante com o homem!
FMS

quarta-feira, maio 14, 2003

A IMPORTÂNCIA DE SER "NEO": Poucas palavras causam tanta perturbação a um espírito conservador como a palavra "neo". A novidade é, aliás, a melhor oportunidade para um conservador destilar o seu veneno predilecto: a arrogância sofisticada, o distanciamento sobranceiro e o desdém irónico perante os amanhãs que cantam e o deslumbramento daqueles para quem toda e qualquer inovação faz do mundo um sítio menos insuportável, daqueles que nada estimam e que são de todo indiferentes à tradição e à perda.
E, no entanto, dizem-nos os especialistas, o destino da Humanidade está hoje nas mãos de uns tais "neoconsevadores" ("neo-cons" para os amigos), representantes de uma corrente de pensamento que alguns dos mais reputados políticos, académicos e jornalistas veneram com uma inocência quase pueril (sem que com isso, porém, façam a triste figura daqueles que, entre outras imbecilidades, comparam a seita a Adolf Hitler) e que são responsáveis pela política externa da adminisytração Bush Jr.
Por detrás de nomes como Irving ou William Kristol, de publicações como "The National Interest" e de "think tanks" com nomes tão categóricos como "Project for a New American Century", está uma doutrina das relações internacionais em fermentação desde meados do século XX, cuja trave-mestra é a defesa de uma ordem internacional assente nos valores democráticos e liberais da América, um idealismo com raízes no internacionalismo do Presidente Wilson (o principal impulsionador da Sociedade das Nações) e que deve mais ao optimismo utópico da esquerda do que ao pessimismo pragmático da direita.
O que não é de estranhar. Primeiro, pelo passado político dos "founding fathers" do neoconservadorismo, na sua maioria ex-trotskistas ou ex-esquerdistas radicais de outras nuances que viram a luz do anti-estalinismo e viajaram progressivamente para o socialismo democrático e, mais tarde, para o conservadorismo ( um caminho percorrido principalmente por americanos, que em Portugal tiveram os seus fiéis seguidores, de Pacheco Pereira a João Carlos Espada e a José Manuel Fernandes). Depois, pela natureza do povo americano, que partilha com o francês a visão optimista do ser humano. Desde que John Winthrop, o mais brilhante dos primeiros colonos norte-americanos, se referiu ao novo pais como a "city upon a hill", que os americanos se consideram um povo escolhido com a missão de estender a todo o planeta a sua própria essência. Todas as nações imperiais o fizeram: a Inglaterra vitoriana quis expandir a abolição da escravatura, a URSS a "sociedade sem classes" e a Alemanha Nazi o "pan-germanismo". Se algo há que os Estados Unidos pretendem ensinar ao nómada do Sahara, ao índio da Amazónia e ao taxista de Alfama, só pode ser a economia de mercado, a sociedade aberta e a democracia.
Mas é precisamente na rejeição desse voluntarismo messiânico, desse querer mudar o mundo, dessa construção de modelos racionais que o conservador clássico, herdeiro de Tocqueville, Isaiah Berlin e Churchill, encontra o fundamento das suas opções políticas. Ser conservador, como nos diz Oakeshott em "On Being Conservative", é preferir o familiar ao desconhecido, o tentado ao não tentado, o facto ao mistério, o suficiente ao abundante, o convenient ao perfeito. Daí a oposição de muitos conservadores à nova ordem mundial que o conflito iraquiano inaugurou. Para um conservador, que nada tem a ver com soluções destinadas a responder a situações meramente hipotéticas, a democracia no Médio Oriente nada mais é do que uma bela história da carochinha.
Existe, todavia, no pensamento neoconservador pós-11 de Setembro uma dimensão realista que nem o mais cínico dos cépticos pode negligenciar: a aceitação de que é preciso estar disposto a defender o que está disponível, que a liberdade não é um dado adquirido e que o seu preço é a eterna vigilância. Ora, é neste contexto de defesa do nosso modo de vida que a guerra ao terrorismo deve ser encarada. E já que americanos e ingleses a iniciaram sozinhos, sozinhos convém que a continuem. Porque, para além da aparência de missão impossível, o que países socialmente tão complexos e divididos como o Iraque precisam é de apreender o sistema anglo-saxónico da "common law", a tradição do governo descentralizado, separado das hierarquias religiosas, respeitador das diferenças culturais e dos costumes das comunidades locais. Se a coligação ceder ao oportunismo da França e à burocracia da ONU, todo o sofrimento dos últimos tempos terá sido em vão.
Não me vai ser fácil adaptar a esta retórica optimista de confiança cega na espécie humana. Mas, como bom conservador, percebo que "uma sociedade que não sabe mudar é uma sociedade que não se sabe preservar". Burke nunca fez mal a ninguém.
FMS
DESCUBRA AS DIFERENÇAS: Tive ontem a última aula na minha alma mater coimbrã. O que fazer perante o súbito ataque de saudades e o inesperado sentimento de perda que me invadiu? Ler o "Brideshead Revisited" do Evelyn Waugh pareceu-me boa solução: a Oxford das dinner parties, do vintage francês, do tweed, do Wilde e do Berlin. Ah, estes bifes, que sabem eles de requinte? Que sabem eles da Queima, do vinho "Faisão", da cerveja "Topázio", do traje académico, dos professores Vital e Boaventura?...
FMS
Sábado 10 de Maio à uma da tarde. Juntámo-nos uns quantos emigras no restaurante espanhol “Cambio de Tercio” em Old Brompton Road. Juro que iríamos a um restaurante português se houvesse algum de jeito naquela zona de Londres.
Tapas na mesa (não havia tremoços). Vinho (à falta de um bom Dão bebemos um Ribera del Duero de 2000 que soube a pato). Tema da conversa: Portugal. Sintomático isto. Uma dúzia de portugueses entre os 25 e os 38 anos na cidade mais cosmopolita da Europa à volta da mesa de um restaurante espanhol, a comer comida espanhola, a beber vinho espanhol... Que tristeza! Mas que bem que soube a paella!
Conclusões da conversa? Devem estar a brincar comigo. Então mas se os convivas eram portugueses. A única conclusão foi irmos todos para casa de um de nós que fica ali em Gloucester Road bebericar um Porto, que isso do sherry só os “bifes” é que gramam, e discorrer sobre esta condição de vida que é ser Português.
Um abraço saudoso.
FA
AÍ BENJAMIM!!! : Seja bem aparecido! Mas, se o distinito gentleman coimbrão me permite, V. Ex.cia não introduziu absolutamente nada aqui por estes lados. Isto de uma pessoa passar a vida a falar estrangeiro dá para estas coisas: introduzir em vez de apresentar, algeria em vez de argélia, dizer treinamento em vez de formação e chamar bavários aos bávaros...

Como deve reparar o demasiado british não é ilegal, é simplesmente perigoso, especialmente com a quantidade de jornalistas do expresso a quem deram cartas de condução.

Com a leve esperança que abrisse antes a conta na Livraria Histórica Ultramarina e que a fatiota viesse antes do Vicente ou Lourenço & Santos (bom, mas não vamos começar a fazer namedropping de livrarias, metade dos blogs de direita ficaria entupido com os nomes das bookstores lá do Shire onde tiram o M.Phil... apesar da rendida homenagem à Kleber, referida pelo nobre , que bem podia acabar com as obras),

Um abraço,
DBH