JV
«... depois dos três impérios dos Assírios, Persas e Gregos, que já passaram, e depois do quarto, que ainda hoje dura, que é o romano, há-de haver um novo e melhor império que há-de ser o quinto e último» Padre António Vieira oquintodosimperios@gmail.com
segunda-feira, outubro 31, 2005
domingo, outubro 30, 2005
Segundo a revista brasileira Veja, a campanha do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva terá recebido, entre Agosto e Setembro de 2002, 3 milhões de dólares vindos de Cuba.
Parece que o farol mundial da democracia popular, quando não está ocupado a promover o progresso do povo cubano, se entretém a financiar partidos políticos estrangeiros com dinheiro americano.
FA
sábado, outubro 29, 2005
The year is 52 b.C.!
Nas palavras do Times de hoje: "Rome is a big-budget BBC/HBO extravaganza that gets off to a roaring start with the most imaginative opening credits since The Sopranos and Six Feet Under." "A mix of The Sopranos and The West Wing set in ancient, extremely unrepressed Roma."
A coisa promete. Quarta-feira às 21h na BBC2.
FA
sexta-feira, outubro 28, 2005
O João Pinto e Castro, do Super Mário, ofereceu-nos, neste post, a visão que, segundo ele, Cavaco tem da sociedade:
"O ensino só se justifica porque permite formar mão-de-obra qualifcada. A ciência, porque estimula a criatividade. A saúde, porque mantém os trabalhadores aptos para as suas tarefas. O ambiente, porque as paisagens bonitas chamam mais turistas. A justiça, porque as empresas processam mais rapidamente os seus devedores. A política externa, porque abre mercados, atrai investimentos e no caso da UE, rende subsídios"
Como é óbvio, para o João a vida não são só números. Aliás, os número não passam disso mesmo. Aquilo que importa são as pessoas, os jovens, os cidadãos.
O problema caro João, é que, com tanta preocupação com as pessoas, aquilo que temos é um sistema de ensino que ensina pouco e a poucos e, mais grave, aqueles que ensina bem com custos excessivos acabam por ir para o estrangeiro porque foram ensinados de tal forma que o país não os consegue aproveitar. Para tanta inquietação com o bem-estar de todos os cidadãos, a
realidade é a de hospitais públicos que custam cada vez mais e prestam cada vez menos serviços a menos utentes. O ambiente, nem me faça rir, onde está a defesa das gerações futuras quando aquilo que vemos é a desertificação do interior, a urbanização selvagem do litoral, os fogos florestais incolntroláveis... E a justiça caro João, acha mesmo que tem um valor abstracto para além da sua função? Olhe que os juízes e os magistrados do MP parece que acham que não a julgar pelo triste espectáculo a que se prestam. Da política externa nem vale a pena falar atenta a lição de ciência política que o nosso Comandante Supremo acabou de levar desse insígne democrata Hugo Chávez a semana passada.
Eu aceito que para o João, e desconfio que para o candidato Soares também, as pessoas é que contam. Não sei bem é que pessoas. Eu? A minha família? Não. “Pessoas”, assim mesmo entre aspas e em abstracto. Pessoas que, afinal, nem chegam a ser números no mundo das fábulas em que vivem a maior parte dos nossos políticos.
FA
A transformação do TGV em comboio inter-regional não é surpresa. É mais uma demonstração do estado que temos, atado a caciques locais e aos empresários seus parasitas. E dessa gente, como é sabido, há uns quantos em qualquer apeadeiro.
FMS
Quando queria matar saudades das antigas polémicas com os nossos amigos relativos passava, de vez em quando, por aqui. Confirmar (e lamentar!) que de facto tinham todos partido para novas paragens, decerto mais verdejantes.
Agora passo por aqui. Não é um de(com)bate que me estimule por aí além. É, ainda assim, muito divertido.
Estes rapazes (e rapariga) têm de facto muito jeito para defender causas perdidas. Quase (eu disse quase) que podiam escrever no Quinto.
FA
quinta-feira, outubro 27, 2005
“O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, afirmou esta quinta-feira que «dentro de poucos dias» vai ser anunciada a data da apresentação do projecto do novo aeroporto da Ota.”
Estudos acessíveis ao público? Nem vê-los.
JV
“Portugal ocupa a primeira posição em termos percentuais entre os países europeus que mais são afectados pela saída de quadros técnicos. Quase 20 por cento dos portugueses com o ensino superior vivem no estrangeiro.”
O relatório do Banco Mundial está aqui.
FA
Fonte: LUSA
JV
quarta-feira, outubro 26, 2005
Democracia 3 - Fidel Castro 0.
JV
FA
Ouve-se muito por aí (por exemplo aqui) quem, querendo chamar a Magistratura em greve à razão, invoque a qualidade do Juíz enquanto órgão de soberania. É um argumento sensato mas ineficaz. São poucos os magistrados verdadeiramente incomodados com a funcionalização da sua actividade e do seu estatuto.
Basta olhar para as faculdades de Direito, repositórios indiscriminados de gente sem rumo, sem vocação, sem talento, meninos e meninas que optam por aqueles cursos por pura indecisão e aproveitando as médias incrivelmente baixas que são exigidas. E o que se passa na Universidade, passar-se-á mais tarde no CEJ, a última tábua de salvação para muita gente que, nos dois anos de espera a que a lei obriga os licenciados, experimentou o Nada ou a vida prática no mundo cada vez mais concorrencial e desgastante da advocacia.
Com excepção de alguns casos raros (e eu conheço, felizmente, uns poucos), quem tenta o CEJ, fá-lo sem qualquer tipo de vocação, talento e preparação técnica, muito menos tendo a noção exacta do que significam as funções em que se pretendem ver investidos. Tenho a certeza - a que cheguei por mera análise empírica, é certo - que os níveis de adesão à greve serão mais ou menos elevados consoante os Juízes sejam mais ou menos novos.
Nesta nossa sociedade tragicamente avessa ao individualismo, ao risco, à desigualdade criativa e produtiva, o que conta é a estabilidade e a segurança de uma existência vivida em rebanho. Os magistrados que por estes dias fazem greve não se importem que os tratemos como funcionários públicos. Foi sempre isso que quiseram ser.
A soberania do órgão embeleza os galões. Mas não dá de comer.
FMS
terça-feira, outubro 25, 2005
Estrasburgo e o intercâmbio cultural forçado
Est-ce qu'une assistante ou stagiaire serait intéressée à partager une chambre à la prochaine session de Strasbourg avec une sympathique québécoise (les 14,15,16 novembre)? Je n'ai rien cherché pour le moment, mais dès que j'aurai trouvé quelqu'un, on pourra commencer la recherche! Bonne journée!
Miriam B.
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Hi,
I am searching for a female assistant or stagiaire in order to share a room in Strasbourg for November 11, 12, 13. I am from Quebec, so the cultural exchange could be interesting! I don't have any room yet, but when I will find the roommate we could start to search. Have a nice day!
Miriam B.
JV
Em primeiro lugar porque, para quem se queixa amargamente de ter que lutar contra a comunicação social, convenhamos que um editorial e um artigo de opinião a desancar Cavaco Silva contra zero a apoiá-lo não está nada mal. Teoria da compensação?
Em segundo lugar, e já é um dado recorrente, porque estes dois apoiantes de Soares apenas se referem ao seu candidato para dar a conhecer aos leitores (como se isso não fosse óbvio pelo ódio que as suas linhas destilam) as suas orientações em matéria presidencial. De resto preferem passar ao ataque.
E que ataque! It’s open season: desde insinuações muito pouco fundamentadas sobre o alegado colaboracionismo de Cavaco com o antigo regime, total perversão da história de sucesso (incontestável) dos governos “cavaquistas”, até um estilo infantilóide comparando Cavaco com uma epidemia, vale tudo.
Eu até nem costumo votar nas presidenciais e não suporto Cavaco Silva mas, a continuar nesta onda misto de meninos mal-criados e pensadores iluminados, a campanha soarista ainda é bem capaz de me fazer mudar de opinião e ir votar em Janeiro. Talvez Alegre...
FA
segunda-feira, outubro 24, 2005
Se o nome do senhor é Co Adriaanse, isto quer dizer que há, pelo menos, mais um Adriaanse a coadjuvar aqueloutro no que quer que seja que ele faça da existência, certo? E, em caso afirmativo, o Adriaanse que o Porto foi buscar não era o mesmo que treinou o Alkmar, pois não? Esse é o que lá está agora, substituído sem ninguém dar por isso, não é?
FMS
(Textos publicados na revista StudioBox)
Ocidentalismo: Uma Breve História da Aversão ao Ocidente
Ian Buruma e Avishai Margalit
(Publicações Europa-América, 2005, 168 pp.)
Quando, em 1978, Edward Said publicou o célebre Orientalismo, lançou todo um paradigma de compreensão das relações de percepção entre aquilo que se convencionou chamar de Ocidente e Oriente, identificando, nomeadamente, as falácias correntes na Europa e na América do Norte contra o mundo árabe. Mais de vinte e cinco anos depois, com Ocidentalismo, Ian Buruma e Avishai Margalit produzem um esforço de cariz semelhante mas de sentido contrário, numa época em que uma parte do Islão demonstra, de forma trágica e esclarecedora, os preconceitos que há muito nutre pelo modo de vida ocidental e que, no seu conjunto, resultam no “retrato desumanizante do Ocidente pintado pelos seus inimigos”. É com estas precisas palavras que os autores definem e resumem aquilo que designam por “Ocidentalismo”.
Ao contrário de muita literatura surgida após o 11 de Setembro, a presente obra não trata de explicar os comportamentos ou as atitudes intelectuais do mais básico e indiferenciado anti-americanismo. A sua pretensão é mais ambiciosa. O que Ocidentalismo propõe é uma análise profunda do ambiente ideológico em que germinou o actual terrorismo de origem islâmica e natureza apocalíptica, ou seja, da concepção integrada na qual foram formados os agentes materiais dos ataques e da qual se servem os arquitectos e incitadores dos mesmos.
No fundo, segundo a tese central do livro, a violência extrema e a morte como objectivos políticos mais não são do que a táctica política por excelência daqueles que, por ideologia, desconhecem no Ocidente qualquer réstia de verdadeira humanidade. Para os “ocidentalistas”, a mentalidade do homem ocidental é a do burguês anafado, a do comerciante mesquinho e acomodado, de horizontes limitados aos prazeres mundanos, à materialidade terrena, à vulgaridade imediatista e pedestre da Cidade, esse espaço decadente de hedonismo e idolatria, de pecado e corrupção, de individualismo e culto da vida. E o culto da vida não é um pormenor. Segundo o mais mediático (embora invisível) símbolo da aversão ao Ocidente, Osama Bin Laden, aquilo que distingue o “herói” de Cabul, Bagdad ou Islamabad do “logista” de Londres, Nova Iorque ou Paris é o seu amor à morte, ao martírio sobre-humano, ao sacrifício transcendente levado a cabo em nome de uma espiritualidade radical e purifcadora.
Como não poderia deixar de ser, Ocidentalismo é incondicionalmente apologético do modo de vida ocidental e dos seus valores liberais, pluralistas e democráticos. Porém - e aqui reside a sua principal originalidade -, tem como intenção demonstrar que grande parte das ideias que denigrem o Ocidente têm aqui origem. Quando Bin Laden expele a sua verborreia odiosa, fá-lo após ter lido os mais influentes pensadores islâmicos, com Qutb à cabeça. Mas se formos analisar a filosofia proposta por estes, concluímos que a mesma mais não é do que a adaptação de algumas das mais célebres correntes europeias, maioritariamente germânicas, desde as diversas aparições do marxismo ao vitalismo romântico de Herder, Heidegger, Sombart, Nietzsche e Wagner. Trata-se, de facto, de uma linhagem impressionante, com as consequências que se conhecem: comunismo, fascismo, nazismo, islamismo radical.
Acima de tudo, Ocidentalismo é uma obra impecavelmente honesta. Toma partido pelo lado correcto da história e não embarca no relativismo derrotista dos que defendem a igualdade ética entre o mundo do islamismo radical e as sociedades demo-liberais do Ocidente. Contudo, propõe a esse mesmo Ocidente que se olhe bem ao espelho. E que se pergunte se não foi ele próprio quem armou ideologicamente aqueles que um pouco por toda a parte professam e promovem a sua destruição.
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Opiniões Fortes
Vladimir Nabokov
(Assírio & Alvim, 2005, 377 pp.)
Opiniões Fortes é o Nabokov mais corrosivo, polémico e irredutivelmente livre que conhecemos: na primeira pessoa. Colectânea de cartas a editores, artigos e entrevistas concedidas invariavelmente com enorme relutância (e publicadas apenas depois de revisão criteriosa do autor, que propunha sempre inúmeros aperfeiçoamentos e alterações), não é obra que se aconselhe a estômagos frágeis, a espíritos impressionáveis ou a defensores incondicionais dos seus heróis literários. Como bom e incorrigível invidualista, Nabokov dispara em todas as direcções: Conrad e Hemingway (“escritores de livros para rapazes” e comentários piores); T.S. Eliot (“não-bem-de-primeira”); Pound (“definitivamente-de-segunda”); Freud (“essa figura ridícula”); os “burros progressistas de New York” e as “s’toras do Ohio” que ensinam “absurdos ordinários” como “a arte é simples, a arte é sincera”; os “britânicos com inibições de classe agudas e ridículas”; “os romances constituídos principalmente por diálogo ou comentário social”; “a mistura popular de pornografia e trapaça idealista” da literatura realista; e, por defeito, tudo o que meta filistinismo, estupidez e a União Soviética que o baniu do território e das prateleiras. Tudo isto e muito mais, devidamente embrulhado em prosa superior. No habitual mundo acomodado e previsível da edição em Portugal, Opiniões Fortes é um verdadeiro acontecimento.
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Status Anxiety
Alain de Botton
(Penguin Books, 2004, 314 pp.)
Chamem-lhe o que quiserem. Filosofia light, auto-ajuda para intelectuais, o que quiserem. A verdade é que Status Anxiety (publicado em Portugal pela Dom Quixote com o título infeliz “Status Ansiedade” – melhor ficaria qualquer coisa como “A Ansiedade de Estatuto”) é uma magnífica obra de Allain de Botton, a melhor exportação da Suíça desde o chocolate, o canivete e Roger Federer. Botton fala de filosofia para o homem comum, que não vive fechado nos claustros da academia, sem caír na ingenuidade imberbe de alguns autores que são leitura de cabeceira de adolescentes e donas de casa desesperadas. No caso de Status Anxiety, o autor radicado há muito em Inglaterra lida com essa forma particular de ansiedade, que é uma condição da modernidade, resultante do pânico do falhanço e do embaraço, da constante comparação com os que nos são próximos e do receio de não atingir os padrões de sucesso pessoal, emocional e profissional impostos pela sociedade. E fá-lo, não só com um estilo absolutamente irresistível, pela ironia, leveza e charme (em tudo britânico e em nada suíço – felizmente), mas também com o recurso aos ensinamentos da história, da filosofia, da arte, da economia e da política. De Orwell a Tocqueville, de Aristóteles a Tolstoi, de Nixon a Marx, de Kant a Adam Smith, de Twain a Epicuro, a erudição impera e o name-dropping impressiona. Feitas as contas, é muito mais divertido do que verdadeiramente útil. Mas é essa qualidade que, bem vistas as coisas, será a melhor ajuda na hora de cortar os pulsos.
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Os Americanos
Henry Louis Mencken
(Antígona, 2005, 105 pp.)
A Antígona publica H.L. Mencken com oportunidade comercial. A escolha recai sobre On Being An American, quando poderia, num esforço editorial mais abrangente, ter recaído sobre a totalidade dos célebres Prejudices, série de seis volumes publicada entre 1919 e 1927, no qual se inclui o presente ensaio. Os Americanos vergasta sem réstia de misericórdia aquele que é o seu povo. E aí, facilmente se percebe, está encontrada a oportunidade comercial da publicação. No entanto, quando falamos de Mencken, não falamos de um autor com opiniões tão mainstream como esta edição cirúrgica permite supor. Mencken, jornalista de profissão, foi um dos maiores polemistas do seu tempo, um cronista implacável e desalinhado, um humorista provocador e aristocrático. Foi, de certo modo, aquilo que hoje, em Portugal, reconhecemos em Vasco Pulido Valente ou em João Pereira Coutinho. Mas, para a devida admiração, será necessário esquecermos as simpatias racistas, anti-semitas e anti-democráticas do autor. E, em contrapartida, lembrarmos a sua cruzada constante contra todas as manifestações de vulgaridade: a superstição, a fanfarronice, a demagogia, a brejeirice, as purgas políticas ou a cultura de massas. Os Americanos tem de tudo isto um pouco. Por isso é que não é especificamente sobre os americanos. É sobre todos nós.
FMS
JV
domingo, outubro 23, 2005
Um dos momentos mais originais da nossa História estudado por um australiano imbuído de espírito carioca.
JV
A criançada responsável pela Associação Académica de Coimbra resolveu fazer uma placa alusiva a uns determinados acontecimentos ocorridos há cerca de um ano mas que, digamos, não fazem propriamente parte do imaginário do país, da cidade, nem sequer, segundo parece, da comunidade estudantil.
Essa boa gente, em que todo o mundo reconhece um repositório de virtudes democráticas, tem por hábito encerrar à força de cadeados e muita estupidez as instalações das diversas faculdades, impedindo quem quer que seja de cumprir o objectivo pelo qual os respectivos paizinhos se esfalfam a trabalhar: estudar e fazer-se intelecual e profissionalmente adulto.
No ano passado, quebrando o torpor passivo da praxe, o Sr. Reitor resolveu fazer o mínimo que lhe é exigido. Chamou a polícia para que esta restabelecesse a ordem e fizesse cumprir a lei. Nada mais justo, nada mais simples, nada mais democrático. Os garotos da AAC, porém, acharam a coisa autoritária e gritaram clamores como se vivessem noutros tempos mais difíceis.
A placa que nestes dias inauguraram, reside agora ao lado de uma outra, alusiva ao célebre dia de 1969 em que Alberto Martins interpelou José Hermano Saraiva. Newton, que era Newton, dizia-se apenas "standing on the shoulders of giants", e por isso via mais longe. Estes rapazes, nascidos e criados numa democracia estável e adulta, acham-se, pelos vistos, suficientemente importantes para estarem, não no ombro, mas ombro a ombro com os que, há trinta e cinco anos, arriscaram incomparavelmente mais do que eles próprios podem imaginar.
Pretendendo valorizar-se desta forma injusta, desvalorizam os seus antecessores, que assim vêm o seu legado usado e arrastado na lama.
FMS
A menina da perfumaria apresenta-me um novo perfume chamado Lolita. Diz que tem nome de perfume de mulher, mas que é, de facto, para homem. Ainda pensei dizer-lhe que o nome do produto é, na realidade, de homem, entendamo-lo por que perspectiva for, a mais literária ou a mais libidinosa, sendo até que a segunda resulta da primeira, enfim. Mas a menina não me pareceu entendida nas obras de escritores russos imigrados ou sequer no mundo subterrâneo-virtual da sexualidade proibida. Esqueci e optei por um perfume de nome menos erudito.
FMS
sábado, outubro 22, 2005
JV
sexta-feira, outubro 21, 2005
Segundo a comunicação social, José Sócrates admite dar o dito por não dito em relação ao aborto e permitir que o Parlamento legisle sobre o tema sem recurso a referendo, assim evitando ter que reconhecer que, mais uma vez, se enredou em trapalhadas processuais, jogadas tácticas e em chico-espertices oportunistas.
Nesta altura, é útil recordar um pequeno excerto do ponto 4. (ironicamente chamado "Uma política de verdade para a Interrupção Voluntária da Gravidez") da parte VI do Capítulo II do Programa do XVII Governo Constitucional: será promovido um novo referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, nos termos anteriormente submetidos ao voto popular.
Admito que os exegetas do BE digam que isto significa que cabe à Assembleia da República mudar a lei sem consulta popular, mas já me custa acreditar que um partido com pretensões a sério faça o mesmo.
JV
Para aí à quinta vez que Ruben de Carvalho falou das “políticas lesivas dos interesses dos trabalhadores” dos governos de Cavaco e Ana Drago sublinhou a necessidade, imperiosa aliás, de debater nesta campanha “os grandes temas nacionais” (devia estar a pensar no aborto ou, talvez, na liberalização das drogas), Helena Roseta sai-se com uma tirada genial: “Quer-me parecer que seria importante discutir o que a função presidencial representa hoje. O nosso debate parece preso a conceitos do século passado”.
Resposta de Ana Drago fazendo apelo aos seus tenros aninhos e olhar cândido: “Isso é para mim?”
Tirada, magistral, de Roseta: “Não é uma questão de idade, Ana, é uma questão de ideias!”
Game, set, match Ms Roseta.
FA
quinta-feira, outubro 20, 2005
David Cameron contra David Davis. Os militantes Conservadores irão eleger o próximo líder dos Tories.
Não será ainda o princípio do fim do New Labour mas já faltou mais.
FA
Para diversão dos nossos leitores, aqui deixo a referência a mais esta pérola do sempre lúcido Avante!. Segundo parece, um pândego chamado Albano Nunes acha que os ganhos comunistas nas últimas eleições autárquicas são merecedores de uma referência internacional particular porque se trata do avanço de uma força progressista num contexto internacional profundamente desfavorável. Eleitoralmente limitado mas politicamente muito significativo . Ena.
Citando Albano Nunes, que parafraseia Lenine, cada passo concreto na direcção certa vale mais que mil discursos. Por isso, confesso que não percebo o seu afã proclamatório e discursivo. É que, bem vistas as coisas, esta subida eleitoral é desprezível comparada com as repetidas e sempre esmagadoras vitórias eleitorais dos partidos comunistas da Coreia do Norte, do Vietname e de Cuba que devem enchê-lo de gáudio e verdadeira esperança na superação revolucionária do capitalismo.
Para ele, Perante sofisticada campanha sobre a «morte do comunismo» é importante sublinhar o que tudo isto representa, não para nos erguermos em bicos de pés ou dar lições a quem quer que seja, mas para dar mais força e mais confiança à corrente revolucionária comunista no campo das forças de esquerda. É caso para explicar ao camarada Albano que, se a campanha sobre a morte da coisa é sofisticada, a ideologia que ele perfilha e os métodos criminosos que esta emprega e empregou o não foram nem são. Não é precisa sofisticação para a combater. Bastam o recurso a alguma higiene mental e aos factos.
JV
O dono da bola resolveu ir ontem ao cinema acompanhado pelo assessor de imprensa, pela mandatária da Juventude, por um dirigente do PS e por militantes da Juventude Socialista. Coisa que faz regular e naturalmente.
Este cinéfilo espontâneo é o mesmo que hoje ataca Cavaco Silva por não ter ainda apresentado a sua candidatura com o argumento de que as "as coisas se dizem naturalmente". Se bem se lembram, foi com absoluta naturalidade que Mário Soares se cercou do Estado-Maior do PS e dos apaniguados do costume - que, por acaso, iam a passar - para ingloriamente tentar demonstrar ao País que a sua benfazeja pessoa era sinal de renovação.
JV
Aqui No Quinto não precisamos de referendo interno para escolher o nosso candidato presidencial.
FA
Ao mesmo tempo que defende uma Europa a várias velocidades, o nosso Presidente lamenta a quebra do espírito de unidade no seu seio. Em vez de entender os resultados dos referendos como sinais de que o caminho e, sobretudo, o método seguidos não foram os mais certos, Jorge Sampaio prefere relevar os seus efeitos paralisantes.
Os teóricos da arquitectura institucional e da geometria variável fariam melhor em acalmar o frenesim (dito) progressista e perceber que nenhum projecto vingará sem o apoio e adesão verdadeiros dos Estados e dos seus Povos. As pressas e os falsos consensos já mostraram no que dão e os arautos do apocalipse viram claramente desmentidos os seus negros presságios de que estava aí o finis Europae. A vida continua. E pronto.
É a nossa vez de apelar à serenidade do Presidente da República e de propor a calma, a reflexão, o conhecimento mútuo, a criação de laços efectivos e os pequenos passos concretos como velocidades a seguir pela UE nos próximos tempos.
JV
quarta-feira, outubro 19, 2005
"Chelsea work very, very well as a unit and are extremely efficient, although everyone enjoys something different and there are those that discuss the style of their play.”
Llorenç Serra Ferrer, treinador do Bétis, a tentar evitar dizer (o que lhe ia na alma): que o Chelsea seria “boring”
Resultado final Chelsea 4 – Bétis 0
"When they are talking and talking and talking before the game it means they are worried, maybe they are afraid, I don't know. Maybe he needs to talk because it'll be difficult to control the games and to beat us.”
Rafa Benitez, treinador do Liverpool, a tentar jogar “mind games” com Mourinho
Resultado final Liverpool 1 – Chelsea 4
FA
When I asked [David Cameron] for his favourite piece of music he begged to have two: The Emperor piano concerto and All These Things That I've Done by The Killers. "There's no contradiction" he said with a laugh. And in modern Britain there isn't.
- Allison Pearson no Evening Standard de ontem (link indisponível)
FA
Miguel, estamos de acordo quanto ao Ken Clarke. Já quanto ao preferido/favorito...
Pela minha parte, e na impossibilidade do Boris se candidatar, apoio quem o Boris apoiar. Por enquanto estamos com o David Cameron.
Amanhã já saberemos quem vai às primárias.
FA
terça-feira, outubro 18, 2005
Existe um ligeiro erro de perspectiva e análise quando se diz que a maior novidade das últimas eleições autárquicas foram os "candidatos bandidos". Se repararmos bem, a grande novidade foi, no seu rescaldo, a esquerda ter vindo ridicularizar um desses espécimens por ter enxotado as culpas do seu desaire eleitoral para um grande grupo empresarial que se dedica à construção civil e afins. Eu não sei se foi a Mota-Engil que desferiu o pontapé que acertou em cheio no traseiro do Sr. Avelino. Se se confirmar que foi, muito bem, segue ainda hoje um cartãozinho de reconhecimento penhorado. É mais um exemplo do capitalismo com consciência social. Só acho estranho é que os meus amigos de esquerda andem por aí a imitar o homem, com mímica e pronúncia adequadas e tudo, quando o seu próprio programa político e os seus mentores nacionais e internacionais dizem que a culpa de todos os males do mundo são as Halliburtons, os grupos Carlyle, as Microsofts, a Fábrica de Chaves do Areeiro e o Rei dos Frangos de Moscavide. Talvez agora vejam, reflectido no espelho, o seu próprio ridículo.
FMS
segunda-feira, outubro 17, 2005
Queria deixar bem claro que, ao contrário do que se vai dizendo por aí (obrigado Hugo), eu não tenho qualquer relação com o Fernando Albino que se demitiu da SAD sadina. No entanto, a ser de alguma SAD seria provavelmente da SAD do Sporting e, pelo andar da carruagem e tal como o meu homónimo setubalense, ter-me-ia demitido hoje.
Visto deste prisma a notícia acaba assim por não estar tão longe da verdade como isso.
FA
domingo, outubro 16, 2005
Um dos candidatos à liderança do Partido Conservador, David Cameron, continua a recusar responder a questões relacionadas com o alegado consumo de drogas nos seus tempos de estudante.
Uma polémica interessante sobre a esfera privada dos políticos, sobre as públicas virtudes e as fragilidades humanas. A acompanhar.
FA
PS - Ler por exemplo este artigo de Michael Portillo no Times.
JV
Roger McGough
sexta-feira, outubro 14, 2005
Qual é a diferença entre o DN e a Acção Socialista?
Jorge Coelho não assina editoriais na Acção Socialista.
Obrigado, Henrique.
JV
Women in burkas face benefit cuts
By Anthony Browne, Brussels Correspondent
The burka, a traditional women’s dress in some Muslim societies, covers the entire body except the eyes. The sanctions also apply to women wearing a face-concealing veil, or niqab.
Utrecht made the decision after two Muslim women receiving €550 (£380) a month in unemployment benefits told the jobcentre that they did not attend job interviews because no one would employ them because of their burkas, which they refused to remove.
A spokesman for the city said that the problem was not widespread, but added: “It is a point of principle which applies to all women who refuse to remove their burkas for job interviews. People get benefits when they are out of work but there is also an obligation to do everything to get a job. These women were educated, spoke good Dutch and had opportunities in the labour market.” The city will cut the women’s benefits by 10 per cent a month if they continue to refuse to take off their burkas for job interviews.
Utrecht based its decision on the Work and Social Security Act, which states that somebody receiving welfare must not do anything to prevent getting work. The city also noted that the Equality Commission, an official anti-discrimination body, backed employers who refused to give jobs to people wearing burkas, because being able to see someone’s face was an essential part of many jobs.
Rita Verdonk, the Minister for Integration and Immigration Minister, said that wearing the burka should be banned where it is a threat to security because it could be used by terrorists for concealment. She announced an investigation into when and where the burka should be banned, and will give details in two months.
No country has banned the the burka in public, although several Flemish-speaking Belgian towns have done so.
quinta-feira, outubro 13, 2005
Gilberto Gil esteve em Londres. Para angriar fundos para uma das suas "charities" promoveu, nas Houses of Parliament, um cocktail.
Diz quem foi que o Ministro encantou os presentes com três canções sendo que a mais aplaudida foi uma versão muito original do"Imagine".
Aguardamos, ansiosamente, a visita de Isabel Pires de Lima à capital Britânica.
FA
Na declaração de candidatura do líder Anacleto na SIC Notícias ficou bem clara a intenção: mudar o estado de coisas (muda de vida se tu não vives satisfeito...) e combater "as elites", grandes responsáveis "pelo estado de coisas".
Surge a dúvida. Isso também se aplica às elites culturais?
FA
quarta-feira, outubro 12, 2005
DESTA NEM O BERNARDINO SE LEMBRAVA
Desempleo juvenil: contrastes entre el mundo y Cuba
A 88 millones de personas entre 15 y 24 años en todo el mundo afecta en este momento el desempleo juvenil, que experimentó un fuerte aumento durante la última década, según informaciones derivadas de un nuevo estudio de la Oficina Internacional del Trabajo. De acuerdo con el estudio "Tendencias mundiales del empleo juvenil, 2004" preparado por el Departamento de estrategias de empleo de la OIT, si bien sólo 25 por ciento de la población en edad laboral de los 15 a los 64 años son jóvenes, éstos representan el 47% ciento de las 186 millones de personas desempleadas en el mundo durante el pasado año. Precisa la nota de la OIT que el problema va más allá del desempleo pues también son jóvenes 130 millones de los 550 millones de trabajadores pobres que no logran superar junto con sus familias la línea de pobreza, que luchan por sobrevivir, y a menudo se ven obligados a trabajar en condiciones insatisfactorias en la economía informal. Se trata de una fuerza desaprovechada que al decir de la OIT, con una adecuada estrategia que abordara a fondo el problema del desempleo juvenil y las vulnerabilidades y la sensación de exclusión que conlleva, sería una contribución importante para la economía mundial. Los datos que ofrece el estudio son elocuentes: una reducción del desempleo juvenil a la mitad de su nivel actual aportaría 2,2 billones (millones de millones) de dólares al PIB mundial, equivalentes a 4 % del valor del PIB mundial en 2003. El Director General de la OIT, Juan Somavía, es explícito al señalar que "Estamos desperdiciando una parte importante de la energía y el talento de la generación de jóvenes más educada que hemos tenido".
LAS ALTERNATIVAS CUBANAS RESUELVEN
Al cierre de pasado año Cuba registró una tasa de desempleo del 2,3%, una de las más bajas del mundo. Fueron generados 128 mil 122 nuevos empleos, de los cuales más de 86,mil 700 se destinaron a los jóvenes, con énfasis en las zonas más problemáticas del país. De igual forma, durante 2003 creció la tasa de empleo –personas ocupadas respecto a la población en edad laboral— al 68%. Y asimismo, aumentó la tasa de actividad –relación de personas económicamente activas respecto a la población en edad laboral— a 70%. Todo esto fue posible por las alternativas puestas en práctica por el Gobierno Revolucionario: el estudio como fuente de empleo, que ha permitido que jóvenes antes no vinculados a la vida laboral, estudien, reciban un estipendio y puedan lograr una mejor calificación; el incremento de planes especiales como la formación de maestros primarios, profesores de secundaria básica y de computación, así como enfermeros y trabajadores sociales. Todos ellos, con libre acceso a los estudios de nivel superior según vayan venciendo las asignaturas correspondientes.Además, tienen prioridad en el empleo los jóvenes recién graduados de los planteles de niveles medio, medio superior y superior, asegurándoseles un puesto de trabajo digno que permita el desarrollo de sus capacidades y su adecuada formación como trabajador. E incluso se va más allá, con la consideración especial a los que sufren de alguna discapacidad.“¿Encontraré algún trabajo?”, la sempiterna pregunta que millones de jóvenes hoy se hacen en el mundo, sin encontrar respuesta, no es la preocupación de la juventud cubana.
(fonte: Union de Juventudes Comunistas de España)
JV
The veteran Irish stylist John Banville brought off one of the biggest literary coups last night when he took the £50,000 Booker Prize from under the noses of the bookies and the literary insiders.
(...)
Also on the shortlist this year were: Arthur & George, by Julian Barnes; A Long Long Way, by Sebastian Barry; The Accidental, by Ali Smith; and On Beauty, by Zadie Smith.
Não conheço a obra de Banville, nem o livro com que Julian Barnes estava em competição. Mas era este último o meu favorito. McEwan já ganhou em 98 (Amsterdam) e Ishiguro em 89 (The Remains of the Day). Barnes nunca venceu o Booker e, do que eu conheço, já merece desde England, England.
Isto ultimamente tem sido só derrotas. Nem um mandato popular numa eleição autárquica compensa o que mentes mais dadas às previsões dos astros (tal qual aparecem em publicações menos eruditas) já me vinham avisando.
FMS
sexta-feira, outubro 07, 2005
Será D.Sebastião, o homem-do-leme ou o super-homem?
Não! É o Jaquinzinhos que regressa.
Enhorabuena!
FA
Adenda : O JCD agora escreve no Blasfémias. Mas, garantem-nos, continua sulista, sportinguista e liberal. Let's keep it that way!
quinta-feira, outubro 06, 2005
Enquanto o Sporting… enfim… do lado de lá do Atlântico o meu Náutico de Capibaribe deu mais um passinho a caminho da Série A. Vingou-se da Portuguesa e ganhou, de virada, em São Paulo. 1x2 placar final.
FA
quarta-feira, outubro 05, 2005
ou
MAIS UM CONVITE IRRECUSÁVEL
For those who are LGBT or just interested
Tonight the Queer Stagaires group has its weekly drink again so if you are LGBT or LGBT friendly: come and join!
(To be included on the mailing list go to:
http://groups.yahoo.com/group/QueerStagiaires)
Where: bar Le Duplex, Place de la Vieille Halle aux Blés (near Manneken Pis)
When: this Thursday (today), September 22nd from 10 pm
Warning: last Saturday Le Duplex was closed for exceptional reasons. If this is still the case, we will gather at bar Plattesteen, at the crossing of rue Lombard and rue Marché au Charbon.
For new people: most of the times we are easily to recognise as a group of "young Europeans". But if you want, you can send me a private e-mail and I will give you my mobile phone number.
JV
sábado, outubro 01, 2005
Acabado de aterrar em Londres chega a confirmação das notícias ouvidas durante o vôo no serviço de rádio da BBC: novos atentados terroristas em Bali.
Para além do natural alívio de ter escapado, mais uma vez, às bombas, sobra a tristeza de ver um povo tão amigável como os Balineses sofrerem às mãos de um punhado de fanáticos. Os lugares por nós visitados nos serviços noticiosos pelas razões erradas...
O terror não tem critério. Os terroristas não podem ter descanço.
FA