Pressing needsO
Gabriel ficou
espantado pela decisão de Rui Rio de controlar o acesso da Comunicação Social a determinadas informações e tomadas de posição por parte dos agentes camarários pelos quais ele, Rui Rio, é responsável política e eticamente.
Em primeiro lugar confesso que não tenho conhecimento dos detalhes desta medida nem como é que vai funcionar na prática. Ainda assim, e perante a
singela notícia do JN sobre a actuação de Rui Rio, permito-me estranhar o espanto do Gabriel e dos restantes “media” já que nada me fez concluir pela natureza censória da mesma.
Talvez por viver num país em que a relação com os “media” é altamente valorizada, programada, controlada e, sobretudo, preparada, desabituei-me de ver advogados a falar nos vãos de escada dos tribunais sobre matérias em segredo de justiça, notícias de primeira página sobre escândalos políticos improváveis (e subsequentemente improvados) baseados em fontes secretas irreveláveis, rumores de corredor baseados em meias respostas de políticos a fugir de jornalistas, suposições pessoais a justificar artigos de opinião infindáveis sobre matérias irrelevantes, sei lá, habituei-me a uma imprensa de qualidade e rigor (os tablóides ingleses não se interessam por política e muito menos por política local a menos que envolva agressões a “traffic wardens” ou atribuições de benefícios sociais a quem não merece).
Como é óbvio, a imprensa portuguesa habituou-se a manipular, manietar, controlar e produzir a informação a seu bel prazer. Em Inglaterra, ao contrário, há regras rigorosas sobre o segredo de justiça (quem publica informações confidenciais pode ver os seus jornais suspensos) e, a par da rigorosa e célere aplicação da lei, os próprios sujeitos das notícias aprenderam há muito a negociar, modelar e influenciar a produção de notícias que lhes digam respeito.
O que seria dos jornalistas portugueses se tivessem de lidar com os técnicos de relações públicas e adidos de imprensa (que aqui são profissões a sério pagas a peso de outro) das entidades públicas ou companhias inglesas (para já não falar das americanas!). Provavelmente morreriam à míngua de material informativo ou mudavam de profissão.
Quer-me parecer, observador distante e desinteressado, que o que Rui Rio está a fazer é lançar um desafio ao mercado da informação. Iremos agora ver quem é capaz de lhe responder e assim elevar a qualidade do serviço aos consumidores. Criticar só o método de relação com os “media” na ausência de uma medida de censura inequívoca ou de legalidade duvidosa (o que, repito, não me parece ser o caso) não vale. Cheira a facilitismo e sensacionalismo. Sei que o Gabriel nunca defenderia tais valores.
FA